A empresa Tools of Humanity (TfH) instalou cerca de 50 estações de escaneamento de íris na capital paulista. O pagamento, por meio de criptomoeda própria, numa média de R$ 600 por leitura, levou meio milhão de brasileiros a vender seus dados biométricos. A iniciativa é polêmica e levanta debates sobre privacidade e segurança. Na sexta-feira (24), a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) determinou a suspensão do pagamento. A TfH recorreu e ganhou. Nesta semana, a empresa se concentra em áreas periféricas de São Paulo.
Na coleta, a íris e o rosto do voluntário são escaneados e é criado um mapa 3D com as impressões. O termo de uso afirma que o código da íris não é mais uma informação pessoal e que os dados biométricos podem ser vazados, por meio de ataques cibernéticos, mesmo com as tentativas de proteção geradas pela empresa. O diretor-presidente da ANPD, Waldemar Gonçalves Ourtunho Júnior, disse, em entrevista ao Jornal Nacional, da Rede Globo, que, após a coleta, não há como voltar atrás.
“É uma operação que eu não vou voltar, não tenho como me arrepender. ‘Olha, não quero, apaga a coleta’. A coleta fica parte na empresa e parte no celular. Então, acho que esses pontos ainda têm que ser esclarecidos para uma posição definitiva. Eu não sei se o Brasil vai para uma decisão de suspender o serviço. Mas, no momento, a gente está só querendo garantir que o consentimento seja sem contrapartida”, afirmou Ourtunho.
A TfH afirma que o objetivo é garantir que a identificação digital pertença de fato a um ser humano real. A iniciativa faz parte do projeto WorldID. O pagamento é feito no prazo de 24h, em tokens WLD, que podem ser sacados, utilizados em investimentos ou trocados por outras criptomoedas. A empresa afirma que as impressões coletadas são desvinculadas dos dados pessoais, que serão apagados posteriormente. A startup foi fundada pelo CEO da OpenIA, San Altman.