O jornalista português Sérgio Tavares divulgou, em suas redes sociais, que foi detido pela Polícia Federal, ao desembarcar no Aeroporto Internacional de Guarulhos, no domingo (25), para cobrir as manifestações pró-Bolsonaro, na Avenida Paulista, em São Paulo. O jornalista, que ficou detido por cerca de quatro horas, gravou um vídeo às 8h20, após a detenção, e afirmou que teve o passaporte apreendido pela Polícia Federal. Na delegacia para onde foi encaminhado, Tavares respondeu a questionamentos da PF. Às 11h23, em outra filmagem, relatou que havia sido liberado.
A Embaixada de Portugal atuou para liberar o jornalista e pediu explicações sobre o ocorrido. Em entrevista ao programa 4 por 4, no domingo (25), ele explicou a importância da embaixada no desfecho do caso. “Na minha opinião, a atuação da embaixada portuguesa foi fundamental, porque várias pessoas já me disseram que, se a embaixada não tivesse atuado, eu poderia não ter saído, ou, se saísse de lá, saia já horas tardias, de forma a não poder mostrar nada ao mundo e não fazer entrevistas”, avaliou o periodista europeu.
Sérgio Tavares acompanhou, nesta segunda-feira (26), a audiência no Senado Federal sobre a obrigatoriedade da vacinação contra Covid-19 para crianças. O jornalista retorna a Portugal ainda hoje. A detenção de Tavares repercutiu internacionalmente. Na rede social X, o jornalista norte-americano, Glenn Greenwald, e o perfil jornalístico Visegrád24 falaram do caso. O partido português Alternativa Democrática Nacional (ADN) publicou um comunicado no qual exigia intervenção das autoridades portuguesas e da Embaixada de Portugal.
A Polícia Federal divulgou nota sobre o ocorrido. A corporação alega que agiu dentro do “procedimento padrão”, “seguindo o protocolo regular de admissão de estrangeiros”, para averiguar se o “indivíduo”, como se referiu ao jornalista, possuía visto de trabalho para atuar no Brasil. A PF afirma que ”é falsa” a informação de que Sérgio Tavares estaria “indevidamente impedido de entrar no Brasil”. Segue nota na íntegra no final da matéria.
Tavares afirma que não foi questionado acerca do visto e que teria vindo ao Brasil como jornalista independente. “Era impossível eu ter visto de trabalho se eu vinha como independente, eu não tenho imprensa. Sou um cidadão livre. Eu venho como turista, tirar imagens da manifestação como cidadão livre. Não venho ligado a nenhuma empresa. Não poderia haver nenhum visto de trabalho”, explicou.
O jornalista disse ainda que, por orientação de seu advogado, manteve-se em silêncio acerca dos questionamentos da PF. “Tive apoio de um advogado […]. Ele me disse: ‘Sérgio, não fales, não fales. São assuntos muito sensíveis’. Eram assuntos relacionados ao 8 de janeiro, relacionado com Flávio Dino, Alexandre de Moraes e ditadura do Judiciário. Foram os termos, as perguntas que me fizeram. Eu não respondi”, contou.
O periodista europeu argumentou sobre a importância da cobertura in loco. “Como em Portugal não havia grande repercussão, não havia publicidade a esta manifestação, eu ia ser os olhos e os ouvidos de um continente inteiro praticamente. Até porque na minha transmissão, eu tinha contato de onze cidades, que iam também entrar na minha programação, desde Roma, Londres, a Espanha, Toronto, Washington, Nova Iorque. Portanto, eu vinha mostrar com muita força o que se vinha passar hoje, neste 25 de fevereiro”, concluiu.
Leia a íntegra da nota divulgada pela PF:
“Em relação ao vídeo que circula em redes sociais de um cidadão português alegando que foi indevidamente impedido de entrar no Brasil, a Polícia Federal informa que tal alegação é falsa.
A PF está conduzindo o procedimento padrão para avaliar a situação do indivíduo, verificando se ele está no país a turismo ou a trabalho e por quanto tempo pretende permanecer no país, seguindo o protocolo regular de admissão de estrangeiros. Tal indivíduo teria publicado em suas redes sociais que viria ao país para fazer a cobertura fotográfica de um evento. Todavia, para isso, é necessário um visto de trabalho, o que ele não apresentou.
Além disso, o estrangeiro foi indagado sobre comentários que fez sobre a democracia no Brasil, afirmando que o país vive uma ‘ditadura do Judiciário’, além de outras afirmações na mesma linha, postadas em suas redes sociais.
Vale ressaltar que as mesmas medidas são adotadas por padrão na grande maioria dos aeroportos internacionais.”





























