O município de Marechal Deodoro (AL) resgatou uma manifestação religiosa e cultural, que remonta à época do Brasil colônia. Durante os eventos que marcam a Semana Santa, a cidade realiza a Procissão do Fogaréu, celebrada de Quinta para Sexta-feira Santa, a partir das 23h. Às portas do antigo Convento Franciscano, um enorme número de pessoas aguarda o cortejo, que percorre o centro histórico em busca de Jesus Cristo. Em 2025, a Semana Santa tem início neste domingo (13) e se encerra no domingo (20).
Uma das características marcantes do Fogaréu é a ausência de luz, que causa comoção e angústia. Por volta das 17h30, a iluminação pública é nas ruas pelas quais a procissão irá percorrer. No adro conventual, começa a procissão ao primeiro toque da matraca – instrumento de percussão, que produz uma série de estalidos. Da casa de Maria Madalena, saem as figuras macabras dos farricocos, que fazem o papel de soldado romano e guarda judaica.
A palavra farricoco tem origem no português arcaico. Refere-se à pessoa responsável por levar, nos ombros, o caixão dos mortos durante os enterros. Não se sabe por que a palavra foi usada para denominar os penitentes encapuzados. São cinco tipos de farricocos, que se distinguem pela cor do cone, ou do véu, e exercem funções específicas dentro do cortejo. Marechal voltou a realizar o Fogaréu desde 2022.
Os farricocos de véu roxo são os “batedores”. Eles vão à frente da procissão e são responsáveis por tocar as matracas. Já os de véu vermelho são responsáveis por levar os objetos da Paixão; dentre eles, a cruz, os cravos, a coroa de espinhos, a lança, o galo, o estandarte com a sigla do império romano (SPQR). Os farricocos de véu branco arrastam correntes pelas ruas, causando efeito visual e auditivo. E os de cone preto iluminam o percurso com tochas.
O ponto alto do cortejo se dá em frente à Prefeitura, quando ocorre a prisão de Cristo. Um sacerdote, em uma das janelas do antigo prédio histórico, profere o sermão acerca da captura. Ao fim da pregação, os farricocos de cone roxo saem com a imagem de Jesus preso. Nesse momento as matracas “cantam” para anunciar o ocorrido. A procissão retorna ao convento, onde se encerra. A meta do município é tornar a manifestação mais rica a cada ano, não somente do ponto de vista estético, mas, sobretudo, no sentido religioso e espiritual.