Mesmo sem a pretensão de ser um romance histórico sobre a Segunda Grande Guerra, a nova obra literária de Carlito Lima, “Marina Butterfly”, supera os propósitos do gênero, ao exercitar a imaginação do leitor, ao tempo que preserva a história do povo alagoano. Em seus 11 capítulos, o cenário belicoso é o pano de fundo para o envolvimento entre alagoanas e soldados norte-americanos, que desembarcaram em Maceió, na década de 1940, para ocupar uma base aérea da Aviação Naval dos EUA, instalada em Alagoas. O romance mistura ficção à realidade e resgata o “painel vivo de uma época”, como bem expressa o jornalista e escritor, Maurício Melo Júnior, em seu prefácio.
O livro será lançado na sexta-feira (7), das 17h às 21h, na Choperia Caatinga Rocks, no Mercado das Artes 31, no bairro de Jaraguá, em Maceió. Com 10 recortes noticiosos, publicados entre as décadas de 1930 e 1940, sobre a guerra que se alastrava pelo mundo, a obra atualiza os fatos, que fizeram do Nordeste ponto estratégico na observação do Atlântico Sul, especialmente na base aérea de Natal (RN), e em outras menores, ao longo da costa nordestina. O relato resgata uma Maceió dos anos de 1940, que abriga o trio formado pela protagonista, Marina, e suas duas amigas, Nazaré e Francesca, estudantes do tradicional Colégio Santíssimo Sacramento.
“O romance abrange as histórias de amor dessas três jovens e a narrativa acompanha, ao longe, a estupidez da guerra, cujo desenrolar é transcrito paralelamente como manchetes de jornal, incluindo a participação da Força Expedicionária Brasileira (FEB), que lutou nos campos da Itália. A narrativa principal é a transformação dessas três adolescentes em mulheres fortes e decididas; suas vidas e seus amores”, conta Carlito.
O livro se desenvolveu a partir do conto de mesmo nome, publicado anteriormente por Carlito, inspirado na ópera “Madame Butterfly”, do compositor italiano, Giacomo Puccini. A paixão e o envolvimento entre Marina e o tenente americano, Pinkerton – que veio à capital de Alagoas comandar a base aérea de blimps, pequenos balões dirigíveis, e patrulhar o litoral nordestino -, faz referência ao drama operístico, que se passa no Japão do século XIX. “As coincidências com a ópera praticamente terminam por aí, afinal estamos em Alagoas, onde as soluções são bem mais belicosas e passionais que no Japão”, explica Melo Júnior.
Quinto romance de Carlito Lima, “Marina Butterfly” coroa uma carreira literária, iniciada aos 60 anos de idade e conduzida com maestria pelos gêneros narrativos, romance e crônica. “Carlito, observador arguto, nos conduz por becos que contornam a história oficial, nem sempre tão verdadeira quanto defendem seus praticantes. E é com prazer, que podemos passear pelo cotidiano de um tempo de intensidades não tão ingênuas como pode estabelecer nossa vã imaginação. A prosa de Carlito é puro humor e picardia”, conclui o autor do prefácio.