sexta-feira, 25 de abril de 2025 – 06h30

Projeto alagoano desenvolve estratégias para enfrentar poluição de plásticos nos oceanos

Pesquisa do Cesmac monitora cadeia produtiva do plástico e envolve mais de 60 pesquisadores
Pesquisadores do projeto alagoano Oceanos de Plástico, em atuação - Foto: Divulgação/Cesmac

Margeada por um dos mais belos litorais do Brasil, Alagoas desenvolve um estudo que monitora a cadeia produtiva do plástico, integrando estratégias para enfrentamento da poluição dos oceanos. Aprovado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o Projeto de Pesquisa Oceanos de Plástico, do Centro Universitário Cesmac, reúne mais de 60 pesquisadores de diversas instituições de ensino, nacionais e estrangeiras, sob a coordenação do Prof. Dr. Jessé Marques Pavão, do Programa de Pós-Graduação em Análise de Sistemas Ambientais, do Cesmac. 

A partir da compreensão de que a reciclagem linear do plástico é pouco valorizada, o projeto visa diminuir a poluição marinha e de outras áreas alagadas, como mangues e lagoas, por meio da definição de estratégias de descarte e reciclagem do lixo plástico oceânico, reforçando o foco da pesquisa em sustentabilidade. “É incontestável a gente olhar para o nosso modo de vida e entender, ou tentar entender, por que a gente gera tanto resíduo. Isso foi a minha motivação principal”, explicou Pavão, em entrevista à TV Pajuçara, na série de reportagem “Operação Oceano”, de 2024.

Como uma das iniciativas do projeto, alunos da instituição de ensino recolhem os plásticos em áreas demarcadas das praias de Alagoas, para levantamento da poluição oceânica. “A gente recolhe todo o plástico que está na linha demarcada para que a gente tenha uma amostra significativa do que está sendo emitido para o oceano, que vem do continente ou de maus hábitos da própria população. A gente acha de tudo, bitucas de cigarro, cápsulas de café, haste de cotonete, haste de pirulito”, destacou o pesquisador.

O projeto destina o material recolhido para reciclagem, resultando em macromoléculas versáteis, denominadas polímeros, que entram em 30% na produção de artefatos de concreto, como cobogós, que são esquadrias capazes de adquirir desenhos variados. “Muitos dos cobogós vão ser inspirados em filé de bordado, que é um artesanato local, com identificação geográfica”, ressaltou Pavão. A pesquisa conta com a parceira da startup alagoana PoliConcret, voltada à sustentabilidade e inovação, especializada na produção de concreto, com adição de polímeros plásticos.

Professor Jessé M. Pavão (centro-esquerda) e pesquisadodres do projeto Oceanos de Plástico – Foto: Divulgação/Cesmac

Lançado em junho de 2023, o projeto terá duração de três anos. Durante seu desenvolvimento, será pesquisada a interferência de mesoplásticos e microplásticos na cadeia trófica, isto é, na cadeia alimentar de diferentes seres vivos, e o que isso representa para os seres humanos e os ecossistemas marinhos. A pesquisa pretende responder a questões como ‘qual destino final dos plásticos que vão para os oceanos?’; ‘por que estes plásticos vão parar no oceano?’; ‘qual a falha do processo de seleção e captação dos plásticos nos centros urbanos?’.

O estudo envolve estudantes de diferentes áreas, como as de engenharia civil, arquitetura e designer, que se dividem em diversas atividades acadêmicas. A pesquisa é desenvolvida em laboratórios, incubadoras, visitas e coleta de campo, eventos de limpeza nas praias urbanas de Maceió e em outros municípios alagoanos, participação em feiras e workshops, aulas práticas de campo, e ampliação do projeto para região lagunar do estado. 

“Os destinos do lixo plástico nos oceanos é um grave problema ambiental que tem afetado os ecossistemas marinhos em todo o mundo. O plástico nos oceanos se decompõe em microplásticos, pequenas partículas que são consumidas por organismos marinhos, desde os menores até os maiores, como peixes e baleias. Isso pode causar problemas de saúde até a morte dos animais. Os efeitos negativos não se limitam aos animais, mas também aos humanos. O plástico nos oceanos pode alcançar a nossa cadeia alimentar, com os peixes e mariscos que consumimos, ingerindo microplásticos”, descreveu a pesquisa em rede social. 

O Projeto Oceanos de Plástico conta com diversos parceiros acadêmicos, científicos e empresariais, que colaboram para enfrentamento do desafio da poluição plástica nos oceanos. Além disso, firmou convênio com a Organização das Nações Unidas (ONU), em 2023, para a ampliação da influência global da iniciativa brasileira e alagoana. 

Entre os parceiros, destacam-se:

*Universidade Federal de Alagoas (UFAL), com a participação de pesquisadores como Dr. Robson Guimarães dos Santos, Dr. Ricardo J. Miranda, Dra. Ana Cláudia Mendes Malhado, Enio José Bassi e Dr. Richard James Ladle;

*Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), representada pela professora Jarcile Silva;

*Universidade Paulista (UNIP), com contribuição do professor Biagio Giannetti em estudos sobre sustentabilidade;

*Universidade Federal do Ceará (UFC), com atuação da professora Juliana Gaeta em pesquisas sobre poluição marinha.

*Universidade de Lisboa e Universidade do Algarve, em Portugal, colaborando com estudos e soluções inovadoras;

*Universidade Macquarie, na Austrália, contribuindo com perspectivas internacionais sobre a poluição marinha; 

*PoliConcret, empresa que utiliza polímeros reciclados para desenvolver artefatos de concreto sustentáveis, é um dos principais parceiros do projeto.

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