Search
Close this search box.

domingo, 16 de fevereiro de 2025 – 23h37

Search
Close this search box.

Estudo descobre que espermatozoides podem carregar traços de traumas da infância

Mudanças epigenéticas não são forçosamente passadas para os filhos; mais pesquisas são necessárias
Foto: Reprodução/BlogIvidador

Um estudo publicado na página Molecular Psychiatry, com informações divulgadas no portal Live Science, revelou que os espermatozoides podem carregar traços de traumas, sofridos por homens submetidos à Exposição a Maus-Tratos na Infância (CME, na sigla em inglês). Exposições psicológicas adversas e estresse alteram as marcas epigenéticas no esperma. A epigenética é o estudo das mudanças na expressão gênica, que não modifica a sequência do DNA, mas altera quais genes podem ser ativados, e afeta a saúde e o funcionamento do organismo. 

De acordo com a descrição do estudo na Molecular Psychiatry, três pesquisas anteriores, publicadas até o momento, “estabeleceram uma ligação entre o estresse paterno no início da vida e as mudanças no epigenoma do esperma”. No novo estudo, publicado em 3 de janeiro, a CME foi medida entre 0 e 78. 55. Conforme a Live Science, a classificação de 0 a 10 foi categorizada como baixa, isto é, os homens avaliados se lembravam de pouco estresse na infância, e acima de 39, como altas, o que apontava muitos eventos traumáticos. Para a catalogação, foi usado o questionário Trauma and Distress Scale (TADS), que avalia as lembranças de negligências e abusos físicos, emocionais ou sexuais, e as classifica em escala de pontuação.  

No total 75 homens participaram da pesquisa, mas foram analisadas amostras de espermas de 58 indivíduos, a maioria entre 30 e 40 anos de idade, recrutados por meio do FinnBrain Birth Cohort Study, da Universidade de Turku, na Finlândia. De acordo com a Live Science, a pontuação alta de estresse no esperma revelou “um perfil epigenético diferente em comparação com o esperma de homens que relataram menos trauma. Esse padrão se manteve mesmo depois que os pesquisadores verificaram se as diferenças poderiam ser atribuídas a outros fatores, como comportamentos de beber ou fumar, que também são conhecidos por afetar o ‘epigenoma’”.

Foram observados dois tipos de marcadores epigenéticos, a metilação de DNA e o pequeno RNA não codificador. “A metilação do DNA é uma reação química que adiciona uma etiqueta ao DNA. Quando o DNA é metilado, o corpo pode ler isso como um sinal para mudar como um gene é lido — desligando-o, por exemplo. Pequenos RNAs não codificadores têm um efeito semelhante nos genes, exceto que, em vez de marcar a molécula de DNA em si, eles podem interferir na maneira como o corpo lê o RNA, um primo genético do DNA, que envia instruções para fora do núcleo e para dentro da célula”, disse a reportagem.

Transmissão para os filhos

Conforme informações da Live Science, as mudanças epigenéticas identificadas não são necessariamente passadas para os filhos. O principal pesquisador do estudo, o Dr. Jetro Tuulari, professor associado do Departamento de Medicina Clínica, da Universidade de Turku, na Finlândia, disse ao portal que “foi demonstrado, no entanto, em modelos animais experimentais, incluindo vermes e camundongos”. 

Segundo a página, os estudos na área da epigenética estão em nível incipiente, o que, de acordo com Tuulari, tornariam precipitadas conclusões sobre a influência do estresse paterno na saúde da criança. Faltaria, ainda, clareza sobre o efeito positivo, negativo ou neutro das mudanças epigenéticas na herança genética dos filhos. O conjunto de descobertas das pesquisa sugere que “essas mudanças epigenéticas podem alterar o desenvolvimento inicial, desde que sejam transmitidas dos pais para os filhos” especulou Tuulari, de acordo com a matéria.

*Com informações da Live Science, em reportagem de Marianne Guenot

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Leia também