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segunda-feira, 14 de outubro de 2024 – 08h36

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Os ‘7 de Setembro’ de 2024

Dia da Independência do Brasil mostra o panorama de um país desgastado e dividido
A bandeira do Brasil esgaçada - Foto: GettyImages

As comemorações pelos 202 anos da Independência do Brasil, carregadas das cores verde e amarelo, apresentam o panorama de um país desgastado e dividido. A nação brasileira pôde testemunhar dois “7 de Setembro” neste 2024.

De um lado, o desfile cívico-militar na Esplanada dos Ministérios, em Brasília (DF), com a revista das tropas pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na presença de um público enxuto e de um cortejo de autoridades do mundo político e jurídico.

De outro lado, a manifestação popular na avenida Paulista, em São Paulo capital, lotada de pessoas, cartazes e autoridades políticas, sob comando do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Em Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu sozinho o tradicional desfile cívico-militar, em carro aberto, ao longo da Esplanada dos Ministérios. A primeira-dama, Janja Lula da Silva, faltou à cerimônia do 7 de Setembro, porque, segundo informações do Palácio do Planalto, divulgadas à imprensa durante o evento, ela se encontra no Catar, para a “Celebração do Dia Internacional para Proteger a Educação de Ataques”. Janja só discursará na segunda-feira (9).

O evento esteve dividido em três grandes eixos: a Presidência do Brasil no Grupo dos 20 (G20), a reconstrução do Rio Grande do Sul e a ampliação dos serviços de saúde. O desfile mobilizou 8.812 participantes. As estimativas apontaram um público de cerca de 20 mil pessoas. O quantitativo não chegou a lotar as arquibancadas do local e deixaram vazias as áreas aos redor da Esplanada dos Ministérios.

Na tribuna, o chefe do Executivo, ao lado  do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, e de representantes das Forças Armadas, fez a revista das tropas. O presidente estava rodeado por parte de seu corpo de ministros, entre eles, o da Justiça e Segurança, Ricardo Lewandowisk, o dos Transportes, Renan Filho, e o da Defesa, José Múcio.

O presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, participou do evento. Já o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, alegou não poder comparecer ao desfile devido a compromissos de campanha em Alagoas, sua terra natal. O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), esteve presente ao evento.

Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) acompanharam o presidente da República na tribuna de honra. Entre os demais magistrados, estiveram no evento o presidente da Corte, o ministro Luís Roberto Barroso, e os ministros Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e Edson Fachin.

O mascote Zé Gotinha desfilou em carro aberto, e 31 atletas olímpicos fizeram o cortejo em solo, carregando uma tocha simbólica, em referência ao Fogo Olímpico. Além de representantes das Forças Armadas, das forças policiais do país, do Corpo de Bombeiros, dos Correios, do Serviço Único de Saúde (SUS) e da Defesa Civil Nacional.

Entidades da sociedade civil, que auxiliaram o RS nas enchentes, responsáveis pela devastação do estado, participaram do desfile. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) havia sido convidado pelo Palácio do Planalto. Após polêmicas acerca da participação do MST no desfile do 7 de Setembro, o convite foi retirado.

O governo Lula passa por mais um desgaste recente. Na sexta-feira (6), o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, foi exonerado do cargo após denúncias de importunação sexual à ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e de assédio sexual a outras mulheres. As imputações foram divulgadas pela ONG Me Too Brasil. Após a demissão do colega, Franco confirmou a importunação, que teria ocorrido quatro meses antes. Almeida nega as acusações.

Na Paulista

O 7 de Setembro na Avenida Paulista, em São Paulo, palco histórico de manifestações populares, foi comemorado com discursos no carro de som do ex-presidente Jair Bolsonaro. Com um público expressivo de milhares de pessoas, os cartazes e as bandeiras verde e amarelo se aglomeraram ao longo dos 2,7 km de extensão da avenida.

A manifestação, convocada pelo espectro político da Direita no país, teve como principais pautas a defesa da liberdade de expressão, o pedido pelo impeachment do ministro do STF, Alexandre de Moraes, e a anistia aos mais de 2 mil presos pelo protesto ocorrido, na Esplanada dos Ministérios, em 8 de janeiro de 2023.

Além do próprio Bolsonaro, discursaram, ao lado do ex-presidente, os deputados federais Eduardo Bolsonaro, Bia Kicis, Júlia Zanatta, Nikolas Ferreira, Gustavo Gayer, além do senador Magno Malta, todos eles do Partido Liberal. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o pastor Silas Malafaia também participaram do evento e proferiram discursos.

A manifestação foi convocada no ensejo do 7 de Setembro, após o ministro Alexandre de Moraes determinar o bloqueio da rede social X (antigo Twitter) no Brasil e prever multa diária de R$ 50 mil ao usuário que acessar a plataforma por meio de Virtual Private Network (VPN).

O magistrado intimou o dono da rede, Elon Musk, a nomear um novo representante legal no Brasil, para o cumprimento de ordens legais anteriormente proferidas por ele. O empresário alega ter retirado o escritório do Brasil após ameaça de prisão da diretora do X no país. Os serviços do X, contudo, permaneceram ativos até a suspensão da rede, no sábado (31 de agosto).

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