quarta-feira, 22 de outubro de 2025 – 12h31

Número gigantesco de motocicletas desafia autoridades de trânsito no Brasil

Alagoas se destaca pelo alto crescimento de novas carteiras de habilitação, categoria A
Fotos: EdsonLopesJr/Secom-SP

O número de  motocicletas e motonetas registradas no país corresponde a 28% da frota nacional. A quantidade cresceu 42% na última década (2015-2024). Com 1,3 milhão de unidades produzidas somente em 2024, o Brasil é o sexto maior fabricante de motos do mundo.

Em 2025, foram registrados 34,2 milhões de veículos motorizados de duas rodas. Entre estes, mais de 27,7 milhões são motocicletas, 6 milhões motonetas e 504 mil ciclomotores. Um quantitativo superior a 40 milhões de pessoas estão habilitadas para dirigir motocicletas no Brasil.  

A Região Sudeste concentra a maior frota, com quase 12,8 milhões de unidades. A região Nordeste possui a segunda maior, com 9,8 milhões. Alagoas ( 86,3%), Amazonas (79,7%) e Bahia ( 62,6%)  foram os estados com maior  número de pessoas habilitadas a conduzir motos.

Conforme pesquisa da Secretaria Nacional de Trânsito (Cenetran), divulgada em setembro de 2024, metade dos proprietários dos ciclomotores não possui Carteira Nacional de Habilitação (CNH), o que torna ainda mais preocupante. 

Dos proprietários de motos, contabilizados no Brasil, 17,5 milhões (53,8%) não estavam habilitados para pilotá-las. O estudo apontou ainda que a grande maioria (61%), com categoria A registrada na carteira, não é dona de uma moto.

Em 2004, a frota brasileira, que era de 7 milhões, deu um longo salto para os quase 35 milhões de unidades. Eram 18% da frota de veículos automotores e passaram para mais de 29%. 

O Brasil tinha 20,1 milhões com CNH categoria A, específica para motos, em 2014, chegando a 33,1 milhões em 2024. Um salto de 49,7% em uma década.

Dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) indicam que dos 10 estados que registraram a maior alta no número de novas habilitações, no período de 2014 a 2024, nove estavam nas regiões Norte e Nordeste. 

O estado de Alagoas  lidera o ranking com 141,7%. Seguido por Amazonas (121%), Rio de Janeiro (108%), Bahia (97%), Piauí (93,9%), Maranhão (89%), Ceará (87%), Tocantins (85,8%), Sergipe (81,3%) e Paraíba (71,8%).

Prejuízos na saúde

As internações de motociclistas no Sistema Único de Saúde (SUS), por acidentes de trânsito, consumiram R$ 233,3 milhões aos cofres do SUS, entre janeiro e novembro de 2024. O número de internações por acidentes com motocicletas subiu 15% em 2024, comparado a 2023. 

As motos estiveram envolvidas em cerca de 63% dos sinistros de trânsito, no Brasil, em 2023. Representaram ainda, em 2023, 38,6% das mortes de trânsito com 13.477 óbitos, 11,7% a mais que no ano anterior.

Faixa Azul: uma área de preferência para motociclistas

A cidade de São Paulo já introduziu, desde janeiro de 2022, cerca de 232,7 km de Faixa Azul, em 46 vias, para beneficiar 500 mil motocicletas que estão em circulação. 

Essa sinalização nas ruas, que separa o tráfego de motos do de carros, reduziu significativamente o número de mortes em 47,2%, entre 2023 e 2024. 

A Faixa Azul é baseada em dois princípios de segurança viária: Visão Zero e Sistemas Seguros. A Visão Zero é uma abordagem em que nenhuma morte no trânsito é aceitável – todas são evitáveis. Já o Sistema Seguro é uma forma de evitar que os erros “humanos” que possam resultar em ferimentos graves ou mortes.

Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), da prefeitura de São Paulo, em 2023, foram registradas 36 mortes em acidentes nas vias da cidade. Esses números caíram para 19, em 2024.

Os dados satisfatórios levaram autoridades de trânsito do México e das cidades de Porto Alegre (RS) e Feira de Santana (BA) a conhecer o projeto.

O projeto-piloto do Faixa Azul de São Paulo foi  inspirado em experiências da Malásia, de Copenhagen e de cidades australianas. 

Desenvolvido por profissionais da CET, das áreas de Segurança Viária, Sinalização, Planejamento e Projetos visa reorganizar o espaço viário. A iniciativa virou símbolo de avanço em mobilidade urbana e segurança viária.

O presidente da Associação dos Motofretistas de Aplicativos e Autônomos do Brasil (AMABR), Edgar Francisco da Silva, fala da importância da adesão da categoria.

“Da nossa parte, a gente vem conscientizando toda a categoria para respeitar esse espaço que a gente conseguiu. Todos têm o seu espaço, pedestre, carro, metrô, trem. Só a moto que não tinha”, disse.

Em Alagoas

Segundo o Departamento de Trânsito de Alagoas (Detran/AL), em dez anos (2014-2024), houve um salto de 60.893 para 494.242, de veículos registrados, atingindo 44,2% de toda frota.

Em Maceió, a capital de Alagoas, 31% da frota local, com 117 mil unidades. Em Arapiraca, segunda cidade mais populosa do estado, já são maioria na frota em circulação, com 57,8%.

Como também o crescimento do número Carteira Nacional de Habilitação (CNH), categoria A, foi ainda mais alarmante, de 141,7%. Eram 132.66, em 2014, e foi para 320.702 em 2024. Nas duas cidades está em discussão e processo de implementação a faixa azul exclusiva para motos nas vias. 

As câmaras municipais já articulam com a prefeitura a necessidade de ações para harmonizar o trânsito dos municípios, inspirados nos resultados do projeto Faixa Azul, em implementação na capital paulista. 

Em Maceió

O representante da Associação dos Mototáxis e Motoboys de Maceió (AMMA), em audiência na Câmara dos vereadores, Erasmo Gomes, disse que a implantação de uma faixa exclusiva é reivindicação da categoria. 

“Ela praticamente tiraria os trabalhadores do corredor e lhe daria mais segurança”. Mas ressalta que é necessário a educação no trânsito, mais prudência, respeito à sinalização e ao pedestre, e melhor fiscalização.

Durante a última campanha eleitoral, o candidato à prefeito Lobão, defendeu o projeto, como bandeira de campanha. Ele já havia conhecido a motofaixa em São Paulo.

Como deputado estadual,solicitou ao governo do Estado que fizesse uma parceria com os municípios e buscasse autorização do Ministério dos Transportes.

“É um projeto que requer um estudo, mas sua implantação é barata. E tem um grande impacto na segurança do motociclista, porque ajuda a organizar melhor o trajeto, de modo a torná-lo mais seguro. E com isso a gente reduz acidentes, inclusive os fatais”, destacou. 

Está em andamento o projeto de reordenamento do trânsito de Maceió, que prevê a implantação do BRT – Transporte Rápido por Ônibus – (Bus Rapid Transit, sigla em inglês), nas avenidas Fernandes Lima e Durval de Góes Monteiro.

As vias ocuparão toda a faixa da esquerda das avenidas, junto ao canteiro central, onde serão instaladas as estações. 

Ciclovias também foram instaladas na cidade. Uma que acompanha todo o canteiro central das avenidas acima citadas. A outra percorre toda a orla, do Pontal da Barra à Jacarecica, na capital alagoana, além de uma pista para cooper, paralela.

 

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