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Para explicar neologismos, nem sempre seremos compreendidos, entretanto, na busca constante para explicar o conjunto das coisas contidas no mundo, suas características peculiares, o humano lança mão de conceitos que buscam uma dimensão favorável ao entendimento da coletividade. Sendo este ensaio uma breve análise a cerca da vegetação adotada ou espontânea mescla de natureza e pensamento projetado, recorre-se a fusão do termo paisagem com o termo grafia. Prática recorrente aqui onde Arquigrafias; Monumentografias; Urbanografias; entre outros neo conceitos são lançados pelas âncoras do urbaNAUTA.

Sendo notória com seus jardins suspensos, ficou-nos a cidade da Babilônia. Contudo o observador atento, caríssimos leitores, percebe que as construções abandonadas sofrem a influência, pelo não cuidado, pela não visitação, da acelerada proliferação da vegetação dita ruderal. Promovida pelas operosas espécimes que nunca se afastam das cidades, seja pela oferta de alimentos, seja pela simbiose subliminar e sublimada com sucesso relativo por abelhas, morcegos, micuras, saguis, e aves diversas. São esses polenizadores que efetivamente disseminam as variadas espécies vegetais que grassam. E como grassam.

Todo arquiteto paisagista que se orienta pelos preceitos modernistas do Mestre Roberto Burle Marx, já encantado, atem-se as três escalas: 1) forrações; 2) arbustos e 3) árvores. São esses elementos vivos e sempre em expansão que são associados a pedras e minerais, madeiras, água, painéis, vitrais, cerâmicas e concreto visando a composição da paisagem, a sua grafia ou escrita. Pode-se construir o projeto paisagístico apenas com pedra e água, deixando que o sol e a lua façam seu protagonismo. Isso quando há planejamento. Pensamento e direção. Antes que deixe de anotar: o mobiliário urbano é consoante um apoio deveras interessante pois possibilita o conforto térmico e aproximação daqueles que farão usufruto do espaço.

Quanto aos desocupados imóveis, com regularidade denominados de vazios urbano, estes são possuídos pela força vital dos vegetais que se posicionam, que interessante, a nos mostrar que não existe regra de vácuo entre o vazio e a vegetação. Sai o uso do humano, entra a atividade expansionista daqueles realizadores da fotossíntese.

Toda construção costuma se apresentar em contrapontos ao espaço circundante: cheios x vazios; horizontal x vertical; construído x desocupado; interno x externo. E dentro dessa dicotomia os diálogos se estabelecem criando ações de permeabilidade ou troca. O espaço construído se apoia e conversa com o espaço vazio.

O Centro precisa de arborização! A Rua Augusta das árvores é o exemplo a ser replicado, com seus oitizeiros quase centenários, em todos os outros bairros da cidade de Maceió. O sombreamento e a refrescante sensação proporcionada nesta artéria, anteriormente denominada Rua Ladislau Neto. É o ponto almejado pelos transeuntes. Outro ponto a saber é a cuidadosa e perfeita prática da poda que não deve ultrapassar a própria razão da copa, deixando as árvores seus formatos distintos e peculiares.

Verde que te quero ver-te, nos umbrais, recuos, becos, afastamentos e quintais abandonados. Verde que significa siga! Verde cuja ordenação proporciona deleite aos sentidos, benfazejos sentimentos e benefícios.

Verdes preenchedores de ruínas, deitando ao espaço sua sagrada geometria. Espalhando seus galhos que agasalham, suas folhas que exudam, suas flores que embelezam e perfumam, seus frutos que alimentam, suas formas que surpreendem. A vegetação acolhe e abraça. Abracemos amigáveis leitores o mote da convivência salutar trazendo para todo e qualquer espaço o maior número possível de seres do reino vegetal, promotores de nossas existências, a quem sempre e muito, devemos.
Este ensaio é dedicado ao arquiteto e paisagista Alex Teixeira Barbosa.
Maceió das Alagoas,
terça feira, 14 de novembro de 2023
RCF.
Texto e fotos






























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Obrigado, caríssima Aída, pela observação e vivência que nos agracia com a certeza da necessidade de despertar nossa população para o uso intensivo da vegetação para amplificar a melhor qualidade de vida!
Seguimos aprendendo. Beijos.