Serial killer de Maceió confessa 8 dos 10 assassinatos investigados

O raio de ação do serial killer era cerca de 800 metros de onde residia. As investigações tiveram início após o assassinato de Ana Beatriz, que foi perseguida e atingida por disparos de arma de fogo ao sair de uma arena de esportes. Imagens capturadas por câmeras de segurança e divulgadas pela imprensa local, ajudaram na identificação. Albino foi preso, com mandado de prisão expedido pela justiça.

Durante a operação, no dia 17 de setembro, foram apreendidas uma pistola calibre 380 e um celular, peças essenciais para o desdobramento do caso. As equipes da Delegacia de Homicídios (DHPP) logo fizeram conexões com outros assassinatos ocorridos na mesma região, com características semelhantes, com o mesmo calibre das munições usadas e agindo em um raio restrito, foi uma das chaves para a investigação.

Investigação Policial 

Quanto ao modus operandi do assassino, o delegado Gilson Rego explicou que “ele sempre agia da mesma forma, a maioria das vezes à noite, usando roupas pretas e boné para esconder o rosto. Ele é um predador, um assassino em série, muito frio e calculista”, afirmou o delegado. Todas as vítimas tinham características físicas semelhantes, morenas e geralmente com cabelo cacheado.

A DHPP enviou a arma e o celular apreendidos para o Instituto de Criminalística de Maceió para perícias. Com os exames de balística, realizados pela perita criminal Suely Mauricio, e o cruzamento minucioso de informações confirmaram a ligação da arma apreendida com os 10 homicídios investigados.

“Foi um trabalho de equipe, desde a coleta dos projéteis e estojos nos locais de crime, até a apreensão da arma, o que possibilitou a realização dos exames de microcomparação balística e permitiu identificar, caso a caso, que a arma apreendida foi a mesma utilizada nos crimes”, detalhou Suely Mauricio.

Um laudo pericial com 105 páginas, realizado no celular do serial keller, foi outro passo importante da perícia. Nos dados armazenados foram encontrados vestígios relacionados a outros homicídios. Haviam fotos e nomes das vítimas, armazenados em um calendário com as datas dos fatos marcadas, além de prints de matérias de sites sobre os crimes. Ele chegou até a fotografar uma lápide, que era provavelmente de uma das vítimas.

Charles Mariano, chefe do Instituto de Criminalística de Maceió, pontuou detalhes do exame feito no celular de Albino. Foram identificadas imagens de sobreviventes e possíveis futuras vítimas. “Este caso evidencia a importância da integração entre as forças de segurança, com destaque para a Delegacia de Homicídios e o Instituto de Criminalística.” destacou Mariano.

A arma pertencia ao seu pai, um militar da reserva. Ela será registrada no Banco Nacional de Perfis Balísticos do Ministério da Justiça, para permitir conexões com outros crimes interestaduais. Albino Santos permanece preso e já foi indiciado em três inquéritos policiais por homicídios qualificados. O mais grave caso de homicídios em série na história recente da capital alagoana.

Depoimento do Assassino

Em depoimento, Albino assumiu a autoria de oito dos 10 crimes que foi acusado, disse que as matou porque acreditava que estivessem envolvidas com organizações criminosas. Mas as investigações não apontam qualquer envolvimento das vítimas com nenhuma facção criminosa.

A delegada Tacyane Ribeiro, coordenadora da DHPP desperta para a obsessão do criminoso por jovens, e alertou para os perigos do uso indiscriminado das redes sociais, já que fazia o levantamento das vítimas pela internet. “Este caso serve de alerta para que as pessoas tenham mais cuidado ao compartilhar informações pessoais nas redes sociais, pois ninguém sabe quem está observando”, aconselhou a delegada.

Ela descreveu um dos diálogos que teve com o serial killer durante interrogatório. Albino dos Santos Lima tinha intenção de continuar cometendo os assassinatos em série. “O senhor já tinha alguns alvos planejados para matar?”, perguntou a delegada. Ao que Albino respondeu: “Futuramente, eu iria começar a fazer outros planejamentos e outras execuções”, afirmou.

Defesa

Para o advogado de Albino, Geoberto Bernardo de Luna, em entrevista à Folha, sua tese de defesa é de que seu cliente sofre de problemas psiquiátricos. Segundo ele, o suspeito é portador de uma patologia grave, a sociopatia, e já havia sido diagnosticado com depressão e ansiedade, além de ter sido recomendado que tomasse remédios psiquiátricos.

“Ninguém sabia de nada, mas tinha toda uma estratégia montada por ele. Ele planejava, investigava, calculava, via o local do crime… Fazia toda uma pesquisa, uma logística, para que pudesse agir em seguida. Realmente, ele se sentia como o Charles Bronson em ‘Desejo de Matar’ e contou isso nos depoimentos”, acrescentou o advogado.

Veja os nomes das vítimas, suas idades, profissões e as datas de entrada no IML:

Ana Clara Santos Lima, 13 anos, estudante. Vergel do Lago, Maceió. Entrada no IML: 04/08/2024, às 00:35;
Anna Beatriz Santos Tavares, 13 anos, estudante. Trapiche da Barra, Maceió. Entrada no IML: 27/08/2024, às 06:35;
Emerson Wagner da Silva, 17 anos, estudante. Ponta Grossa, Maceió. Entrada no IML: 22/06/2024, às 03:00;
Louise Gbyson Vieira de Melo, 18 anos, estudante. Vergel do Lago, Maceió. Entrada no IML: 12/12/2023, às 01:30;
John Lenno Santos Ferreira, 20 anos, ambulante. Vergel do Lago, Maceió. Entrada no IML: 18/12/2023, às 22:50;
Mikaele Leite da Silva, 21 anos, do lar. Vergel do Lago, Maceió. Entrada no IML: 29/10/2023, às 23:00;
Débora Vitória Silva dos Santos, 21 anos, ambulante. Vergel do Lago, Maceió. Entrada no IML: 18/12/2023, às 22:50;
Tamara Vanessa da Silva Santos, 21 anos, doméstica. Trapiche da Barra, Maceió. Entrada no IML: 09/06/2024, às 06:42;
Joseildo Siqueira Silva Filho, 24 anos, ambulante. Ponta Grossa, Maceió. Entrada no IML: 08/01/2024, às 21:19;
Beatriz Henrique da Silva, 25 anos, doméstica. Trapiche da Barra, Maceió. Entrada no IML: 15/12/2023, às 19:58.

*Com informações da Gazetaweb.com