Mais uma vez, a 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas 2023 brinda o público com uma grande mesa-redonda, no final da manhã desta sexta-feira (18), na Sala Jatiúca. “Em defesa da Língua Portuguesa” foi o tema do debate com os professores Húdson Canuto e Moezio de Vasconcellos.
O evento – promovido pela Academia Brasileira Rotária de Letras (Abrol) e mediado pela advogada Marly Ribeiro, presidente da Secção Alagoas da Abrol -, contou também com a participação dos escritores Jorge Soares, José Malta e José Coelho Neto, representantes da Abrol e da Academia Santanense de Letras, Ciências e Artes (ASLCA).
Húdson Canuto iniciou sua fala com a leitura do soneto “Língua Portuguesa”, de Olavo Bilac, para tratar da complexidade do português.
“A proposta desse encontro é uma defesa da língua portuguesa. Mas de que a devemos defender? De quem? Quem seriam os agressores dessa flor do Lácio, dos quais mereceria defesa? A história de nossa língua demonstra claramente que ela é um organismo vivente, sujeito às vicissitudes do tempo, dos costumes e dos usos”, expressou Húdson Canuto, professor de Latim e de Língua Portuguesa do Instituto Federal de Alagoas (IFAL), ponderou.
A mesa-redonda discutiu o português com base nos estudos e na extensa vivência docente dos professores convidados. Moezio de Vasconcellos, professor do curso de Direito da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), recordou a experiência num simpósio universitário.
“Eu fui convidado pelo quarto ano do curso de Letras para um simpósio. Hoje, os estudantes não sabem mais os casos da língua latina. Estou me reportando porque o conferencista, desse dia, no simpósio, disse ‘na língua portuguesa, o único caso que herdou do Latim foi o Vocativo’, contou “Aquilo me deu um mal estar. Eu deixei passar, mas, na minha fala, disse aos alunos que eles precisam entender de Linguística, de Semântica, de Semiologia”, relatou Moezio de Vasconcellos.
“E completei ‘na Língua Portuguesa, nós temos o Nominativo, que é o caso do sujeito; nós temos o Genitivo, que hoje é o complemento nominal; nós temos o Dativo, que é o caso do objeto indireto; nós temos o Acusativo, que é o caso do objeto direto; nós temos o Ablativo, que caso das preposições, e temos o Vocativo, que é o caso do chamamento. Como vocês estão vendo, na língua portuguesa, nós temos os seis casos da língua latina’”, contou.
Húdson Canuto falou das transformações pelas quais o português passou, mas explicou que se trata da mesma língua portuguesa sempre. Defendeu, também, o legítimo dono do vernáculo, o usuário da língua.
“Cada geração terá conceitos e pré-conceitos sobre o que venha a ser a língua melhor. Mas uma coisa deve ficar assentada: o processo de mudança da língua é um fator social, quer dizer, são os usuários da língua que operarão as alterações mais oportunas. A língua é como um cavalo bravo, não aceita cabresto, nem rédea, nem sela, e não haverá grupo político ou ideológico que lhe poderá domar a fúria indômita. Só o povo, verdadeiro dono da língua, será capaz de fazê-la mudar, jamai um grupinho. Esses passam, mas a língua fica e lhes sobreviverá”, concluiu.
Uma resposta
Mas aí eu me pergunto: A lei que instaura uma língua oficial não será um “cabresto” ? Uma vez que impõe a forma como as palavras e orações devem ser escritas e faladas ?