“O trem que chega é o mesmo trem da partida”, já dizia o mineiro Milton Nascimento. Percorrendo o caminho do Velho Chico, de Minas Gerais para Alagoas, o atleta crossista Newton Amaral Franco Júnior, o Juninho, sempre teve um pé em cada um dos dois estados. Desde os nove anos de idade, de competições regionais por Minas Gerais ao Pan-Americano por Alagoas, coleciona vitórias, consagra-se entre os melhores velocistas nas bicicletas motocross (BMX) do Brasil.
Embalado com o filme E.T. O Extraterrestre, de 1982, do diretor Steven Spilberg, imaginou-se fazendo peripécias, como os personagens do filme. Quando ganhou do seu pai uma bike aro 20 BMX, logo mostrou seu talento. Em 1984, sagrou-se vice-campeão dos Campeonatos Mineiro e Brasileiro, nas corridas de BMX racing (bicicross). Obteve a vitória no Campeonato Brasileiro e no Circuito Minas/Nordeste/Distrito Federal, em 1985.
Em 1986, um trágico acidente vitimou seu pai, Newton Amaral (Bio), natural de Betim, Minas Gerais, seu maior incentivador. Com a sua mãe, Rosa Maria (Rosinha do Bio), pernambucana com origens em Alagoas, e seus irmãos, todos mineiros, migraram para a terra natal da família materna. Sua garra, sua determinação, sua vontade de vencer o acompanharam também.
Neste mesmo ano, a nova cidade não oferecia boas condições de treino. Com o apoio da família, do professor de Educação Física, Robson Moraes, que o treinou, e de bons patrocínios (Mahatma Vídeo, Concessionária Cycosa, Hotel Enseada, Prefeitura Municipal de Maceió e Fundação Alagoana de Promoção de Eventos), foi vencedor dos Campeonatos Brasileiro, Norte/Nordeste e Alagoano, em sua modalidade esportiva.
Determinado, competitivo, leal com a sua equipe e honesto com os adversários, qualidades apontadas sobre sua personalidade, além do riso fácil, de seu espírito desportivo e do imensurável amor ao ciclismo. Bem relacionado em Alagoas, torna-se um filho ilustre, promovendo a prática do esporte, com a sua perseverança e dedicação por tudo o que faz.
De 1986 até 1992, subiu ao topo do pódio dos Campeonatos Alagoanos. Com 13 anos de idade, em 1988, conquistou seus principais títulos, sendo o vencedor do Campeonato Brasileiro e do Pan-Americano, firmando-se como um dos mais hábeis pilotos da Fórmula de Bicicletas Motocross, BMX, do país. Em 1989, foi classificado para o Mundial, em São Paulo, teve problemas técnicos e terminou em 14° lugar; e em 1992, na Bahia, concluiu a prova na 12ª colocação. Em 1990 sagrou-se bicampeão da Copa Norte/Nordeste.
Ainda competindo, já nos anos 2000, foi campeão na modalidade Downhill, na escadaria de Carmópolis, em Sergipe. Participou de outras duas disputas em Minas Gerais e na Paraíba, sem bons resultados. Na modalidade Corrida de Aventura, que além da bicicleta mountain bike, tem de andar, correr, nadar, fazer canoagem, em provas longas, de 12 a 24 horas, foi Bicampeão Nordestino, como coringa na equipe Osbão.
O estudo o afastou das competições. Formou-se em Direito e Engenharia Civil, mas nunca abandonou os pedais. Pelo menos, dois dias na semana, pratica Mountain Bike, trilhas com média de 40 a 50 km. E, uma vez ao ano, faz expedição na Chapada de Lençóis (BA), trilhas de 600 km, em 10 dias, com altimetria de 10 mil metros, “muita subida”, sem guia, desbravando os caminhos.
Aos 49 anos, divide o tempo entre o trabalho, como engenheiro civil, a família e o esporte. “Tenho, hoje, seis bicicletas. Uma de downhill, uma de bicicross, duas de aro 26 e duas de aro 29. Tem uma de 26 que tem a garupa, levo nela minha filha para passear na praia”. Para ele, exercitar-se é essencial. Adrenalina, endorfina, serotonina, dopamina e ocitocina. O caminho da liberdade, da felicidade, do equilíbrio.