Um protesto promovido por um grupo de mães de Pessoa com Deficiência (PcD) foi realizado nesta quinta-feira (21), no Centro de Maceió, em frente à Assembleia Legislativa do Estado (ALE). A manifestação ocorre no Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência e apela para a melhoria no acesso aos serviços de saúde e assistência social.
O grupo, denominado “Linha do SUS”, que conta com o perfil @e_sobre_autismo_papocompaula, na rede social Instagram, tem cerca de 100 associados, pais e mães de crianças e jovens com patologias variadas e necessidades especiais múltiplas. Dentre elas, Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), microcefalia e déficits cognitivos, que levam ao uso de cadeiras de rodas.
Com uma vasta pauta de reivindicações, que inclui desde o acesso a fraldas até o acompanhamento em sessões terapêuticas e a presença do auxiliar de sala, o grupo se uniu para abraçar, por meio de iniciativas sociais variadas, a linha de cuidados do SUS, direcionada à PcD, e tentar promover mudanças. Paula Marques, uma das organizadoras do movimento, explicou o objetivo da manifestação.
“Falta medicamento, mediador escolar, fonoaudiólogo, terapeuta, psiquiatra. O Cora demora quase seis meses para chamar as mães. Não temos uma assistente social para abraçar as mães. Conheço mães que têm depressão e ansiedade. Elas não conseguem sair de casa. Estão com os filhos da linha dois, que o autista de 12 anos em diante, em casa, sem terapia, à base de remédio. Eles se mordem, eles se batem, elas estão desesperadas”, alertou ela, que é mãe de duas crianças com autismo, uma de cinco anos e outra de três anos de idade.
Daniela Pimentel, estudante de direito, que acompanha os assuntos relacionados aos direitos humanos e conhece a problemática das mães de crianças com deficiência, pondera sobre o papel do poder público na implementação de políticas eficientes.
“Quando a gente deixa essa população à míngua, se está expondo toda a sociedade que paga impostos. O que os governantes estão esperando? O que os operadores do Direito estão esperando? Quem legisla está à espera da sociedade? Porque todos nós temos filhos. Isso é um problema, não só de cunho social, mas de saúde pública. Peço, como estudante de Direito, que se tenha um olhar mais altruístico para essas pessoas, porque elas fazem parte da sociedade. Digo como cidadã que vota e que contribui com o Estado e com a Nação pagando imposto”, ressaltou ela, que foi conciliadora voluntária da 14ª Vara Federal.
Aline Rodrigues, secretaria de Estado da Cidadania e da Pessoa com Deficiência, falou das ações, na esfera estadual, direcionadas ao grupo com necessidades especiais. “A Secretaria de Estado da Cidadania e da Pessoa com Deficiência (Secdef), desde que foi criada, em janeiro deste ano, vem atuando de forma incansável para a implementação de políticas públicas voltadas às pessoas com deficiência. Em abril, lançamos a Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (CIPTEA) e o Censo Estadual da Pessoa com Deficiência, que está aberto e pode ser respondido online através do nosso site (secdef.al.gov.br)”, explicou a titular da pasta.
Tratou, ainda, do compromisso do Governo do Estado com o desenvolvimento de políticas intersetoriais voltadas à PcD. “Estamos realizando, também, um mapeamento das instituições que atuam no atendimento e na defesa da pessoa com deficiência, além de diversas ações em paralelo e em parceria com outros órgãos do poder público, do judiciário e da iniciativa privada, todas voltadas para o anticapacitismo, para a promoção da acessibilidade, da visibilidade e da inclusão dessa parcela da população na sociedade. O Governo de Alagoas tem esse compromisso e nós vamos fazer o que estiver ao nosso alcance para cumpri-lo pelo bem da população do nosso estado”, afirmou Aline Rodrigues.
A prefeitura de Maceió publicou algumas das ações desenvolvidas pela Coordenação dos Direitos da Pessoa com Deficiência, da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas). Dentre elas, live educativa , no canal oficial da prefeitura, que tratou da garantia, pelo poder público, dos direitos às pessoas com deficiência; cartão de vacinação em braile; adequação dos equipamentos sociais às necessidades das pessoas com deficiência; e o benefício de Prestação Continuada (BPC) de Maceió.