O concorrido mercado editorial brasileiro ganhou mais uma empresa de peso. A Editora Matriz, sediada em Maceió (AL), abriu as portas em grande estilo, na terça-feira (18), no Armazém Uzina, no bairro de Jaraguá. Em noite de autógrafo, que reuniu 21 autores e nove ilustradores, para o lançamento de 25 títulos, o público pôde conhecer a nata da literatura infantil de Alagoas, reunida nas coleções Caralâmpia e Caralâmpia Mirim, e Literatura Matriz, que fazem uma homenagem à cultura, à história e às tradições alagoanas.
À frente da editora estão a jornalista Patrycia Monteiro Rizzotto, o executivo Henrique Ferrari e o designer gráfico Fernando Rizzotto. Patrycia explicou a seriedade com que a editora trata os escritores da Casa. “A gente criou essa editora com o propósito de manter uma relação de valorização dos escritores e dos profissionais criativos. A gente quer ter uma relação, assim, profissional, pagando os direitos autorais, levando o livro às mãos dos leitores, numa relação transparente, de valorização permanente dos autores que vão fazer parte da Casa, além desses aqui”, disse.
Rizzoto falou ainda do desafio do mercado editorial brasileiro. “Um grande desafio, mas é um desafio necessário que a gente precisa enfrentar, porque não dá para você dar um salto na educação do país sem passar pela valorização da leitura, pela retomada da leitura”. O principal foco das vendas são as escolas públicas e privadas para as quais a editora pretende levar os livros em larga escala, com vista a apresentar aos alunos os autores e as histórias de sua terra.
“Apresentar para o aluno, para o estudante alagoano, tanto as histórias de Alagoas, quantos os seus autores. Todos os livros que a gente vai lançar daqui para frente visam homenagear Alagoas, sua história, suas tradições, seu povo, porque a gente quer gerar também um sentimento de pertencimento nos leitores, nos jovens leitores de Alagoas. A gente quer que eles se reconheçam e descubram que Alagoas é um estado rico culturalmente e tem muitas histórias para contar”, complementou.
Da estreia à vasta experiência
A editora abraçou de escritores estreantes na literatura infantil a profissionais de carreira no gênero literário. O ator, diretor de teatro e narrador brasileiro, Chico de Assis, com longa passagem na dramaturgia brasileira, estreiou na literatura infantil com publicação pela Matriz. “Eu vejo que a gente está tomando o rumo que deveria ter tomado há muito tempo. Falar sobre as nossas coisas, as nossas histórias, nossos personagens, dá vida a isso tudo. Temos muitas histórias para contar. Alagoas é um estado que é referência na literatura no Brasil. Essa editora chegou para somar, está prestando grande serviço à cultura e à literatura alagoanas”, avaliou.
Sua obra de lançamento, “As aventuras de Liminha e Zumbinho”, traz ilustrações de Gabriel Oliveira. Assis destacou a importância de contar a história das terras alagoanas. “Eu escrevi esse livro. Na época, tentei publicação, mas não consegui. Foi feita uma adaptação para o teatro. A gente montou um espetáculo. E o roteiro para um filme. É uma história que pertence a Alagoas, ao nordeste, ao Brasil, que é a história da resistência da Serra da Barriga, do Quilombo dos Palmares. Objetivo não é colocar o livro como uma obra acadêmica. São os primeiros passos, entende? É uma coisa leve para a criança entender o que aconteceu lá”, ressaltou.
Já o escritor Tiago Amaral tem vasta experiência na literatura. O autor publica livros infantojuvenis desde 1998. Sua mais recente obra, “Filha da lagoa”, com ilustrações de Bruno Clériston, presta uma homenagem ao ecossistema que dá nome ao estado. “Eu já tinha escrito sobre o sertão, já tinha escrito sobre a zona da mata, sobre o mar, mas faltava a lagoa, que dá nome ao estado. Então eu juntei os elementos do bordado filé, com a lagoa, para contar a história de uma família, dos desencontros, dos reencontros, de uma forma a unir os extremos da capital alagoana, entre o mar e a lagoa”, contou.
Para o escritor, fazer parte da Matriz é a confirmação da força da literatura nos dias de hoje. “A Editora Matriz é uma confirmação de que a literatura está viva, porque é uma resistência. Fazer parte desse seleto grupo é uma honra. É fantástico, porque num tempo de telas, o livro para as crianças acaba ficando em segundo plano. Trazer para a vivência das crianças, do ambiente onde elas vivem, a cultura alagoana, a geografia alagoana, é uma forma de trazer as crianças para a produção literária. Porque o lúdico acontece nas páginas do livro”, afirmou.
