Queridos Leitores,
Essa semana foi bem intensa para mim, por outro lado os fenômenos astrológicos que ocorreram, talvez tenham influenciado na paz de espírito e me deram luz para enfrentar a audiência.
Não quero falar disso agora mas por falta de tempo pois tenho que fazer minha defesa sozinha, então resolvi usar um texto que escrevi sobre Ricardo e sua vida no surf. Esse texto foi-me pedido para fazer parte de um livro com a coletânea de fotos e surfistas de Alagoas e como Ricardo não está mais por aqui eu escrevi e mandei, porém tem quase um ano e acho pouco provável que esse livro chegue a ser publicado.
Então, continuando na vibe de paz, harmonia e tranquilidade leiam um pouco mais sobre esse meu irmão que tanto me faz falta. Se gostarem, aproveitem para ir na Banca Revista e Cia, no shopping antigo Iguatemi para adquirir a copia do meu livro ‘De Repente o Céu!’ E conhecer mais ainda sobre ele.
Aí vai o texto:
Ricardo Barros de Britto
Ricardo Barros de Britto, mais conhecido como Ricardinho, nasceu no dia 12 de Junho de 1975, faleceu no dia 02 de Janeiro de 2007.
Desde pequeno Ricardo, ou o Rico como o chamávamos em casa, sempre teve um espirito aventureiro. Aos 4, 5 anos eu o ensinei a patinar e ele virou meu parceiro de patinação. Ganhava muitos prêmios de consolação…. Rsrs. Uma certa vez minha mãe foi nos assistir patinando no CRB e quando ele foi receber um desses prêmios minha mãe e meu pai testemunharam e ficaram horrorizados em ver ele subindo as arquibancadas de patins para receber o prêmio, então mamãe resolveu comprar um capacete pra ele. A patinação mudou de lugar, a diretoria do CRB não queria que fosse mais ali, então foi mudada para o Clube Fênix, onde eu virei ‘equipe de pista’ e ele ganhou o apelido de Formiga Atômica, pois era bem magrinho e o capacete dele era vermelho igual a formiga do desenho animado. Ele adorava esse capacete, que era capacete para prática de kart, mas como mamãe não sabia ela comprou assim mesmo. O importante era proteger sua cabeça…. Como parceiros nas competições eu o usava para fazer malabarismos, mas nunca ganhamos nada, mas o divertimento era demais.
Acredito que na mesma época ele começou a ter aula de tênis ali na Fênix também , e na categoria dele ganhou medalhas e até viajou pra jogar fora de Maceió. Meus pais só deixavam ele ir porque o cara que organizava era um senhor que morava lá no prédio e os filhos dele todos jogavam tênis. Fez também natação na Fênix, coisa que todos nós fizemos, pois pra meus pais era imperativo que soubéssemos nadar.
Suas aventuras na água começaram bem cedo… rsrs, lembro que quando ele tinha 2 anos e fomos almoçar no hotel Beira Mar no dia das mães, assim que passamos pela piscina ele se jogou na água que quem viu foram minha irmã e o cumim do hotel que pularam atrás dele. Coisa de segundos, e ele foi um expert em dar sustos na gente, e sair com um sorriso no rosto que ficava difícil de dar bronca.
Quando íamos passar o verão na Garça Torta ele me perturbava demais quando a maré tava cheia pra gente ir tomar banho de mar, ele era proibido de ir sozinho, mamãe não confiava nas ideias dele. E foram nesses banhos de mar que eu o ensinei a pegar jacaré. Como a gente se divertia… Mais tarde ele sempre gostava de ir comigo pro Francês, onde eu sempre me sentava bem longe dos bares, na parte dos surfistas e ele ficava pegando jacaré e eu o tratava como meu ‘escravinho’, ele e minha prima, que a gente dava dinheiro pra ir comprar refrigerante pra gente… rsrs pobres crianças! E foi assim que ele ficou conhecido como ‘Ricardinho irmão da Aída’. Quando apareceu o body board eu pedi um pra meus pais, mas devo confessar que eu achava muito difícil entrar no mar com a prancha e raramente eu usei, continuei pegando jacaré mesmo, mas ele quando ia comigo pro Francês entrava no mar com os surfistas que tomavam conta dele (será?) e ele ficava super feliz. E nos verões na Garça ele usava a prancha o tempo inteiro, e emprestava a prancha pra meninada da Garça que sempre brincavam com ele. Quando a maré tava baixa ele saia remando mais pro fundo, e ficava pegando umas marolas, bem na frente lá de casa.
Acho que já estava morando em Londres quando ele começou a surfar mesmo. Lembro que em 2001 eu passei o carnaval na barra de São Miguel e aluguei um carro pra poder ficar tomando conta de minha filha que queria pular o carnaval e eu pedi a ele pra aparecer por lá, pois eu não conhecia muita gente e minha filha passava o dia na rua com as amigas. Ele não me deu certeza pois queria aproveitar pra surfar. E no meio da tarde do sábado de carnaval ele chegou com prancha e tudo. Toda noite ele ia dirigindo o carro que aluguei com a garotada pra festa na praça. Ele gostava, pois eu bancava tudo pra ele, nunca deixou de ser meu irmãozinho. Nesse mesmo ano ele me fez ir pro Francês de madrugada, pra ele pegar o terral e eu fotografá-lo, no que eu reclamei, mas no fundo eu adorei. Não sei dizer se ele participou de algum campeonato de surf ou que tipo era a prancha dele, mas sei que ele não só surfava no Francês e nos outros points, mas o que ele mais gostava era o lugar na Garça onde ele ia de body board. Uma vez eu perguntei porque ele gostava tanto dali, ai ele disse: é porque é cheio de pedras e eu tenho que me concentrar pra não cair nelas! Então cheguei a conclusão que ele gostava mais de se arriscar e como prova disso ele conheceu um pessoal e se juntou a eles, o grupo “Cangaceiros” (não é um nome que me agrada , mas eles eram cangaceiros do bem).
Bom, esse grupo fazia tudo que era esporte radical, bungee jump, rapel, trilhas de bicicleta, etc. Tudo pela adrenalina. Uma vez fui vê-lo descer de rapel a ponte do Gunga, ele queria que eu descesse, mas eu não tive coragem e fiquei feliz de ver a felicidade dele.
Sentia-me um pouco responsável de tê-lo colocado nesse mundo de aventuras! Foi nessa época que descobri que agora as coisas tinham mudado e eu passei a ser a ‘Aída irmã do Ricardinho!’ Quando meus pais se mudaram pra nova casa da Garça, pouco tempo depois de sua partida eu pedi a minha mãe pra pendurar a prancha dele em alguma parede da casa, pois sua prancha pra mim simbolizava que ele ainda estava ali com todos nós!
É com muito orgulho e prazer que escrevo aqui um pouco da historia da vida de meu irmãozinho que morreu e não realizou o sonho de fazer uma nova aventura chamada ‘base jump’!
Aída, a irmã do Ricardinho!
17/10/23
Então é isso, fiquem com umas fotos, não muitas, e uma poesia !
Até a Próxima
Aída
Nas nuvens ele foi surfar,
E os anjos são sua plateia,
Sem perigo de se afogar,
E de não comer areia!
A adrenalina era sua meta,
Uma energia sem igual,
Com sua mente aberta,
De alegria e alto astral!
Até Deus quis conhecer,
Suas aventuras ilimitadas,
Que O fez nele crer,
No céu as pranchas são aladas!
Aída
03/10/24
PS: Essa é minha coluna No 70! Tinha que ser especial!!!
Respostas de 8
Aida , conheci vc ainda uma menininha, que em companhia de suas irmãs, formavam o que eu e as outras “ um pouco mais velhinhas “, apelidávamos de as “irmãs petralhas”, quando vcs, junto com seus pais, chegavam já bagunçando, em jacarecica p passar o dia na casa de Dr Cleantho. Meus pais, os seus, e mais alguns casais, formavam o “Zebra”, grupo onde a amizade verdadeira e alegria estava sempre presente. Já li seu livro e voltei p rever vários momentos , tbm tentando identificar os personagens. Muito bom seguir em pensamentos “através das letras” nas suas
memórias junto com Ricardinho, não deixa de ser uma maneira de tbm se sentir no céu e de encontrar tantos outros qto já se foram de nossas vidas. Obrigada Aida, seu livro vale super a pena de ser lido por todos aqueles que ainda estando por aqui, buscam um céu em sua pós vida!!
Eita Cilinha, estou rindo aqui… já tinha ouvido falar do apelido, mas era ‘metralhas’ 😂 éramos muito jovens para ser as irmãs Cajazeiras! A gente adorava pois seu pai e Macario nos ensinavam músicas ‘sujas’ …
Você não sabe a felicidade que eu sinto ao ler alguém recomendando meu livro! Melhor ainda é ler que é um conforto para quem está aqui! Obrigada Cilinha! 😘
Lindossss
Obrigada Fátima, adoro saber que você leu minha matéria! 😘
Coluna 70. Passou rápido, hein? É muito bom ler o que você escreve e ver o que fotografa sobre as aventuras que viveu com Ricardo. Mostra a amizade e o carinho que você tinha com ele e vice-versa. Mostra como vocês gostavam um do outro. Mostra como um completava o outro. Carne e unha. A metade da laranja. Alma gêmea. Faltava coragem em você? Ele tinha de sobra! Você tinha medo? Ele era radical. Era divertido. Você ria. Ele pulava. Você fotografava. Vocês eram felizes, cada um fazendo o que amava. Isso é o que importa. E foi assim. E será assim. Sempre.
Bjs
Musiquinha que lembra vocês dois.
https://youtu.be/rc7j7jul0qk?si=g1rVGC310zdYC0Tj
Sim Albino, minha alma gêmea, o bebezinho que só parava de chorar comigo, o meu irmãozinho que minha mãe usava quando eu ficava rebelde e ela dizia que ele precisava de mim ( teve uma época na minha adolescência que eu tentei me distanciar dele e só fez mal pra mim e pra ele) … mas eu precisava mais dele do que ele de mim, eu ensinei a ele a enfrentar os desafios, só que os desafios que ele arranjava era de gente doida… 😂 uma vez ele pensou em vir passar um tempo aqui comigo, e até hoje eu sonho em como teria sido… com certeza muitas aventuras e risadas! Brigada Albino, você sempre fiel! Fico feliz que você está gostado do livro! 😘
Que fidelidade e quanto amor.Muito bonito de se ver.
Obrigada Martha! Éramos cúmplices um do outro…aliás isso não acaba quando existe amor! 🥰