segunda-feira, 22 de setembro de 2025 – 17h25

Centro de Maceió terá praia da Avenida pronta para lazer de banhistas

Mar se tornará balneável assim que fluxo de esgoto for desviado à estação de tratamento
Foto: Lula Castello Branco
A simbólica praia da Avenida, emblema do crescimento urbano da cidade de Maceió Fotos: Lula Castello Branco

As obras de saneamento do Vale do Reginaldo estão na reta final. A previsão é de que, até outubro deste ano, cesse o despejo de esgoto no mar da praia da Avenida. A iniciativa é histórica e monumental. No período de tempo seco, o que corresponde, em média, a oito meses por ano em Maceió, uma das praias mais emblemáticas da cidade se tornará balneável outra vez, assim que os poluentes forem destinados à empresa de saneamento. O Centro de Maceió terá novamente a praia da Avenida pronta para lazer dos banhistas locais e de bairros adjacentes.

“É uma questão de concentração. Quando se chega a um ponto de descarte, que se tem 150 metros de um lado e 150 metros de outro sem balneabilidade, se tem uma concentração muito grande. Mas, se para o descarte, já está balneável, porque a capacidade de diluição do mar é muito grande. Na hora em que se deixa de despejar, já está diluído, não tem mais problema de balneabilidade. Sem chuva, a balneabilidade se torna imediata”, explicou Adriano Augusto de Araújo Jorge, responsável legal pela A3J Treinamento e Gestão, empresa que executa o desenvolvimento dos programas socioambientais da obra.

Foto: Lula Castello Branco
Orla da praia da Avenida em processo de reurbanização

As tubulações, que irão levar o fluxo de esgoto de cinco riachos de Maceió, já estão prontas. A grande elevatória, situada no vale, vai receber material dos riachos Sapo, Gulandi, Reginaldo e Pau d’Arco – da bacia hidrográfica do rio Reginaldo – e Águas Férreas – da bacia hidrográfica do rio Jacarecica -. De lá, o volume será destinado à empresa de saneamento básico, BRK Ambiental, onde passará por novo tratamento até ser enviado ao emissário submarino, sistema de disposição oceânica, designado ao lançamento de esgoto sanitário no meio marinho.

No período chuvoso, o sistema irá funcionar com até 30% acima da sua capacidade de operação em tempo seco. Ao ultrapassar o percentual, o processo será interrompido. O fluxo de águas da chuva voltará a ser direcionado à praia. A própria diluição, proveniente das águas, e mais as barreiras de contenção de lixo tornam menor a incidência de poluição no mar.

Fotos: Lula Castello Branco
Estação elevatória do Vale do Reginaldo, responsável por encaminhar o volume de água à estação de tratamento

As turbulações, para destinação das águas de esgoto à BRK Ambiental, estão prontas, só aguardando a resolução de questões processuais, entre a prefeitura e a empresa, para o sistema começar a funcionar. No dia 14 de setembro, em audiência no Ministério Público, será definido o recebimento do fluxo pela BRK Ambiental, o que já estava acertado, quando ainda se operava o saneamento pela Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal). Já as áreas de reurbanização, tanto da orla marítima, quanto do passeio ao longo do canal “Salgadinho”, ainda estão sem prazo de conclusão.

Hoje, o quantitativo expressivo de 500 litros de esgoto por segundo são despejados na praia da Avenida. O montante corresponde a praticamente a metade do que a BRK Ambiental recebe das partes saneadas de Maceió, o índice de 1.100 litros por segundo. Com a retirada do fluxo de esgoto e o interrompimento da emissão de matéria orgânica e inorgânica no mar, o que se chama “Salgadinho” vai voltar a ser o canal com sua destinação primária. 

Fotos: Lula Castello Branco
Foz do canal Salgadinho, que deve receber barreira de contenção de lixo, mais uma medida de segurança no sistema de despoluição do mar

Quando o riacho Reginaldo foi retificado, cuja foz se encontrava na altura da rua Dias Cabral, no Centro de Maceió, e conduzido ao local em que se encontra atualmente, o canal recebia a água doce do riacho e água salgada do mar, daí a denominação “Salgadinho”, referente à mistura de águas. Hoje, o fluxo é somente de esgoto, uma vez que a foz do riacho Reginaldo foi extinta. 

O que se leva a crer que o nome do projeto “Renasce Salgadinho” é uma licença publicitária, que se refere apenas à área econômico-geográfica onde está situado o canal. O “Renasce Salgadinho” é uma iniciativa da prefeitura de Maceió, por meio do Consórcio DCH – formado pela DP Barros, Cohidro e Hidrotécnica -, da A3J Treinamento e Gestão, advindo de certame licitatório, com financiamento do Centro Andino de Fomento (CAF). 

Fotos: Lula Castello Branco
Entrada do fluxo de esgoto na praia da Avenida atualmente

O valor da obra está orçado em R$ 76.401.080,20 (setenta e seis milhões, quatrocentos e um mil, oitenta reais e vinte centavos). O projeto objetiva realizar a destinação adequada das águas, a contenção e destinação do lixo, a limpeza e desassoreamento dos corpos hídricos, a contenção da erosão tubular regressiva e a reurbanização e requalificação sócioeconômica da área. Foram criadas seis estações elevatórias e serão instaladas oito barreiras de contenção de detritos, imediatamente antes das estações, e na área que antecede as areias da praia.

As águas do riacho Pau d’Arco, que hoje deságuam no Reginaldo, receberão um tratamento especial, devido ao alto nível de poluentes nela contidos. O fluxo se tornará independente do Reginaldo e desaguará numa lagoa filtrante. A partir daí, o volume de água segue a três jardins filtrantes sequenciais. Os jardins serão formados por espécies de plantas macrófitas, que farão a limpeza das águas. A estimativa é que o líquido resultante do processo se torne 60% tratável antes de chegar à estação elevatória.

Fotos: Lula Castello Branco
Jardins filtrantes que receberão plantas macrófitas para limpeza do riacho Pau d’Árco

A A3J permanece ainda um ano após o início da operação do sistema, para acompanhamento da execução e entrega de um manual de operação. “A gente entende que isso cria muita responsabilidade para o poder público. A partir do momento em que a população enxerga que funcionou, ela tem uma carta na manga para cobrar. Cria responsabilidade. Faz com que o poder público não lide sem seriedade com isso. Ou nos contratando ou contratando outra empresa para operar, ou estruturando o seu corpo técnico para fazer as operações, a população sabe que funciona”, ponderou Jade Varallo Corte, coordenadora-geral da A3J.

Respostas de 2

  1. Bem completa essa reportagem. Estamos em dezembro de 2024. Como estão as obras? A BRK já está recebendo o fluxo? E sobre a reurbanização da Praia da Avenida, podemos acessar o projeto? Como está o andamento? Sugiro uma nova reportagem sobre esse assunto. Tão importante para nós…

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