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segunda-feira, 14 de outubro de 2024 – 08h58

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Carta expõe crise no IBGE e questiona atual gestão do órgão

Funcionários já não consideram Márcio Pochmann como ‘Presidente desta renomada instituição’
Letreiro na fachada do IBGE no RJ - Foto: Divulgação/AgênciaBrasil

Uma carta aberta, publicada por servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nessa sexta-feira (20), expôs uma crise na atual gestão do órgão. Em meio a críticas sobre a conduta de Márcio Pochmann à frente do instituto, os funcionários questionaram, entre outras medidas, a criação da fundação de direto privado IBGE+, a mudança no estatuto da entidade e o impacto sobre a estrutura organizacional do IBGE, responsável pelos principais indicadores econômicos do Brasil.

O documento, intitulado “Declaração Pública dos Servidores do IBGE”,  foi publicado por meio de um formulário on-line, que disponibilizava um espaço para preenchimento de informações funcionais, como uma espécie de mobilização dos funcionários do órgão. O texto foi retirado do ar algumas horas após a publicação.

IBGE+

Na carta, os servidores acusavam a Fundação IBGE+ de ser “uma entidade de apoio de direito privado, implementada sem qualquer diálogo com os trabalhadores”. A IBGE+ seria uma espécie de “IBGE paralelo”.

“Formalizada em sigilo por 11 meses e anunciada dois meses após sua oficialização em cartório, essa fundação gera dúvidas quanto à sua real finalidade e ao impacto que terá sobre a independência técnica e administrativa do Instituto”, disse trecho.

“A falta de clareza e participação em um tema tão crítico levanta sérios questionamentos sobre os critérios que nortearam a criação dessa entidade e os riscos de desvirtuamento da missão pública do IBGE em benefício de interesse privado”, completou.

Mudança no Estatuto

Os funcionários também questionaram a reformulação do estatuto do IBGE. A mudança estaria sendo conduzida “de maneira pouco transparente e sem o necessário debate com os servidores e a sociedade”. “Qualquer mudança no estatuto pode comprometer gravemente a governança da instituição e a qualidade dos dados produzidos”, prosseguiu.

A Presidência ainda se recusaria a fornecer informações e a promover discussões abertas sobre as reformulação, o que colocaria em risco a credibilidade do órgão. “Essa postura coloca em risco a autonomia do IBGE e sua credibilidade como fonte confiável de dados estatísticos”, acrescentou.

Crise na gestão de Pochmann

Alem da insatisfação geral dos servidores com as medidas tomadas pela atual gestão, as excessivas e constantes viagens do Pochmann, num “cenário de escassez financeira”, reforçaria “a desconexão entre a gestão e as reais necessidades do IBGE e do país”.

O documento ainda pedia a exoneração do gestor, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em agosto de 2023. Márcio Pochmann é economista e filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT), sigla do chefe do Executivo federal. Em texto, os servidores afirmam já não considerá-lo “Presidente desta renomada instituição”.

“Diante dessa gestão centralizadora e autoritária, que tem tomado decisões sem diálogo, ignorando as demandas dos servidores e comprometendo a autonomia e a missão do IBGE, declaramos que não podemos mais tolerar essa situação”, esclareceu a carta.

“Assim, os servidores do IBGE manifestam publicamente seu desejo pelo fim do mandato do atual presidente, Márcio Pochmann e informam que já não o consideram como Presidente desta renomada instituição”, afirmaram.

Cartas de diretorias do IBGE

Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, duas cartas, emitidas entre fins de agosto e início de setembro de 2024, por integrantes das diretorias de Pesquisas (DPE) e de Geociências (DGC), alertam para o fato de não haver sido discutido, com o corpo técnico do IBGE, as novas diretrizes do instituto.

“Sobre as notícias de mudanças do Estatuto do IBGE e as eventuais implicações de tais mudanças sobre a estrutura organizacional, além da criação de uma fundação vinculada ao Instituto (Fundação IBGE+), consideramos necessário e de extrema importância que essas propostas sejam apresentadas e debatidas com o experiente e competente corpo técnico do IBGE, explicitando os objetivos dessas iniciativas e os ganhos pretendidos pela Alta Direção”, disse em texto servidores da DGC.

A DPE alerta sobre a “ausência de processos decisórios” para um “planejamento adequado e coerente”. “São aflições que, na verdade, inscrevem-se num contexto mais geral de percepção negativa sobre a atual gestão do IBGE referente a uma certa ausência nos processos decisórios de atributos desejáveis como: planejamento adequado e coerente; coordenação com as diversas diretorias; e comunicação adequada e articulada de fatos relevantes e maior participação”, explicou a equipe da DPE.

Convocação do Sindicato

O Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Fundações Públicas Federais de Geografia e Estatística (Assibge) convocou os servidores para um ato na quinta-feira (26), às 10h, em frente à sede do IBGE, no centro do Rio de Janeiro.

A manifestação “exigirá que o presidente do IBGE, Márcio Pochmann, altere o comportamento autoritário que tem marcado suas ações recentes e estabeleça um real processo de diálogo com os servidores em relação as diversas alterações em curso no Instituto”, disse o Assibge. 

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