O empresário baiano Nelson Tanure contratou o banco francês Rothschild & Co para estruturar uma oferta de aquisição da petroquímica Braskem. A perspectiva é de que o documento seja apresentado de 15 a 20 dias e visa à negociação das dívidas da Novonor (antiga Odebrecht), maior acionista da mineradora, que detém 50,1% das ações com direito a voto. A informação foi confirmada pela Revista Exame.
A proposta de compra foi feita pelo fundo de investimento Petroquímica Verde, controlado por Tanure. De acordo com a Novonor, os termos estão sendo analisados. Devido à dívida de R$ 15 bilhões, as ações pertencentes à companhia estão dadas em garantia a cinco instituições financeiras, Bradesco, Itaú, Banco do Brasil, Santander e BNDES. Sem o aval desses bancos, a compra não poderá ser concluída.
De acordo com o portal Movimento Econômico, a proposta de Tanure contempla a permanência da Novonor como sócia minoritária, com uma fatia de 3,5% das ações, podendo chegar até 5%. O empresário também se comprometeu a manter o atual acordo de acionistas, firmado entre Novonor e Petrobrás. A estatal detém 47% das ações ordinárias da Braskem e 36,1% do capital total da empresa.
A dívida líquida da Braskem aumentou 25% no primeiro trimestre de 2025 em relação ao mesmo período do ano anterior, chegando a US$ 6,6 bilhões. “A intenção do empresário é buscar uma reestruturação que envolva redução do passivo, eventual participação acionária dos bancos e alongamento do prazo das dívidas, sem necessariamente adquirir a dívida total dos credores”, explica o Movimento Econômico.
Nelson Tanure
Nelson Tanure nasceu em Salvador (BA), em 1951. O empresário baiano, que vive no Rio de Janeiro, tem uma longa trajetória marcada por recuperação de companhias e envolvimento em grandes setores da economia nacional, como petróleo, infraestrutura e telecomunicações.
Sua reputação foi construída em torno da aquisição de empresas falidas ou endividadas, para transformá-las em ativos valiosos. Seu portfólio inclui participações em empresas como Oi, Gafisa, Light, Alliança Saúde e TIM Brasil, além de companhias no setor de petróleo e infraestrutura, fundos de investimento, como a Société Mondiale e a gestora WTN.
Braskem em Maceió (AL)
A mineração de sal-gema em Maceió, capital de Alagoas, foi responsável pelo afundamento do solo de cinco bairros da cidade: Pinheiro, Bom Parto, Mutange, Bebedouro e parte do Farol. Mais de 60 mil famílias tiveram de abandonar as suas casas no maior crime ambiental, registrado em área urbana do mundo. A Braskem atua no estado desde a década de 1970.
De acordo com a Defensoria Pública de Alagoas, além de apresentar indícios de afundamento do solo nas áreas Flexal de Cima, Flexal de Baixo e Marquês de Abrantes, que se encontram fora da área oficial de risco, um relatório aponta que foram detectadas movimentações de solo na Avenida Fernandes Lima, uma das principais vias de Maceió, que liga a parte baixa à parte alta da cidade.