segunda-feira, 17 de novembro de 2025 – 22h14

Acordo Brasil-Vietnã importa tilápia vietnamita em troca de carne bovina da JBS

Transação acende alerta sanitário e econômico na produção nacional
Foto: Reprodução/Agrimídia

A recente formalização de um acordo comercial bilateral entre Brasil e Vietnã, oficializado durante o contexto de reuniões do BRICS, gerou um turbilhão de críticas no setor de agronegócio nacional. O pacto envolveu a abertura do mercado vietnamita para a carne bovina brasileira, sendo a JBS uma das empresas pioneiras na exportação, e, em contrapartida, a autorização para o Brasil importar tilápia do Vietnã. 

O movimento, embora defendido pelo governo como parte de uma estratégia de expansão comercial, é visto por produtores brasileiros como um risco sanitário e econômico, levantando suspeitas de que os interesses do setor de proteína animal teriam prevalecido sobre a segurança e a competitividade da aquicultura nacional.

Dados e Desdobramentos do Acordo

A negociação,celebrada com a presença de líderes de ambos os países, formaliza o acesso mútuo a mercados estratégicos:

Abertura para a Carne Bovina

O principal ganho brasileiro é a validação de plantas frigoríficas, incluindo da JBS, para iniciar a exportação de carne bovina para o Vietnã. Este é um mercado de alto potencial, crucial para o setor pecuário.

A Contrapartida da Tilápia

Em retribuição, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) autorizou a importação de tilápia congelada do Vietnã. Essa decisão veio após reavaliações dos protocolos sanitários, que eram a principal barreira. O volume inicial de tilápia importada (o post menciona 700 toneladas) coloca pressão direta sobre o mercado interno, que tem na tilápia um de seus principais produtos.

O Alerta Nacional

A Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR) e produtores locais expressaram profunda preocupação. O temor não é apenas a concorrência de um produto estrangeiro potencialmente mais barato, mas também a vulnerabilidade sanitária. Há receio de que a tilápia vietnamita, cultivada em condições diferentes, possa introduzir doenças que hoje não existem nos tanques brasileiros, ameaçando toda a cadeia produtiva nacional, que é um dos pilares da aquicultura no país.

A Tese da Controvérsia e o Papel do BRICS

O post veiculado, que afirma que o Presidente Lula “entrega tilápia nacional em troca de favores nos BRICS”, reflete o tom inflamado da crítica. Embora o acordo seja de natureza estritamente comercial, a linguagem sugere uma troca de interesses ilícita.

Na prática, o BRICS (bloco de nações em desenvolvimento) serve como um pano de fundo diplomático que facilita o estreitamento de laços e a assinatura de acordos bilaterais, como este. A crítica principal reside em uma percepção de desequilíbrio de prioridades: o setor de carne bovina, dominado por gigantes como a JBS e com forte lobby político, teria tido seus interesses atendidos em detrimento da aquicultura de menor porte.

A polêmica demonstra a complexidade de se equilibrar o crescimento do comércio exterior e a entrada em novos mercados globais, com a proteção dos setores produtivos internos, sobretudo aqueles que carregam riscos sanitários e forte impacto na economia regional. Resta saber se os mecanismos de fiscalização e o rigor sanitário serão suficientes para mitigar os riscos enquanto o Brasil celebra a expansão de sua carne bovina na Ásia.

*Fonte: Portal Cult FM 98.5, em matéria de Poliane de Sá

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