Os servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) protestaram contra a gestão de Márcio Pochmann, na manhã desta quinta-feira (26), em frente à sede do órgão, no centro do Rio de Janeiro. A crise no IBGE se tornou pública na semana passada quando uma carta aberta circulou entre os funcionários, questionando medidas de Pochmann à frente da Presidência do instituto.
A manifestação foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Fundações Públicas Federais de Geografia e Estatística (ASSIBGE). A entidade de classe aponta para “um comportamento autoritário de Pochmann que tem marcado suas ações recentes”. O ASSIBGE pede que o gestor “estabeleça um real processo de diálogo com os servidores em relação as diversas alterações em curso no Instituto”.
Entre as pautas do protesto, os funcionários questionaram a criação da fundação de direto privado IBGE+, a mudança no estatuto da entidade e o impacto sobre a estrutura organizacional do IBGE, conduzidos “de maneira pouco transparente e sem o necessário debate com os servidores e a sociedade”. A gestão rebateu as críticas em comunicados oficiais, publicados ao longo da semana.
“Nosso ato hoje é relativo a uma série de medidas do presidente do IBGE, Márcio Pochmann, que são medidas estruturais para Casa e foram tomadas sem consulta aos servidores. Por exemplo, a criação de uma fundação de direito privado [IBGE+], que permite o uso do nome do IBGE para vender serviços a empresas e foi implementada de forma sigilosa. Os servidores só souberam da criação da fundação dois meses depois”, disse um servidor na manifestação.
Em nota oficial, a ASSIBGE informou que a Presidência propôs, na quarta-feira (25), um dia antes do protesto, a realização de uma reunião remota, na sexta-feira (27), a fim de tratar dos temas pertinentes ao IBGE. Devido à relevância das pautas, a entidade decidiu adiar a reunião para quando Pochmann estiver no país. O presidente se encontra em viagem internacional. A Presidência concordou em marca nova data.
“Dessa vez, ao contrário do convite anterior, o presidente estaria disposto a tratar de todos os temas da pauta, não estabelecendo veto aos temas apresentados pelo sindicato. O presidente se dispôs a realizar uma reunião na sexta-feira, a distância, já que se encontra em viagem internacional. A ASSIBGE julgou que, devido ao caráter das pautas acumuladas, seria preferível realizar a reunião presencialmente, quando o presidente se encontrar no Brasil. A presidência sinalizou positivamente”, disse ASSIBGE.
Posição da Presidência do IBGE
Em comunicado, publicado na segunda-feira (23), a gestão negou que agisse de forma autoritária, ou se recusasse a estabelecer diálogo com os servidores. Segundo o documento, “foram realizadas nesse primeiro ano de gestão mais quatro reuniões oficiais, além de reuniões conjuntas das direções do sindicato e do Instituto com representantes do MGI, para apoio a pleitos históricos da categoria, como plano de carreira e reajuste salarial dos servidores e servidoras temporários”.
De acordo com o instituto, a criação da Fundação IBGE+ teria recebido aprovação de todos os órgão de controle. “A Fundação IBGE + permitirá o recebimento de recursos para atender a pesquisas ou projetos desenvolvidos com ministérios, bancos públicos e autarquias, antes impossível devido à dependência de ‘orçamento’”. “Importante ressaltar, ainda, que a Fundação IBGE + obteve aprovação por todos os órgãos de controle necessários, será fiscalizada pelo Tribunal de Contas da União”.
Nesta quinta-feira (26), o IBGE soltou outra nota acerca de portarias publicadas pelo instituto em 2024, que tratam sobre o processo de retorno gradual ao trabalho presencial, o fim do trabalho remoto no exterior e a implementação do regime de trabalho híbrido. De acordo com o texto, todas elas “foram publicadas considerando os prazos previstos em Lei.”
Para a gestão, a falta de comunicação entre o sindicato e a presidência ocorreu porque a Assibge teria “rompido o diálogo”, unilateralmente. “A atual gestão do IBGE sempre se manteve aberta ao diálogo. Infelizmente, a ASSIBGE rompeu o diálogo ao não aceitar reunir-se com a direção por duas vezes, não obstante o convite da direção do IBGE. E convite da direção sempre foi com pauta aberta, mesmo quando o tema era específico. Sempre!”.