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quarta-feira, 6 de novembro de 2024 – 14h22

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A Turista Gaúcha

Histórias do Velho Capita
Foto: KristinaPaukshtite/Pexels

O Casal sessentão todo ano planeja e realiza uma viagem internacional. Boa situação financeira, aproveitam a vida, ainda ajudam seus dois filhos e netos. Esse ano resolveram conhecer a Escandinávia, José Paulo e Tereza há três meses que estudam pelo Google o roteiro, as cidades, costumes, histórias da Dinamarca, Suécia e Finlândia. Seriam 21 dias organizados pela agência de turismo. Faltavam poucos dias para a viagem, Tereza organizada, metódica, já havia arrumado as malas, checado passagens, passaportes, vouchers.

José Paulo naquela tarde ensolarada passou no hotel para comprar euros. Era pouco mais de duas da tarde quando a moça da loja de câmbio vendeu-lhe 3.000 euros. Depois de conferir, colocou-os cuidadosamente dentro de um envelope, dobrou-o e enfiou no bolso da calça. 

Na saída do hotel, uma jovem, aparência simplória, chegou-se perto perguntando com sotaque sulista onde ficava o Mercado de Artesanato. José Paulo, gentil, ofereceu-lhe uma carona, era seu caminho. Atravessaram a rua, entraram no carro. A jovem agradeceu a gentileza, ele percebeu o decote generoso da gaúcha, o sangue ferveu na veia. Simpática, 

Vera Lúcia conversou bastante, estava hospedada com duas amigas no hotel, vieram para o Congresso de Enfermagem. Tinha adorado as praias, a cidade, o povo hospitaleiro, ficaria até domingo, não sabia se havia tempo para conhecer tantas praias bonitas.

Ao chegar na Feirinha de Artesanato da Pajuçara, José Paulo freou o carro. A jovem olhou-o nos olhos, perguntou se gostaria de dar uma volta, mostrar-lhe as praias, ainda era cedo. José Paulo, encantado com a moça, aceitou a sugestão já com outra intenção. Partiram para o Litoral Norte, conversando, sorrindo, de vez em quando Vera Lúcia soltava uma piadinha provocativa, segurou de leve a mão do coroa. José Paulo mostrou as praias, Jacarecica, Guaxuma, Riacho Doce, Ipioca, ela fotografava tudo. Em Paripueira sentaram numa barraca beira-mar, cervejinha gelada, conversa descontraída. Certo momento Vera Lúcia segurou a cabeça do coroa com as duas mãos, beijou-lhe a boca, ele perdeu a cabeça. 

Pagou a conta do bar e partiu para região de motéis de Jacarecica. Embaixo daquele simples vestido havia um corpo sensual, deixou José Paulo louco. Aconteceu uma bela e voluptuosa tarde de amor, inesperada. Ao entardecer ele deixou Vera Lúcia na Feirinha de Artesanato, marcaram encontro, dia seguinte às 15 horas no hotel. O sessentão partiu alegre lembrando os carinhos quentes da jovem, loucura também é preciso, pensava.

Entrou em seu belo apartamento ao tirar a roupa para um banho e vestir um pijama, sentiu a falta do envelope, colocou a mão no bolso, percebeu que tinha sido roubado. Veio-lhe a imagem da gaúcha com cara de menina tola. Desceu no elevador, dirigiu ansiosamente até o hotel. Na portaria perguntou por Vera Lúcia, uma hóspede, jovem, gaúcha, fazendo o Congresso de Enfermagem. A atendente procurou no computador, não havia essa hospede e nem sabia desse Congresso. José Paulo, fulo de raiva, retornou ao apartamento.

Ao chegar, Tereza tomava banho, foi perguntando.

– “Comprou os euros, José Paulo?”.

-“A loja de câmbio do hotel só abriria às 3 horas, eu fui ao shopping fazer hora, me demorei quando passei no hotel já havia fechado o câmbio, amanhã eu compro, logo cedo.”

– “Você não toma jeito, é a velhice chegando. Qualquer dia perde a cabeça na rua!”

– “Perdi a cabeça, é verdade.” 

-“Na transa mais cara do mundo”, (disse para si mesmo)

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