Moradores dos Loteamentos Gurguri e Guaxuma, no Litoral Norte de Maceió (AL), voltam a protestar contra a instalação da Estação Elevatória 02 – Gurgury, em área verde, na entrada de acesso às casas. O ato aconteceu na manhã desta sexta-feira (1º) e foi intitulado “Cortejo do Cocô Instagramável”, em relação aos pontos “instagramáveis”, distribuídos pela gestão municipal, na orla litorânea de Maceió. De acordo com informações levantadas no local, a obra de pavimentação, drenagem pluvial e esgotamento sanitário atenderia aos bairros de Guaxuma, Garça Torta, Riacho Doce e Ipioca.
Com valor orçado em mais de R$ 133 milhões, e participação da Corporação Andina de Fomento (CAF), banco de desenvolvimento da América Latina, os serviços de construção deveriam durar dois anos, mediante início em dezembro de 2023 e de término no mesmo período de 2025. “Quando nos demos conta, após embates com o Estado, quanto à duplicação da pista [AL-101 Norte], que eliminaria nossa área verde, começaram a cavar as ruas, sem informações claras do que seria. De repente nos demos conta que era saneamento e que seria construída no loteamento uma estação elevatória de tratamento de esgoto”, disse uma moradora.
Segundo representantes da comunidade, o projeto previa a implantação da estação de tratamento na Praça Professor Paulo Décio, no loteamento Gurguri, na praia de Guaxuma. Após protestos, a obra foi direcionada ao manguezal de Garça Torta, mas a instalação foi inviabilizada, devido à forte legislação federal de proteção do bioma. Depois que o município decidiu realizar os serviços em terreno de acesso às barracas da praia, área de lazer e comércio local, a população fez novas reclamações.
A Associação dos Moradores dos Loteamentos Gurguri e Guaxuma (AMGG) já havia apresentado um projeto alternativo, assinado por técnico contratado, distante das moradias. A iniciativa não deu resultado: autoridades competentes não teriam se manifestaram sobre o estudo. Na terça-feira (22 de outubro), o Consórcio Litoral Norte iniciou as obras na área verde, próxima à guarita de entrada do condomínio Gurgury. O que levou os moradores a fazer outro protesto pacífico, na manhã de sexta-feira (25 de outubro), na estrada AL-101 Norte.
Outras estações espalhadas pela cidade – como as da Praça 13 de Maio, no bairro do Poço, da Praça Lions, na Pajuçara, e da área verde do Conjunto Arnon de Mello, próxima à feirinha da Jatiúca -, comprometem a qualidade de vida dos moradores e desvaloriza os imóveis no entorno, além de promover barulho e mau-cheiro. “Claro que a cidade cresce e precisa se desenvolver, mas não é tolerável se afetar negativamente a comunidade”, explicou um morador.
O Cortejo
Com cartazes contestando a prefeitura, “JHC, deixe a praia de Guaxuma em paz” e “Cocô não é massa”, em referência ao slogan “Maceió é Massa”, da gestão municipal, os manifestantes marcaram o protesto “Cortejo do Cocô Instagramável”. Os moradores defendem que haja saneamento básico, mas são contra a localização prevista para a elevatória e apontam o crescimento e a especulação de empreendimentos imobiliários no Litoral Norte como motivos da escolha do local.
“Com o crescimento desordenado do Litoral Norte de Maceió, essa instalação forçada sinaliza a continuidade de projetos de edifícios, especialmente aqueles que estão paralisados por falta de licença ambiental ou por lentidão na execução das obras de saneamento. Queremos continuar vivendo em paz, respirando ar puro, longe dos odores e ruídos da manutenção de uma estação elevatória de esgoto desrespeitosamente instalada em frente às nossas casas”, finalizou uma pessoa da comunidade.