A polêmica em torno da volta do X (antigo Twitter) está só começando. Os provedores de internet afirmaram que a rede social driblou o bloqueio no Brasil. O X passou a operar com endereços de IPs, vinculados à CloudFlare (CF), uma das principais redes de entrega de conteúdo do mundo, com milhares de clientes no Brasil, inclusive bancos e órgãos públicos. O serviço de proxy reverso da CF permite uma resistência mais eficiente a bloqueios.
Segundo o conselheiro da Associação Brasileira dos Provedores de Internet e Telecomunicações (ABRINT), Basílio Rodríguez, a plataforma sofreu uma mudança significativa em sua estrutura. “O X passou a funcionar com um novo software, que não está mais usando os IPs da rede social, mas da CloudFlare. Não é uma coisa simples de bloquear. Eles fizeram uma modificação para tornar o bloqueio muito mais difícil”, afirmou.
Suspenso desde 31 de agosto por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a plataforma ficou disponível para os usuários brasileiros nesta quarta-feira (18). De acordo com nota emitida pela Abrint, “os usuários que tinham o aplicativo instalado em seus celulares receberam uma atualização automática, e o novo software começou a operar de maneira diferente”.
Os IPs da CF mudam frequentemente o que torna difícil a suspensão do serviço. Para a Abrint, o bloqueio da CF poderá resultar na queda de outras plataformas. “Bloquear o Cloudflare significaria bloquear não apenas o X, mas também uma série de outros serviços que dependem dessa infraestrutura, o que poderia afetar aspectos da Internet como um todo”.
A associação alerta os seus associados a aguardar as orientações da Anatel. “O X fez uma modificação na sua forma de funcionar no Brasil, e a Anatel vai ter que dizer o que fazer. É óbvio que foi feito para burlar o bloqueio”, esclareceu Perez. “Nesse momento, quem está tentando bloquear, não deveria, pois o risco de derrubar outras coisas, um banco, por exemplo, é grande”, reforçou.
STF
Nesta quarta-feira (18), após o retorno parcial da rede, Moraes determinou diligências para apurar as falhas na suspensão. Mais cedo, uma fonte do Supremo disse à agência de notícias Reuters que “aparentemente, é apenas uma instabilidade no bloqueio de algumas redes”.
Em nota, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) afirmou que “mantém a fiscalização a respeito da ordem de bloqueio [do X no Brasil]”.