O trabalho de iniciação científica “Análise do baixo peso ao nascer nos últimos dez anos em Alagoas – Brasil”, da pesquisadora, estudante de medicina e terapeuta Ayurvédica, Alice Cabús, traçou o panorama da condição clínica de crianças com Baixo Peso ao Nascer (BPN), na última década, em Alagoas, e apontou os caminhos para políticas públicas na área da Saúde. O BPN predispõe à mortalidade e à mobilidade, sendo responsável por cerca de 80% das doenças e disfunções neonatais. Quando ficam adultos, esses recém-nascidos têm mais predisposição a doenças crônicas.
A pesquisa foi apresentada em 4 de novembro, na SEMPEX AFYA 12º Semana de Pesquisa e Extensão 2024, promovida pelo Centro Universitário de Maceió (UNIMA). O estudo faz parte do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Probic), sob orientação do Prof. Dr. Antônio Fernando Xavier Junior e da Profª Dra. Alba Maria Bomfim de França, com participação do pesquisador voluntário, Carlos Sousa de Almeida. A pesquisa considerou as variáveis maternas e as variáveis relacionadas ao neonato, como mães com idade menor que 20 anos ou maior do que 30 anos; gestações gemelares, triplas ou mais; duração da gestação menor que 37 semanas, nascidas de parto vaginal.
“Fizemos duas análises distintas e combinamos elas duas. Uma regressão logística, com marco de 2022, para fazer essa associação. Com esses dados, fizemos uma distribuição temporal, analisando todos os dados colhidos nos últimos dez anos e a crescente deles no tempo”, explicou Alice Cabús, que cursa o 5º período de medicina e pretende trabalhar com Saúde da Mulher, especializada em ginecologia e obstetrícia.
Entre outras constatações, o trabalho evidenciou que, de 2013 a 2022, em Alagoas: 1) as mulheres têm tido filhos mais tarde, o que é positivo para o BPN; 2) há menos partos prematuros no estado e uma forte associação ao BPN a gestações abaixo de 37 semanas; 3) o número de consultas pré-natal tem aumentado, tendo relação ao BPN o número menor de 4 consultas; 4) tem ocorrido mais parto cesária; 5) o grau de escolaridade tem aumentado entre as mulheres, embora não haja uma relação ao BPN.
Além disso, a pesquisa mostrou ainda que, no estado, 6) nasceram mais crianças do sexo masculino que feminino; 7) nasceram mais crianças pardas que de outras raças; 8) crianças do sexo feminino, assim como as das raças brança e amarela, estão mais relacionadas ao BPN; e 9) o teste de Apgar, que permite avaliar a saúde global do recém-nascido, com valores abaixo de 8, em 1 minuto e 5 minutos de vida, foi vinculado ao BPN, mas mantém-se estável ao longo de 10 anos.
“Num contexto geral, vimos que as variáveis estudadas têm melhorado ou se mantido estáveis de 2013 a 2022. Nós identificamos associações para o BPC e observamos as curvas de tendências ao longo desses anos. Foram analisadas mais de 10 vertentes. Isso é um desenho para serem iniciadas políticas públicas em saúde”, esclareceu a pesquisadora. “O que ainda leva o Estado de Alagoas a ter esses números? Como o estado tem se apresentado diante dessa associação? Tem feito alguma coisa?”, questionou Cabús, que também é instrutora de meditação e mindfulness, além de fundadora do Instituto ISPRANA.