quinta-feira, 6 de novembro de 2025 – 07h28

A pergunta é: ‘Você confia no próximo?’

De repente, um mar de pressentimentos suspeitos
Ambulante, na contramão do trânsito, avança - Foto: LulaCastelloBranco/NC

O Instituto Ipsos entrevistou, em 2022, cerca de 22.500 pessoas, em 30 países, com uma única pergunta: “Você confia no próximo?”. Na média global, 30% dos entrevistados disseram “sim”. O Brasil segurou a lanterna. Apenas 11% dos brasileiros disseram ter confiança no outro. Mulheres e jovens se mostraram mais desconfiados do que homens adultos. Com tantos desconfiados, um voto de confiança para alguém faz toda diferença.

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) constatou que o índice de confiança mundial é, em média, de 25%. Os países ricos integrantes da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) alcançam 41%, enquanto os países da América Latina e Caribe amargam uma média de 12,6%, com o Uruguai com maior confiança, 21,08%, e o Brasil em último no ranking na região, com apenas 4,69% de brasileiros, dizendo confiar no próximo.

Em 2023, um levantamento do instituto Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec), numa escala de 0 a 100 pontos, em que 100 pontos é o grau máximo de confiança, constatou que os bombeiros receberam a maior pontuação do Índice de Confiança Social (ICS), entre 20 instituições, com 87 pontos. As escolas públicas ficaram com 67 pontos, e as Forças Armadas, com 66. O Congresso Nacional obteve 40 pontos, e os partidos políticos, 34, aparecendo no fim da lista.

O estudo do Ipec também avaliou o ICS entre pessoas e grupos sociais. A família ainda é o porto seguro dos entrevistados, dos brasileiros de um modo geral, com uma média, entre 2009 e 2023, de 91% a 81% de insuspeição. Em relação a amigos, de 70% a 64%; a vizinhos, de 61% a 58%; e, para brasileiros, a pessoas no cotidiano, de 60% a 52%. O que mostra que, nos últimos 10 anos, a população do Brasil está a cada dia mais desacreditada, chegando mesmo a deixar de acreditar em si mesma.

Os números são muito claros. Embora possa haver desconfiança em estudos e pesquisas a partir de grupos, que podem não definir uma realidade, em perspectivas gerais apresentam um panorama incontestável do cotidiano. E pensar que foi a união o que levou a humanidade a superar tempos sombrios, a construir as civilizações e, de repente, se depara nesse mar de pressentimentos suspeitos.

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