Na manhã desta quarta-feira (5), os alagoanos puderam prestigiar o evento em comemoração aos 120 anos de Arthur Ramos. O autor de “O Negro Brasileiro” foi homenageado com a palestra “Arthur Ramos, o Intérprete do Mundo”, promovida pela Academia Alagoana de Letras (AAL) e proferida pelo professor-doutor e membro da AAL, Fernando Antônio Gomes, na Casa Jorge de Lima, sua atual sede.
Em pouco mais de uma hora, o palestrante discorreu sobre aspectos de vida e obra do autor pilarense para uma plateia ilustre de convidados e de membros da AAL. Com a casa cheia, o público pôde conhecer mais da vida em família, dos anos de estudo na Bahia, do período no Rio de Janeiro, da passagem pela Unesco, a convite da Organização, de obras e influências daquele que é o pioneiro da psicanálise brasileira e fundador da Sociedade Brasileira de Antropologia e Etnografia (SBAE), autor de mais de 600 obras, entre livros e artigos.
Foto: Lula Castello Branco / Agência NC
O presidente da Academia Alagoana de Letras, Alberto Rostand Lanverly, falou dos objetivos da ALL na promoção de eventos deste porte. “Nos últimos meses e anos, o forte da Academia Alagoana de Letras é levar a cultura ao povo alagoano. Isso, de forma inconteste, temos conseguido com esforço de todos acadêmicos. E, mais recentemente, nós temos voltado a atenção para levar também algo que é muito importante, que não deixa de ser cultura, que é resgatar, cada vez mais, o nome de ilustres alagoanos, literatos, para que eles se tornem mais e mais conhecidos. Esse é o objetivo. Nós nos sentimos conscientes de que cumprimos a nossa obrigação e o nosso dever, levando a mensagem literária e cultural ao povo, dando informações interessantíssimas a respeito de Arthur Ramos”, explicou o presidente.
Rostand Lanverly destacou também a envergadura intelectual de Arthur Ramos. “Hoje foi o dia do grande pilarense, homem das Alagoas, homem que brilhou não somente no Brasil, mas no exterior, sendo inclusive conhecido como o ‘intérprete do mundo’, tendo em vista a sua luta para solidificar a sua área de trabalho, a sua área de estudo, que é o Arthur Ramos. O evento aconteceu na Casa Jorge de Lima, que é a sede da Academia Alagoana de Letras, com a presença de muitas pessoas, um nível cultural muito interessante dos que ali se encontravam. Uma palestra proferida pelo professor-doutor Fernando Gomes, hoje, sem sombra de dúvida, um dos maiores estudiosos sobre o Arthur Ramos, sendo antecedido por outros como Luitgarde, da editora Luitgarde, e o próprio Antônio Sapucaia, que pertenceu à Academia Alagoana de Letras “, avaliou.
Fernando Antônio Guedes pontuou a grandeza intelectual e a atualidade do pensamento de Arthur Ramos. “Eu vejo que o Arthur não é o resgate, o Arthur é atualíssimo. Ele precisa estar no contexto porque ele é muito presente no que nós fazemos no mundo. As questões da migração, os problemas que existem na Europa, o processo eurocêntrico que existe na própria Europa também, que ele já bradava. O racismo claro e evidente na sociedade brasileira, que teve uma dinamização e que está mais à mostra hoje. Tudo o Arthur já tinha delimitado. Não se trata de questões tão complexas sem generosidade. Não se trata questões tão diversas sem o entendimento de todas as partes. Sem olhar quem está de um lado e do outro, sem compreender o outro. É dever dos intelectuais, de quem tem acesso ao saber, fazer essa ponte”, afirmou o palestrante.
Estiveram presentes conterrâneos de Arthur Ramos numa comitiva de representantes do município de Pilar. Sérgio Moraes, que foi diretor da Casa da Cultura Professor Arthur Ramos, em Pilar, expressou o prazer de participar desta homenagem. “É um prazer estar aqui. Eu vim da terra de Arthur Ramos. Fui diretor de cultura da Casa da Cultura Professor Arthur Ramos durante 15 anos. E hoje vim prestigiar aqui esta palestra do professor Fernando Gomes, realizada e promovida pela Academia Alagoana de Letras, por meio de seu presidente. Eu quero parabenizar a excelente palestra sobre a história do nosso conterrâneo Arthur Ramos, médico, antropólogo, etnólogo, escritor, grande defensor do negro brasileiro. Para a gente, é uma alegria estar festejando aqui, na Academia Alagoana de Letras, os 120 anos de Arthur Ramos”, concluiu o diretor.
