Os prédios Ary Pitombo e Palmares, na praça dos Palmares, Centro de Maceió, devem ser a próxima sede do poder administrativo municipal. A prefeitura de Maceió adquiriu os imóveis na segunda-feira (10), no valor total de R$10 milhões. A transferência deve trazer ao bairro a revitalização tão almejada pela população que trabalha e circula na região, mas os ambulantes da praça dos Palmares veem com apreensão a chegada do poder público pelas prováveis mudanças que serão feitas na área.
Uma das questões trazidas é a possível retirada das bancas e carrinhos, onde se comercializam os mais variados tipos de artigos, de relógio a sulanca. Os serviços também são abundantes, e as barracas de comida se espalham pelo local. A tradicional rua do Comércio está ocupada, há décadas, pelos ambulantes, numa tentativa das gestões municipais anteriores de organizar o comércio informal na região.
Sem muitos frutos, os ambulantes continuam ocupando as ruas do calçadão e adjacências. A presença deles é controversa. Segundo pesquisa encomendada pela Aliança Comercial de Maceió, ao Instituto Fecomércio, em 2021, 28% dos entrevistados consideram péssima a existência de ambulantes pelas ruas do bairro. Apenas 18% avaliam como boa. Os pontos fixos da rua do Comércio e os vendedores de frutas da praça Palmares e da rua da Alegria se distinguem dos vendedores ambulantes espalhados nas demais ruas do Centro. A situação é complexa, e os problemas se repetem ao longo dos anos.
Há 33 anos na praça Palmares, a vendedora de frutas, Dona Célia, questiona a possível mudança no local. “Deveriam fazer um ponto para a gente vender as nossas frutas, onde a população pudesse ter um bom acesso. A sobrevivência da gente é daqui. Temos que arrumar dinheiro para comprar o pão da família”, reflete. Argumento que se repete entre aqueles que defendem a manutenção da comercialização informal no maior polo comercial do estado.
Ainda não foi divulgada a data de mudança da sede administrativa da capital para o bairro do Centro. Estão previstas obras de reforma nos dois edifícios, de antiga propriedade da União, onde operava o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). Abandonados por problemas estruturais desde, pelo menos, 2012, os prédios requerem amplas melhorias para ocupação. Enquanto isso, os ambulantes, que ainda não foram procurados pelos gestores municipais, permanecem em seus locais de trabalho. “Muitos prefeitos já tentaram nos tirar daqui, mas não conseguiram”, salienta dona Célia, com a segurança de muitos anos de vendas nas ruas do Centro. É esperar para ver.