quinta-feira, 24 de abril de 2025 – 18h31

Canal interoceânico põe o Panamá no centro do conflito entre China e EUA

Após declarações de Donald Trump, porta-voz chinesa rebate e presidente panamenho se posiciona
Foto: MichaelDCamphin/Pexels

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, disse, nesta segunda-feira (23), em coletiva, que o Canal do Panamá “é uma grande criação do povo panamenho” e que “sempre respeitará” a soberania do Panamá. Ela se referia ao posicionamento do presidente eleito dos Estado Unidos, Donald Trump, de querer resgatar os direitos sobre a infraestrutura panamenha, construída pelo governo norte-americano na década de 1910.

Em suas redes sociais, Trump acusou o Panamá de cobrar taxas “exorbitantes” para atravessar o canal e ameaçou retomar o controle da hidrovia, opondo-se à crescente influência chinesa na região.  “Quando o presidente Jimmy Carter tolamente deu para fora, por um dólar, durante seu mandato no cargo, era exclusivamente para o Panamá gerenciar, não a China, ou qualquer outra pessoa”, afirmou.

Em um vídeo publicado no X, no domingo (22), o presidente do Panamá, José Raúl Mulino, disse que “a soberania e independência do nosso país não são negociáveis. O Panamá respeita outras nações e exige respeito. Com o novo governo dos Estados Unidos, eu aspiro a preservar e manter uma boa relação respeitosa”, destacou Mulino.

O acesso entre os oceanos Pacífico e Atlântico, através do Canal do Panamá, é a razão maior do impasse, tanto por interesses comerciais como militares, dentro das estratégias das nações dominantes.

O canal

O Canal do Panamá foi construído pelos Estados Unidos. Inaugurado em 1914, foi administrado pelos norte-americanos até sua transferência para o Estado panamenho em 1999, conforme estabelecido nos tratados assinados pelos presidentes Omar Torrijos, do Panamá, e Jimmy Carter, dos EUA, em 7 de setembro de 1977, em Washington.

Donald Trump, que tomará posse como presidente dos EUA, em 20 de janeiro de 2025, disse ainda, em Phoenix, neste domingo (22), que os EUA têm um “interesse adquirido” nas operações do canal. Argumentou ainda sobre “preços exorbitantes e taxas de passagem” para navios operados por empresas e militares norte-americanos, e ameaçou exigir a “devolução” da administração, acaso os princípios “morais e legais” não forem respeitados.

“Acreditamos que, sob a gestão eficiente do Panamá, o canal continuará a fazer novas contribuições para facilitar a integração e o intercâmbio entre diferentes países”, acrescentou a porta-voz chinesa, referindo-se às declarações do presidente panamenho, José Raúl Mulino. “Cada metro quadrado do canal pertence ao Panamá”, reforçando que“é panamenho e continuará sendo”.

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