quarta-feira, 22 de outubro de 2025 – 15h37

Tensões políticas marcam canonização dos dois primeiros santos da Venezuela

Delegação do governo de Maduro e oposicionistas se manifestaram durante celebração
Foto: DanielIbáñez/EWTN

Tensões políticas nacionais dividiram os venezuelanos que estiveram presentes na canonização dos dois primeiros santos do país, José Gregorio Hernández e madre Carmen Rendiles Martínez. A celebração foi realizada pelo Papa Leão XIV, no domingo (19), na Praça de São Pedro, no Vaticano.

Uma delegação do governo venezuelano, encabeçada por Carmen Meléndez, prefeita de Caracas, e centenas de peregrinos do país latino-americano, estiveram entre as 70 mil pessoas que compareceram à canonização. No mesmo fim de semana, ativistas do movimento político de oposição “Vente Venezuela” participaram do evento.

O “Vente Venezuela” é liderado pela vencedora do Prêmio Nobel da Paz 2025, María Corina Machado. O movimento publicou em rede social sua causa para libertar centenas de homens e mulheres que são presos políticos. 

Os ativistas levavam cartazes, com foto das pessoas detidas pelo governo de Maduro, em que havia escrito “Libertem todos os presos políticos”. O protesto ocorreu no sábado (18), na Piazza del Risorgimento, em Roma, e na cerimônia de canonização, no domingo. 

Discussões entre governo e oposição

Na semana passada, o evento destinado a homenagear os dois novos santos, na Universidade Lateranense de Roma, foi marcado por uma discussão pública. O debate ocorreu entre o jornalista venezuelano, que cobre a Santa Sé, Edgar Beltrán, e o empresário venezuelano, Ricardo Cisneros, membro da delegação do governo venezuelano, presente na canonização. 

Em 17 de outubro, Cisneros interrompeu a entrevista de Beltrán com o substituto da Secretaria de Estado da Santa Sé, Edgar Peña Parra. Beltrán questionava Parra sobre a “aparente politização” das canonizações por parte do governo Maduro. O levantamento havia sido feito pelo portal católico The Pillar.

Repercussão internacional

Medidas antidemocráticas e violações de direitos humanos na Venezuela continuam a atrair, cada vez mais, a atenção internacional. Em janeiro deste ano, Nicolás Maduro tomou posse no terceiro mandato mesmo com os resultados das eleições presidenciais contestados pela oposição. Maduro nunca publicou as atas das urnas do pleito de 2024.

No início do mês, a líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado, recebeu o Prêmio Nobel da Paz. A ativista foi reconhecida por seu trabalho na “promoção dos direitos democráticos para o povo da Venezuela” e por “sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia”.

Posicionamento do Vaticano

Na segunda-feira (20), o secretário de Estado da Santa Sé, cardeal Pietro Parolin, pediu aos venezuelanos que respeitem os direitos humanos. A exortação ocorreu durante uma missa de ação de graças pelos dois santos, celebrada na Basílica de São Pedro, no Vaticano. “Criem espaços de encontro e coexistência democrática”, pediu Parolin

“Só assim, querida Venezuela, você poderá responder ao seu chamado pela paz, se a construir sobre os alicerces da justiça, da verdade, da liberdade e do amor”, disse, em sua homilia.

*Com informações do portal ACIDigital, em reportagem de Kristina Millare

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