Queridos Leitores,
E chegou Novembro, um mês esquecido, pois ninguém lembra o que acontece em Novembro porque desde agosto o comércio já começa a falar em festas de fim de ano, e praticamente hoje em dia o penúltimo mês do ano é quando a lavagem cerebral é intensificada e as pessoas só falam no mês seguinte!
Aqui a temperatura está baixando, os dias ficam naquele branco contrastando com o amarelado/ferrugem das folhas que caem e viram um perigo pois são muito escorregadias. Nesse mês farei 59 anos e 4 meses e por causa disso resolvi começar a minha retrospectiva dos meus anos 50 quando minhas ‘aventuras’ e vídeos começaram a fazer parte de minha vida mais constantemente. Mas tudo sempre foi para fotografar!
Por volta de março de 2014, meu Fiesta deu pau. Morreu mesmo e eu tive que comprar o primeiro carro que me foi oferecido. Foi um Renault gigante que eu chamava de ônibus rsrs. Três meses mais tarde eu consegui comprar um Ka da Ford, bem lindinho, então um dia, na minha folga David me pediu para ir com ele até o mecânico para buscarmos o carro dele. No caminho sofremos um acidente bizarro, uma pedra de concreto caiu de um caminhão que estava na minha frente e que por sorte rolou na estrada e pegou meu carro no meio, rasgando o carro por baixo. Meu carrinho lindo que tinha acabado de comprar foi perda total. Eu fiquei traumatizada, vi minha vida passar ali na minha frente, e eu ainda nem tinha feito 50 anos. O seguro providenciou um carro para mim até que eles me pagassem e eu pudesse comprar outro carro.
Foi aí que comprei um Ka conversível. Não era um carro ‘sensato’, mas juntando com o trauma do acidente ele foi perfeito para me inspirar a viver mais e me preocupar menos, um susto que me abriu os olhos para vida ainda mais!
Mas foi somente em Setembro que consegui tempo para fazer uma viagem com ele, e eu resolvi ir para Clovelly, uma vila de pescadores que fica no oeste da Inglaterra e quase fronteira com o País de Gales . E aí vocês me perguntam como que eu descobri esse lugar? Bem, no final do ano de 1993 eu e meu ex fomos passar uns dias na casa de um casal de amigos e no caminho ele resolveu parar nessa vila para me mostrar e mesmo no inverno o lugar era lindo e eu sempre fiquei curiosa de ver esse lugar no verão!
Então comecei a fazer minhas pesquisas e consegui vaga no hotel que fica bem no centro da vila. Então no dia, sai toda serelepe de manhã, com minha capota aberta, lencinho no cabelo, óculos escuros e meu iPod conectado no som do carro… e lá vou eu rumo ao oeste da Inglaterra. Um viagem longa, mas eu estava sem o mínimo de pressa, queria curtir todos os momentos. Esse lugar é bem interessante pois é uma vila privada e que pertence à familia Hamlyn, e fica encrustada nos morros que ficam na beira da praia, então a pessoa estaciona o carro no estacionamento da vila, entra na loja e se está só de passagem compra o ingresso para visitar a vila, se tem reserva de hotel o ingresso e o estacionamento estão inclusos.
Como eu cheguei por volta de 4 da tarde, já não tinha mais o land rover para descer com minha malinha. Não tem como carros entrarem nessa vila, o land rover dá a volta no morro e chega lá embaixo na praia. Bom, eu desci toda feliz, já de câmera em punho, pois nessa estradinha dá para ver o País de Gales, a desembocadura do rio Torridge e a casa da família Hamlyn. Quando você chega na vila e olha pra frente o ar sai dos pulmões, pois a beleza é tanta que falta ar. Aquela rua de paralelepípedo que já são bem lisos de tão antigos e no final o porto e o mar… meio que indescritível. Nessa rua tem de tudo: correio, pub, casas de moradores e até um museu.
Outra coisa interessante nesse lugar é que quando essa família recuperou essa vila do abandono , tudo era carregado por burros, vinha dos barcos e subiam na costas dos burrinhos. Não consegui encontrar exatamente quando pararam de usar os burrinhos, porém lá perto tem um ‘santuário’ dos burros e tem sempre burrinhos andando pela rua… eles são atração turística! Para descer com as cargas eles usavam uma espécie de trenó. Uns trilhos, com umas caixas e umas cordas, para controlar e hoje todo transporte de mercadorias, lixo, etc. para dentro e fora da vila é feito assim.
Eu então, cheguei no hotel, fiz o meu checkin e logo saí para aproveitar a luz e tirar mais fotos. Estava com fome pois não tinha comido nada desde o café da manhã, mas não adianta tentar restaurante nesses lugares depois das 3 da tarde pois fecha tudo e só abrem às 6. Comprei uns salgadinhos daqueles de pacote e enganei meu estômago até eu subir de novo. O mar me chamava pra eu tirar fotos! Quando subi de volta para o hotel já estava escurecendo, então entrei no pub que era vizinho do hotel e já fui pedindo ‘um pint’ ( o tamanho do copo que é de 0.568 L) de cerveja e pedindo meu jantar. Depois do jantar, sentei do lado de fora do pub e daqui a pouco chegam um monte de bombeiro, tinham acabado de fazer um treinamento e foram tomar umas e já viu né? Eu, as turistas e a mulherada da vila ficamos encantadas! Rsrs. Realmente um lugar muito pacato e que sentar ali na porta do pub fiquei em dia com todas as fofocas de lá!
No outro dia, tomei meu café, fiz o checkout do hotel e pedi na recepção para guardarem minha malinha pois eu ia ficar lá embaixo na praia até mais tarde. Foi ai que me ofereceram para levarem minha malinha no land rover e deixar lá na loja onde se compra os ingressos para entrar na vila. Então a moça me explicou: o pessoal do land rover, sai recolhendo tudo pela cidade para ser encaminhado. Por exemplo o pacote de cartas do correio, o lixo etc. Levam nos caixotes até lá embaixo e de lá o land rover sobe pelo caminho ao redor do morro, que só carro com tração nas quatro rodas aguenta subir e descer. Aí eu perguntei: e como ela vai saber que é a minha mala? E ela disse que não me preocupasse pois meu nome estava lá como no dia que estacionei o carro. Era só pedir a mala! E foi assim mesmo, quando cheguei na loja pedi a minha mala e ela já sabia qual era a minha, tinham umas 10 malinhas lá.
Dai fui passear de novo. Entrei no museu que achei bem interessante. Sai andando por algumas ruas laterais e observando as casas. Essas ruas laterais não eram grandes, às vezes só um atalho pra se chegar numa casa. Não dá pra se perder nem se esconder nesse lugar… rsrs. Quando cheguei na praia de novo fui fotografar do porto e lá vi uns pescadores voltando com lagostas e comecei a fotografar até que um pescador gritou bem alto, ‘ei você fotografando, você é casada?’ Eu respondi rindo que não era, então ele puxou um colega dele e disse: ‘então case com ele que lhe achou muito bonita!’ Eu ri demais, o cara ficou morto de vergonha.
Depois disso fui andar na praia, olhando para o mar, para a direita da vila, pois disseram que tinha uma cachoeira e falaram que era bonita. Disseram também que fazem passeios de lancha pelo mar para chegar na cachoeira, mas eu preferi ir andando e foi esse o meu arrependimento. Essa praia não tem areia, é so pedra, e eu estava de havaiana ou seja, não cheguei na cachoeira mas em compensação tirei lindas fotos de um lado da praia que não chega muita gente.
E essa foi minha primeira aventura oficial, com meu conversível e que foi um despertar para vida depois de um acidente no começo do mês do meu aniversário em que completei 50 anos de vida!
Portanto meus caros leitores, aproveitem cada momento de suas vidas. Quer viajar? Viaje. Quer comer aquela comida gordurosa? Coma. Quer usar sua melhor roupa em casa? Use. A vida é assim, aqui e agora!
Aída
Respostas de 13
O primeiro conversível ninguém esquece… Lindos lugares e paisagens! 👏🏼👏🏼☺️