Não há corrupção ativa, mas mero pedido ou especulação, no popularmente chamado “jeitinho”, se não houver direto “oferecimento” ou “promessa” de vantagem indevida. Com esse entendimento, a 10ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo negou provimento ao recurso do Ministério Público, que pretendia anular a absolvição de um homem acusado de corrupção ativa.
Conforme os autos, ao ser abordado por um policial militar, o réu indagou “quanto você quer para não me prender?”. Apesar da pergunta, o juízo de primeiro grau entendeu ser um fato atípico, porque o acusado não fez proposta e nem se obrigou a entregar alguma vantagem indevida.
“A conduta equivale ao popularmente chamado ‘jeitinho’, pois o réu pergunta quanto o policial queria para não prender, ou seja, tem algum ‘jeito’, alguma possibilidade, sem efetivamente oferecer ou prometer a vantagem indevida”, avaliou a relatora da apelação, desembargadora Maria de Lourdes Rachid Vaz de Almeida.
“O conjunto acusatório é estéril sobre a real natureza da vantagem indevida a ser oferecida ou proposta”, concluiu a relatora. Ela anotou que o outro policial participante da diligência também não soube informar o que o réu teria oferecido ao seu colega.
Crime de tráfico de drogas
O réu foi condenado na mesma ação por tráfico de drogas, com a aplicação do redutor do tráfico privilegiado e resistência. O juízo da 2ª Vara Criminal de Santos (SP) fixou as penas, respectivamente, em dois anos e seis meses de reclusão e dois meses de detenção, sendo ambas em regime aberto.
O MP também pleiteou no recurso o afastamento do tráfico privilegiado, sustentando que a quantidade de drogas apreendida com o acusado demonstra o seu engajamento com a prática de crimes. Porém, o colegiado afastou essa tese.
“O trazer consigo 185 invólucros contendo cocaína, isoladamente, não é suficiente para demonstrar a dedicação à prática de crimes”, observou a relatora. Segundo ela, não foram trazidos aos autos elementos de prova aptos a afastar a minorante do tráfico privilegiado.
Os desembargadores Nelson Fonseca Júnior e Jucimara Esther de Lima Bueno acompanharam o voto da relatora. A decisão do colegiado acolheu as contrarrazões recursais do advogado Tércio Neves Almeida. De acordo com ele, não houve corrupção ativa e inexistem provas de que o réu se dedique a atividades criminosas.
O defensor também contestou a alegada resistência, afirmando que um dos policiais usou “excesso de força” na abordagem, derrubando o seu cliente no chão. O acusado nega serem suas as drogas apreendidas pelos PMs.
*Com informações do portal Consultor Jurídico




























