quinta-feira, 6 de novembro de 2025 – 09h29

Palestra reaviva memória de Aurélio Buarque de Holanda na manhã desta quarta-feira (20)

Proferida pelo Prof. Dr. Ricardo Nogueira, faz parte dos eventos comemorativos aos 105 anos da Academia Alagoana de Letras
Foto: LulacCastelloBranco
Palestra foi proferida no salão da Academia Alagoana de Letras Foto: LulacCastelloBranco

Onde se pode dizer que Alagoas seria esquecida de cultura? Que estado é berço de intelectuais sem precedentes no Brasil? Quem de todos os estudiosos das palavras faria do zelo a elas um dicionário inédito, que incorporou  brasileirismos e alagoanismos, amou a língua e respeitou o povo? 

Aurélio Buarque de Holanda, cujo nome se tornou o próprio título da obra, foi reavivado nesta quarta-feira (20), para a alegria do público, em palestra proferida pelo Prof. Dr. Ricardo Nogueira, na Academia Alagoana de Letras (AAL), em Maceió. 

“Do prazer de interrogar o mistério e da ânsia de conhecê-lo, sem perceber, comecei a amar as palavras, ferramenta do ofício das ideias”, explicou Aurélio. É no Novo Dicionário da Língua Português que o português do Brasil faz a sua primeira aparição. Inovador, incluiu os neologismos – brasileirismos e alagoanismos, sobretudo – privilegiando autores da terra. 

Com pesquisa profunda, institui a exemplificação de uso dos termos, por meio de escritores balizados, e amplia as acepções das palavras dicionarizadas. O verbo abrir, por exemplo, recebeu mais 100 acepções na obra, quando, até então, usufruía de apenas 30 nos dicionários vigentes.

A palestra  “O pitoresco em Aurélio Buarque de Holanda” faz parte dos eventos comemorativos aos 105 anos da Academia Alagoana de Letras. Ricardo Nogueira – membro da AAL, médico ortopedista, professor doutor da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e fundador da Casa da Palavra – explicou a escolha do nome de Aurélio para abrir as palestras da entidade sobre as figuras notáveis da intelectualidade e cultura alagoanas. 

“Escolhemos Aurélio Buarque de Holanda por ser um dos maiores intelectuais de Alagoas e o maior dicionarista da América Latina. Ele ficou na história justamente por isso, porque confeccionou esse dicionário, que é uma joia entregue ao povo brasileiro e à população mundial. O mestre Aurélio é digno de todas as homenagens, porque dedicou-se a vida inteira ao cultivo das palavras”, disse.

“Mestre sem mestre”, autodidata, que teve a sorte de desfrutar da biblioteca particular do tabelião José Bonifácio de Paula Cavalcanti, por questionar “Aqui em Porto Calvo existe biblioteca?”, ainda criança, ao chegar ao município do norte de Alagoas, com dez anos de idade. Ou quando encontrou o professor José Paulino de Albuquerque Sarmento, ainda em Porto Calvo, que ajuda Aurélio a aprofundar os conhecimentos da língua portuguesa, ensina a ele análise sintática e francês. 

Nascido em Passo de Camaragibe (AL), vive os primeiros 10 anos no município vizinho de Porto de Pedra, lugar que irá marcá-lo a ponto de, no discurso de posse da Academia Brasileira de Letras, afirmar: “Agradeço as paisagens sólidas e líquidas de minha terra. Lá, o luar caia de luz os humílimos casebres dos pescadores”.

Em 1923, chega a Maceió, aos 13 anos de idade. Adulto, faz parte das rodas literárias e intelectuais, e se torna, entre outras atribuições, diretor do Teatro Deodoro, para onde levou, ao salão nobre do recinto, a Biblioteca Municipal, criada por ele. No Rio de Janeiro, em 1938, é introduzido nos círculos intelectuais por Manuel Bandeira.

Radicado na capital fluminense, trabalha o Vocabulário ortográfico brasileiro (1969), o Novo dicionário da língua portuguesa (1975) e o Minidicionário da língua portuguesa (1977). Seu nome acabou por ser incorporado ao próprio título dos trabalhos, tornando-se referência das obras.

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