Há três noites que a Venezuela não dorme. Boa parte da população está nas ruas exigindo transparência sobre a apuração que aconteceu no domingo (28), em que representantes da oposição foram impedidos de fiscalizar os colégios eleitorais. Somente após quase cinco horas, com o site do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) fora do ar, sem qualquer informação do escrutínio, o CNE proclamou Nicolás Maduro reeleito.
Sem que o resultado total tenha sido divulgado, ou as atas das urnas apresentadas, a oposição contestou a declaração do CNE. Protestos foram realizados por todo o país. Maduro fala em “golpe de estado” e ameaça com prisões de 15 a 30 anos a quem se opuser ao resultado da eleição.
O Procurador-Geral da Venezuela, Tarek Saab, afirmou que houve um ataque de hackers contra o sistema eleitoral, feito a partir da Macedônia do Norte, país do sudoeste europeu, que fez com que a apuração dos votos atrasasse.
Caracas está em pé de guerra
A Venezuela decidiu expulsar os corpos diplomáticos da Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai após acusações de fraude eleitoral. A atitude levou o país a uma nova crise com o presidente Nicolás Maduro reeleito, declarado pelo CNE, órgão que é presidido por um aliado de Maduro, antes de a apuração ter sido concluída e sem que todos os boletins das urnas tivessem sido divulgados.
A ONU está muito preocupada com os relatos de prisões feitas durante as manifestações da oposição na Venezuela. Segundo fontes oficiais, chegam a 750 os manifestantes presos e a 7 os indivíduos já mortos nos confrontos. “Estamos acompanhando muito de perto as últimas manifestações. Estamos muito preocupados com os relatos de prisões”, afirmou o porta-voz das Nações Unidas.
Manifestantes venezuelanos foram cercados por policiais de Maduro e presos pelo governador chavista de Carabobo, Rafael Lacava, com homens, mulheres, crianças e idosos amontoados no mesmo ambiente. Venezuelanos nas ruas não desistem e cantam “não quero bónus, não quero pão, o que quero é que Nicolás vá embora!”, diante da polícia do regime. Pelo menos três estátuas de Hugo Chávez foram derrubadas no país.
O presidente do Legislativo na Venezuela, Jorge Rodriguez, aliado de Maduro, pediu a prisão da líder da oposição no país, María Corina Machado, e do candidato que disputou a presidência contra Nicolás Maduro, Edmundo González. Agora, basicamente, a contestação do resultado, divulgado pelo governo, pode ser considerada “ato antidemocrático”, processo muito parecido com o “08 de janeiro”, que ocorreu no Brasil.
Em manifestação na capital Caracas, com milhares de pessoas, María Corina Machado reafirma que Edmundo González é o presidente eleito da Venezuela. Na noite de terça-feira (30), a oposição publicou uma nova versão da contagem dos votos, a partir de atas sob sua posse, que somam 80,35% dos votos digitalizados. Divulgada por María Corina, as atas mostram que Edmundo González obteve 67% (7.086.955), contra 30% (3.206.164) de Nicolás Maduro. Outros 3% (248.865) correspondem aos demais candidatos.
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