quarta-feira, 24 de dezembro de 2025 – 11h22

ABL homenageia Cacá Diegues com ‘5x Favela, agora por nós mesmos’

Cineasta alagoano produziu filme e dirigiu um dos episódios da versão de 1962
Foto: Reprodução/5xFavela

A Academia Brasileira de Letras (ABL) vai homenagear o acadêmico e cineasta alagoano, Caca Diegues, falecido em fevereiro último. A entidade exibe o filme “5x Favela, agora por nós mesmos”, que teve produção de Cacá e de sua mulher, Renata de Almeida Magalhães. A película foi escrita e dirigida por jovens cineastas, moradores de favelas do Rio de Janeiro. Com entrada franca, o evento ocorre na quinta-feira (17), às 17h30, na ABL. 

Em 1962, Diegues dirigiu o episódio “Escola de Samba, Alegria de Viver”, o quarto dos cinco segmentos de “Cinco Vezes Favela”, obra fundamental do Cinema Novo. Os outros episódios contaram com direção de Marcos Farias, Miguel Borges, Joaquim Pedro de Andrade e Leon Hirszman. 

Já em janeiro de 2009, 603 moradores de favelas se inscreveram para participar das oficinas técnicas, promovidas por Cacá e Renata. Destes, 229 participaram da formação. Entre eles, 84 foram escolhidos para integrar a equipe técnica. No mesmo formato de cinco episódios, os temas de “5x  Favela, agora por nós mesmos” foram escolhidos pelos próprios alunos e desenvolvidos em conjunto.

O filme, que estreou em 2010, foi realizado com o apoio da CUFA, na Cidade de Deus; do Nós do Morro, no Vidigal; do Observatório de Favelas, no Complexo da Maré; do AfroReggae, em Parada de Lucas; e o Cidadela/Cinemaneiro, em várias comunidades ao longo da Linha Amarela. Luciano Vidigal dirigiu o episódio “Concerto para Violino”.

Na sessão de homenagem da ABL, serão exibidos ainda três curtas-metragens do projeto “Fazendo meu primeiro filme”. Os participantes da proposta aprendem técnicas cinematográficas e produzem curtas-metragens. A iniciativa é do Conselho de Cultura da Associação Comercial do Rio (ACRJ), com execução do Latin American Training Center (LATC).

Cinco episódios de “5x Favela, agora por nós mesmos”

1º) “Fonte de Renda”

O episódio “Fonte de Renda” conta a história de Maicon (Sílvio Guindane) que consegue passar no vestibular, mas logo encontra-se em situação difícil na hora de arcar com os livros, alimentação e transporte. Ele fica tentado então a começar a vender drogas para os estudantes da faculdade, para que assim possa pagar suas despesas.

2º) “Arroz e Feijão”

O episódio “Arroz e Feijão” conta a história de um pai que não tem condição de comprar comida variada e faz de sua refeição diária, com arroz e feijão, junto ao filho Wesley (Juan Paiva). No aniversário do pai, Wesley se junta com o amigo Orelha (Pablo Vinícius) para comprar um frango. Mas eles têm problemas com “pagamento”.

3°) “Concerto para Violino”

O episódio “Concerto para Violino” conta a história de três pessoas que, quando crianças, fizeram um pacto de amizade. Vinte anos se passaram, e Jota (Thiago Martins) foi para o tráfico de drogas, Ademir (Samuel de Assis) se tornou policial e Márcia (Cintia Rosa), uma violinista. Jota roubou algumas armas da cadeia, e Ademir ficou com a tarefa de encontrá-lo e devolver as armas.

4°) “Deixa Voar”

O episódio “Deixa Voar” conta a história de um garoto chamado Flávio, de 17 anos, que, quando chega da escola, vai soltar pipa, até que ele deixa a pipa de seu amigo cair na favela rival e precisa ir buscá-la. 

5°) “Acende a Luz”

O episódio “Acende a Luz” conta a história de um dia de Natal no morro. A luz tinha acabado e os técnicos da companhia precisavam de uma peça para consertá-la, mas os moradores não queriam deixar o homem descer do poste.

Elenco principal 

* Sílvio Guindane, como Maycon
* Roberta Rodrigues, como Renata
* Gregório Duvivier, como Edu
* Hugo Carvana, como Dos Santos
* Dandara Guerra, como Sofia
* Flávio Bauraqui, como Raimundo
* Thiago Martins, como Jota
* Cintia Rosa, como Márcia
* Márcio Vito, como Lopes
* Marcello Melo, como Alex

Sobre Cacá Diegues

Cacá Diegues foi o décimo ocupante da Cadeira 7 da ABL, eleito em 30 de agosto de 2018, na sucessão do acadêmico Nelson Pereira dos Santos. Foi um dos fundadores do Cinema Novo, ao lado de Glauber Rocha, Leon Hirszman, Paulo César Saraceni, Joaquim Pedro de Andrade, entre outros cineastas. 

Diegues dirigiu mais de 20 longas em sua trajetória profissional. Entre os mais premiados, estão “Xica da Silva” (1976), “Bye Bye Brasil” (1980), “Veja Esta Canção” (1994), “Tieta do Agreste” (1995) e “Deus é Brasileiro” (2003).

Além destes, assinou “Ganga Zumba” (1964), “Os herdeiros” (1969), “Joanna Francesa” (1973), “Chuvas de Verão” (1978), “Quilombo” (1984), “Um trem para as Estrelas” (1987), “Orfeu” (1999)e “O Grande Circo Místico” (2018), inspirado na obra do poeta Jorge de Lima.

Nome artístico de Carlos José Fontes Diegues, Cacá Diegues foi cineasta, ensaísta, roteirista e produtor brasileiro. Filho do antropólogo Manuel Diegues Júnior e de Zairinha, Cacá nasceu em 19 de maio de 1940, em Maceió (AL). Residente no Rio de Janeiro, Diegues faleceu em 14 de fevereiro de 2025, aos 84 anos, vítima de complicações cardiovasculares, ocorridas durante uma cirurgia. 

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