Se você é um estudante que tem dificuldades com provas no período da manhã, ou se sente exausto em exames no final da tarde, pode não ser apenas sua imaginação. Uma pesquisa da Universidade de Messina, na Itália, sugere que o horário de sua avaliação pode impactar significativamente suas chances de aprovação. A mesma situação é válida para entrevistas de emprego.
O meio-dia é realmente o melhor horário?
Segundo o professor Carmelo Mario Vicario, os alunos que realizam provas orais na hora do almoço têm as maiores chances de aprovação. “Mostramos que os resultados das avaliações acadêmicas variam sistematicamente ao longo do dia, com um pico claro nas taxas de aprovação por volta do meio-dia”, explicou Vicario.
“Os alunos tinham maior probabilidade de aprovação no final da manhã em comparação com o início da manhã ou o final da tarde”, complementou o professor da instituição de ensino italiana.
O estudo analisou mais de 100 mil resultados de exames de estudantes universitários italianos, revelando uma clara curva em forma de sino nas taxas de sucesso. As provas realizadas ao meio-dia apresentaram as maiores taxas de aprovação, enquanto aquelas feitas no início e ou final do dia apresentaram as menores taxas de sucesso.
O momento certo também pode influenciar nas entrevistas de emprego?
De acordo com o acadêmico, essas descobertas podem se estender para além do meio acadêmico, chegando às entrevistas de emprego.
“Acreditamos que esse padrão pode se estender a entrevistas de emprego ou a qualquer processo avaliativo programado ao longo do dia. Teríamos muito interesse em investigar se as decisões de contratação também variam em termos de justiça ou resultado dependendo do horário.”
Isso implica que agendar entrevistas de emprego por volta do meio-dia também pode aumentar as chances de sucesso dos candidatos, embora mais pesquisas sejam necessárias para confirmar essa possibilidade.
Por que a hora do dia é importante?
Pode haver várias razões para esse fenômeno. O desempenho cognitivo geralmente atinge o pico por volta do meio-dia, o que pode explicar as maiores taxas de aprovação no horário de almoço.
Provas realizadas mais cedo podem colocar alunos notívagos em oposição a professores matutinos, criando descompassos nos níveis de energia e atenção. Avaliações feitas mais tarde tem o potencial de afetar tanto alunos quanto professores por fadiga ou exaustão.
O professor Alessio Avenanti, da Universidade de Bolonha, também na Itália, coautor do estudo, destacou a importância dos ritmos biológicos.
“Essas descobertas têm implicações abrangentes. Elas destacam como os ritmos biológicos — frequentemente ignorados em contextos de tomada de decisão — podem moldar sutil, mas significativamente, o resultado de avaliações de alto risco.”
Como pode vencer o relógio?
Para os alunos, Vicario sugere estratégias para mitigar o impacto do tempo. “Os alunos podem se beneficiar de estratégias, como garantir um sono de qualidade, evitar agendar exames importantes durante períodos pessoais ‘baixos’ e fazer pausas mentais antes de tarefas de desempenho”.
As instituições também podem se adaptar agendando exames críticos no final da manhã para aumentar a justiça e os resultados. O professor Massimo Mucciardi enfatizou a necessidade de mais dados. “Incentivamos estudos de acompanhamento usando medidas fisiológicas ou comportamentais para descobrir os mecanismos subjacentes.”
Da próxima vez que você agendar um teste, ou entrevista importante, lembre-se de que suas chances de sucesso podem depender de quando o relógio bater!
*Com texto adaptado de reportagem de Stef Verhagen, do portal Universal-Sci
