O uniforme da delegação brasileira para os Jogos Olímpicos de Paris 2024 tem sido alvo de uma enxurrada de críticas nas redes sociais. As peças foram assinadas pela Riachuelo, em parceria com um time de empresas e marcas, junto ao Comitê Olímpico do Brasil (COB). Os players envolvidos na criação do traje se manifestaram à imprensa. O Ministério do Esporte (Mesp) soltou nota, esclarecendo não ter participação na escolha das vestimentas do Time Brasil. Os uniformes, que estão sendo comparados ao de outras delegações, serão usados nas cerimônias de abertura e encerramento das Olimpíadas, que terão início nesta sexta-feira (26).
Em entrevista à revista Veja, na quarta-feira (24), a diretora de marketing (CMO) da Riachuelo, Cathyelle Schroeder, esclareceu que o processo de elaboração envolveu diferentes profissionais e foi executado ao longo de dois anos. “Nossa política como empresa é ouvir e acolher. Esse trabalho envolveu diretamente cerca de quinhentas famílias, ao longo de dois anos, desde criação, costura, modelagem, corte, embalagem, transporte, controle de qualidade, bordado… Fizemos tudo com amor e paixão para fazer acontecer. Quando as críticas chegam, nosso papel é ouvir”, explicou Schroeder.
Questionada sobre onde está a brasilidade do uniforme, uma vez que, segundo ela, as peças têm de “representar bem o país”, destacou a exclusividade de cada jaqueta, bordada de forma artesanal, por costureiras do semiárido potiguar. “Cada jaqueta é única, foi bordada por uma pessoa diferente. São bordadeiras no semiárido nordestino, de uma minúscula cidade do Rio Grande do Norte, chamada Timbaúba dos Batistas, com apenas 2.300 habitantes. Foram oitenta mulheres trabalhando nisso”, enfatizou.
Já o presidente do COB, Paulo Wanderley, conversou com jornalistas, na quarta-feira (24), direto da França, e argumentou que as Olimpíadas são um evento esportivo e não um desfile de moda. “‘Não é Paris Fashion Week, são os Jogos Olímpicos. Então nosso foco está nisso. A gente sempre tem comentários excelentes, basta ver os vídeos dos próprios atletas nas redes sociais”, afirmou. E acrescentou que “cada um tem seu gosto e gosto realmente não se discute”, concluiu.
O diretor de marketing do COB, Gustavo Herbetta, por sua vez, assinalou que todo o processo de definição do uniforme teve participação e aprovação do Comitê. ”A gente, obviamente, participou de todo o processo de escolha desse uniforme, a gente aprovou com muito orgulho. Se precisasse, a gente aprovaria esse uniforme de novo. Traz sustentabilidade no material e elementos da moda parisiense, que algumas pessoas gostam mais, e outras pessoas gostam menos. Eu me recordo que quando a gente lançou o uniforme foi um sucesso absoluto, principalmente nas redes sociais”, destacou o CMO.
O Ministério do Esporte rebateu a informação de que teria confeccionado e fornecido os uniformes do Time Brasil. Em nota, disse que o COB é responsável pelo oferecimento das vestimentas. O órgão responde pelo programa Bolsa Atleta, que assiste a mais de nove mil esportistas brasileiros e atende a 88% dos atletas classificados para os Jogos Olímpicos 2024.
Segue a nota completa:
“É falsa a informação que o Ministério do Esporte (Mesp) seja responsável por confeccionar e fornecer kits de uniforme e equipamentos para a delegação brasileira que irá competir nos Jogos Olímpicos de Paris. O Comitê Olímpico do Brasil (COB) provê as roupas de viagens, desfile, cerimônia de abertura e dia a dia na Vila Olímpica para todos os atletas brasileiros. O COB também oferece os uniformes de treinos e competições das delegações de boxe, remo, levantamento de peso, tiro com arco, pentatlo moderno e canoagem. Já as vestimentas das demais modalidades ficam a cargo das confederações de cada esporte.
O apoio do Mesp se dá por meio do Bolsa Atleta, um programa contínuo de apoio financeiro mensal, que nesta edição das olimpíadas, contempla 88% dos 276 atletas classificados. Somente em 2024, são mais de 9 mil esportistas beneficiados pelo Governo Federal.
O Bolsa Atleta, considerado o maior programa de incentivo esportivo do mundo, acaba de completar 20 anos e neste mês, passou por reajuste de 10,86%, depois de 14 anos com valores congelados. Desde sua criação o programa já investiu mais de R$ 1,5 bilhão em mais de 37 mil atletas nacionais. As categorias partem de Atleta Base até Atleta Pódio, com bolsa de até R$ 16 mil por mês.
O Ministério reitera que se mantém comprometido em apoiar e promover o desenvolvimento esportivo e a participação dos atletas brasileiros, concentrando suas principais ações em áreas diretamente ligadas ao incentivo e ao suporte ao esporte nacional.”