Em setembro, comemora-se dois importantes biomas brasileiros. O Dia da Amazônia, no 5º dia do mês, com a criação da província do Amazonas, em 1850, pelo imperador Dom Pedro II, homenagem à mais importante floresta tropical do mundo. E, em 11 de setembro, o Dia do Cerrado, o berço das águas brasileiras, que abriga importantes nascentes, como a do Rio São Francisco, num agraciamento ao ambientalista Ary José de Oliveira.
Mas não há muito o que se comemorar. No Brasil, o número de focos de queimadas, detectados pelo satélite de referência do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (IMPE), de 1º de janeiro de 2000 a 16 de setembro de 2024, somam 3.120.191 pontos de chama e fumaça, em termos quantitativos, sem contar a dimensão da área devastada.
Segundo a Confederação Nacional de Municípios (CNM), em 2024, até o dia 26 de agosto, foram registradas 167 decretações municipais de situação de emergência devido às queimadas. No mesmo período do ano passado, o total foi de 57 decretos. Um aumento de 193% nas declarações.
Dos Biomas, em 2024, o Amazônia foi o mais castigado pelo fogo, com 94.601 focos; seguido pelo Cerrado, com 61.329; a Mata Atlântica, 16.606; o Pantanal, 10.724; a Caatinga, 5.014; e o Pampa, com 349 queimadas. Até a terça-feira (17), foram identificados 188.623 focos, com expectativas negativas e previsão de que, ao final do mês de outubro, haverá labareda e fumaça espalhadas pelo Brasil, em todos os biomas.
Após algumas detenções pela polícia, a maior parte desses incêndios foram iniciados por ação humana, quase sempre proposital e raramente ao acaso. Os interesses pelos minérios e a terra para criação e plantio são as principais causas dos desmatamentos.
Os Biomas nacionais
A Mata Atlântica é a floresta mais devastada do Brasil, restam apenas 24% da reserva original, sendo 12,4% de florestas maduras e bem preservadas, e apenas 9,5% protegida em unidades de conservação. Ocupa aproximadamente 13% do território brasileiro. O bioma está localizado na região litorânea, área ocupada por mais de 50% da população brasileira e abriga diversas espécies animais: 311 répteis, 370 mamíferos, 934 aves, 456 anfíbios, 350 peixes, além de 18.713 espécies de flora. É possível encontrar minérios na Mata Atlântica, como ouro e diamantes, mas a exploração mineral é restrita em áreas de vegetação primária:
O Bioma Amazônia ocupa cerca de 49% do território. Possui a maior floresta tropical do mundo e 1/3 das reservas de florestas tropicais úmidas. Detém 20% das reservas de água e grandes reservas minerais. O delicado equilíbrio de suas formas de vida são muito sensíveis à interferência humana. O fogo neste bioma queima mais de “duas Bélgicas” por ano desde 1985.
Abriga 550 espécies de répteis, 311 de mamíferos, 1.000 de aves, 163 de anfíbios e 3.000 de peixes, com 13.229 tipos de espécies em sua flora. Também é habitada por índios, da natividade brasileira. Apresenta uma grande variedade de substâncias minerais, como ouro, prata, minério de ferro, bauxita, cobre, manganês, cromo, estanho, nióbio, grafeno e tântalo.
O Cerrado, como diz Guimarães Rosa, “é onde manda quem é forte, com as astúcias. Deus mesmo, quando vier, que venha armado!”. Localizado, principalmente, no Planalto Central brasileiro, ocupa cerca de 24% do território. Reconhecida como a Savana mais rica do mundo em biodiversidade, manteve-se se quase inalterado até os anos de 1950.
A partir da década de 1960, com a transferência da capital do Rio de Janeiro para Brasília, uma nova rede rodoviária favoreceu à pecuária e à agricultura intensiva, o que atingiu a cobertura vegetal natural do lugar. No bioma, vivem cerca de 187 espécies de répteis, 252 de mamíferos, 850 de aves, 113 de anfíbios e 1.000 de peixes.
Com uma flora de 12.683 espécies distintas, possui rochas ricas em ferro e magnésio, como basalto, gabro, diabásio e granulitos e outros derivados. Extração de nióbio, argila e areia. No passado, o garimpo de ouro e diamante foi importante na região.
O Bioma Caatinga, localizado em área de clima semi árido, ocupa uma área aproximada de 10% do território nacional. Apresenta abundantes paisagens, com riqueza biológica e espécies únicas. Os tipos de vegetação encontram-se bastante alterados, tendo suas espécies vegetais nativas substituídas por pastagens e agricultura. Da área original, cerca de 36% já foram alterados pelo homem.
Os desmatamentos e as queimadas, práticas comuns que destroem a cobertura vegetal, alteram o modo de sobrevivência de animais silvestres, a qualidade da água e o equilíbrio do solo. A Caatinga tem 5.311 espécies em sua flora, 107 de répteis, 148 de mamíferos, 510 de aves, 49 de anfíbios e 240 de peixes de espécies animais. Os principais minerais explorados são Magnesita, Talco, Urânio e Ouro.
O Pantanal ocupa aproximadamente 2% do território nacional. Entretanto, é reconhecido como a maior planície de inundação contínua do Planeta, o que o diferencia dos demais biomas. Dos biomas brasileiros é o mais preservado, embora haja a criação de gados, que, junto à atividade turística, são fontes essenciais para a economia da região.
Tem uma flora diversificada, com 1.197 espécies, sendo 146 espécies endêmicas, em grande parte derivada do cerrado, com influências amazônicas. Entre as formações vegetais, estão os carandazais, os buritizais e os paratudais. Planícies inundadas, vegetações típicas como o aguapé. Habitam no bioma 85 espécies de répteis, 132 de mamíferos, 463 de aves, 35 de anfíbios e 263 espécies de peixes. Sua flora tem 1.197 espécies, sendo 146 espécies endêmicas.
O Pampa ocupa aproximadamente 2% das terras brasileiras. Tem por característica o clima chuvoso, com temperaturas negativas no inverno, que influenciam em sua vegetação. A atividade humana uniformizou a cobertura vegetal do bioma, usada como pastagem natural, ou ocupada com atividades agrícolas, principalmente o cultivo do arroz. Possui 1.623 tipos de espécies em sua flora nativa, além de 97 espécies de répteis, 74 de mamíferos, 120 de aves, 50 de anfíbios e 18 de peixes, animais nativos do bioma.