Em entrevista de duas horas ao escritor e psicólogo clínico, Jordan B. Peterson, na segunda-feira (22), o CEO da Tesla e da Space X, Elon Musk, disse ter sido “enganado” quando assinou um documento, em que autorizava a cirurgia de mudança de gênero do seu filho Xavier, em 2022. Segundo o empresário sul-africano, os médicos lhe disseram que o filho corria risco de cometer suicídio caso não seguisse com o procedimento.
Musk afirmou ainda que “não me foi explicado que bloqueadores de puberdade são, na verdade, apenas drogas esterilizantes” e que se encontrava confuso em plena pandemia da Covid-19. A entrevista foi publicada no portal Daily Wire+ e na rede social X (antigo Twitter), que pertence ao magnata.
O empresário explicou que abriu uma guerra contra a cultura Woke, o que chamou de “vírus Woke”, que teria “matado” o seu filho. “Perdi o meu filho, resumidamente. Chamam-lhe deadnaming [tratar a pessoa pelo nome que usava antes da transição] por um motivo. A razão pela qual usam o termo deadnaming é porque o teu filho morreu. O meu filho, Xavier, está morto. Provavelmente foi morto pelo vírus woke”, acrescentou.
O bilionário disse ter “jurado destruir” o “vírus woke” e que está fazendo progressos a esse respeito. “É bem possível, para os adultos, manipular crianças que estão verdadeiramente a ter uma crise de identificação e fazê-las acreditar que têm o gênero errado”.
Xavier tinha 18 anos quando se submeteu à operação e se assumiu como transgênero, em junho de 2022. Na mesma época, solicitou a mudança do seu nome de Xavier para Vivian Jenna Wilson, adotando o sobrenome da mãe, conforme noticiado pelo Daily Mail. “Eu não quero mais ter qualquer relação com meu pai biológico de forma alguma”, disse Vivian na ocasião.
Elon Musk falou inclusive sobre as suas crenças. “Acredito muito nos princípios do cristianismo”. Quando questionado por Jordan Peterson se é ou não religioso, o empresário disse acreditar “que os ensinamentos de Jesus são bons e sábios”. E ainda abordou a ligação entre religião e natalidade. “Há uma teoria que defende que quando uma cultura perde a sua religião, começa a tornar-se anti-natalidade, decresce em número e potencialmente desaparece”.
Musk se mostrou preocupado com a falta de princípios “pró-humanos” na Inteligência Artificial. Relatou que, quando conversou com Larry Page, ex-diretor-executivo da Google, “ele me chamou especista [quem defende a superioridade da espécie]. Eu sou um especista, a favor dos humanos ao invés das máquinas. A visão de Larry, se não me engano, é fazer upload das nossas mentes no computador e todas as pessoas serão simplesmente robôs”.
O termo Woke
O significado literal da palavra woke é o passado do verbo wake (acordar, despertar). Originalmente, ele queria dizer “estar alerta para a injustiça racial”. Acredita-se que o romancista William Melvin Kelley foi o precursor do uso deste termo, em um artigo publicado em 1962, no The New York Times, com o título “If You’re Woke, You Dig it” (“Se você estiver acordado, entenderá”, em tradução livre).
O termo ressurgiu na última década para denunciar a brutalidade policial contra as pessoas afrodescendentes. Mas, desta vez, o seu uso se espalhou para além da comunidade negra e passou a ser empregado com significado mais amplo. Até que, em 2017, o dicionário inglês Oxford acrescentou novo significado ao nome, definindo-o como “estar consciente sobre temas sociais e políticos, especialmente o racismo”.