Segundo dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), 78,2% das famílias brasileiras relataram ter algum tipo de dívida no mês de maio de 2025, uma alta de 0,6 pontos percentuais em relação a abril. O endividamento aumentou em quase todas as faixas de renda, mas a classe média – famílias que recebem entre 5 e 10 salários mínimos – é a mais pressionada e com maior dificuldade para pagar as contas.
O relatório foi divulgado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O patamar de dívidas, no entanto, é inferior ao de maio de 2024, quando essa parcela correspondia a 78,8% dos lares. Apesar disso, entre aqueles que têm dívidas em atraso, 12,5% afirmaram que não têm condições de pagar. No mês equivalente do ano passado, esse número foi de 12%.
“Apesar de o percentual de endividados ter ficado abaixo do registrado em 2024, o avanço na inadimplência evidencia um aumento da fragilidade financeira das famílias. O crédito precisa ser acessado com responsabilidade. Garantir o equilíbrio entre endividamento e capacidade de pagamento será fundamental para o crescimento do País”, afirma o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros.
Um dos dados que mais chamam a atenção na pesquisa é a redução do tempo das dívidas. O número de famílias com compromissos de mais de um ano recuou pelo quinto mês seguido, alcançando 32,8%, o menor índice desde junho. Em contrapartida, houve crescimento nas faixas de curto e médio prazos, o que aponta maior adesão a formas de crédito com vencimentos mais próximos.
Entre os tipos de crédito utilizados, o cartão de crédito permanece como a principal modalidade, sendo mencionado por 83,6% dos endividados. Contudo, houve recuo em relação a maio de 2024. Os carnês voltaram a se destacar e aparecem na segunda posição (17,2%), seguidos pelo crédito pessoal (10,6%).
Dívida maior entre os homens
Outro dado de interesse é que a dívida e a inadimplência cresceram entre pessoas do sexo masculino. Por mais um mês, o aumento das dívidas foi mais intenso entre os homens, chegando a 78,2%, ultrapassando o patamar 77,9% do período equivalente em 2024. Entre as mulheres, o índice permaneceu 78,1%. Em relação à inadimplência, o público masculino também liderou o avanço, com 29,6%. As mulheres apresentaram queda, com 29,2%.
Contraponto positivo
O cenário apresenta um contraponto positivo: o comprometimento da renda com dívidas deu sinais de melhora. O percentual de famílias que destinam a elas mais da metade do orçamento caiu para 19,7%, o menor nível desde julho de 2023. A média dos rendimentos familiares comprometidos também recuou e agora é de 29,8% do total dos ganhos.
*Com informações da CNC