quinta-feira, 24 de abril de 2025 – 16h51

‘Mostra do Orgulho Autista’ reúne obras de jovens autistas entre 13 e 22 anos de idade

‘Devemos remover as escamas de nossos olhos’, explica Daniel Nicácio, ao apresentar esculturas, pinturas e desenhos de sua autoria
Foto: Lula Castello Branco / Agência NC
O grupo apresenta suas obras, de escultura em porcelana biscuit a desenhos e bijuterias Fotos: Lula Castello Branco / NC

Na tarde ensolarada deste sábado (30), um grupo de jovens autistas, entre 13 e 22 anos de idade, apresentou suas obras ao público presente na Arena Soccer, no bairro São Jorge. A ‘Mostra do Orgulho Autista’ reuniu desenhos, esculturas, pinturas, vídeos, pipas e bijuterias, em meio ao amistoso de futebol, entre torcedores regatianos e azulinos, promovido por pais e mães de crianças e adolescentes autistas de Maceió.

Daniel Nicácio, 22 anos de idade, que, desde os três anos, já demonstrava pendor artístico ao produzir esculturas e, com seis, desenhava, explicou o real significado do fazer artístico para ele, um jovem autista, que também é um rigoroso pesquisador dos objetos de sua própria arte, dos materiais e das histórias, de fatos e lendas por trás deles. 

Foto: Lula Castello Branco / Agência NC
Daniel Nicácio e sua mãe Cláudia Nicácio, com as pinturas a óleo, mais uma das habilidades artísticas do jovem

“Eu me sinto expressivo. Mas, francamente, eu não tenho palavras e nem preciso dizer, porque o que importa é eu mostrar isso e querer que as pessoas vejam ou possam reconhecer. Não é somente fazer algo detalhado para ser bonito e chamar as pessoas, mas, sim, para que isso possa abrir os olhos para uma nova perspectiva, que não é nova, mas antiga, que precisa voltar a ser vista. Como é dito ‘devemos remover as escamas que estão na frente dos nossos olhos’. Não é só uma nova visão, mas algo que os nossos olhos estão cobrindo, que é algo além do material, além do que é visto, aquilo que é desconhecido, que já foi conhecido, o sobrenatural e o espiritual invisível aos nossos olhos”, explanou o artista. 

Foto: Lula Castello Branco / Agência NC
Grupos de pais e mães de crianças e jovens autistas se reúnem para confraternizar em amistoso de futebol regatiano e azulino

Além da exposição dos trabalhos, o maior objetivo do encontro é promover a interação entre jovens autistas, estimular a sociabilidade e o desenvolvimento de aptidões. Conforme pontuou Cláudia Nicácio, mãe de Daniel – que criou um grupo de WhatApp para estimular a relação entre os jovens – com o correto aparato pedagógico e o estímulo intelectual adequado, pode-se desenvolver habilidades e sociabilidade em pessoas do Transtorno do Espectro Autista (TEA).

“Quando eles crescem, eles não têm grupos. Eu comecei a procurar mais jovens autistas para que se criasse um vínculo. Como o Daniel já fazia escultura, conversei com os pais para a gente fazer exposições e agregar. Fiz um grupo de WhatsApp, onde eles interagem bem. Com isso, vários pais falaram que os filhos se desenvolveram muito. A intenção real é mostrar para os outros pais a possibilidade de interação entre eles e com as demais pessoas. Eu vejo assim, cada um com a sua especificidade, se o autista for bem estimulado e tiver acesso a trabalhos decentes, com profissionais capacitados, com a técnica adequada, no tempo adequado, eles conseguem se desenvolver, terminar os estudos, mas sempre com o amparo da família”, disse Cláudia Nicácio, que se auto intitulou “caçadora de autista”.

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