terça-feira, 8 de julho de 2025 – 04h31

União Europeia, Reino Unido e mais 14 nações contestam eleições na Venezuela

Resultado que confere a reeleição a Nicolas Maduro está sob escrutínio de países em todo o mundo
Vitória de Nicolás Maduro está sendo considerada duvidosa por vários países no mundo - Foto: X/NicolásMaduro

Nações livres de todo o mundo contestaram o resultado das eleições na Venezuela. Sem a apresentação das atas por colégio eleitoral e mesa de votação, a União Europeia, o Reino Unido e mais 14 países mantêm sob escrutínio o anúncio de vitória de Nicolás Maduro à Presidência do país, proferido pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE).

Líderes e representantes se manifestaram ao longo dos dias após as eleições realizadas no domingo (28). A tensão cresceu dentro da própria Venezuela, com a oposição apresentando boletins eleitorais que atestam a vitória de Edmundo González, candidato concorrente de Maduro à eleição.

Contestaram o resultado declarado pelo CNE, as seguintes nações:

Estados Unidos – secretário de Estado, Antony Blinken
União Europeia – vice-presidente, Josep Borrell Fontelle
Reino Unido – Ministério das Relações Exteriores
Chile – presidente Gabriel Boric
Alemanha – Ministério das Relações Exteriores
Argentina – presidente Javier Milei
Uruguai – presidente Luis Lacalle Pou
Espanha – ministro das Relações Exteriores, José Manuel Albares
Itália – vice-primeiro-ministro, Antonio Tajani
Equador – presidente Daniel Noboa
Peru – ministro das Relações Exteriores, Javier Gonzalez-Olaecha
Colômbia – ministro das Relações Exteriores, Luis Gilberto Murillo
Guatemala – presidente Bernardo Arevalo
Panamá – presidente José Raúl Mulino
Costa Rica – presidente Rodrigo Chaves
Portugal – Ministério dos Negócios Estrangeiros

Rússia, China, Irã, Honduras, Bolívia, Cuba e Nicarágua parabenizaram Maduro pela reeleição. Por meio do Ministério das Relações Internacionais, o Brasil saudou a eleição da Venezuela e disse aguardar a publicação das atas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em entrevista  à TV Centro América, filiada da Rede Globo em Mato Grosso, disse que não houve “nada de grave” ou “de assustador” nas eleições venezuelanas.

Veja as principais declarações dos representantes de diferentes países:

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, afirmou que o país tem “sérias preocupações de que o resultado anunciado não reflita a vontade ou os votos do povo venezuelano”.

Josep Borrell Fontelles, vice-presidente da Comissão da União Europeia, afirmou que, depois de o povo da Venezuela votar sobre o futuro do país de “maneira pacífica e massiva”, “sua vontade deve ser respeitada”.

“É vital assegurar a total transparência do processo eleitoral, incluindo a contagem detalhada dos votos e o acesso às atas de votação das mesas eleitorais”, disse Fontelles.

O Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido afirmou em nota que o país está preocupado com as alegações de irregularidades nos resultados das eleições. “Pedimos a publicação rápida e transparente dos resultados completos e detalhados para garantir que o resultado reflita os votos do povo venezuelano”, postou na rede social X.

O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, disse que o país se junta à rejeição generalizada em relação ao resultado eleitoral. “Esperávamos que a vontade popular fosse respeitada, e essa situação foi desconsiderada. Agiremos individual e coletivamente em favor da democracia venezuelana. Anunciaremos as medidas que tomaremos de acordo com as regras interamericanas nas próximas horas”, afirmou Mulino.

O presidente do Chile, Gabriel Boric, diz que é “difícil de acreditar” na vitória de Maduro e que o Chile não reconhecerá nenhum resultado “que não seja verificável”.

“A comunidade internacional e sobretudo o povo venezuelano, incluindo os milhões de venezuelanos no exílio, exigem total transparência das ações e do processo, e os auditores internacionais não se comprometem com o governo na conta da veracidade dos resultados”, escreveu Boric.

O Ministério das Relações Exteriores da Alemanha disse em nota que “os resultados eleitorais anunciados não são suficientes para dissipar as dúvidas sobre a contagem dos votos” e pediu a publicação dos resultados detalhados de todas as seções eleitorais e o acesso a todos os documentos de votação e eleitorais para a oposição e os observadores internacionais.

O presidente da Argentina, Javier Milei, disse, antes dos resultados das eleições, que a Argentina não vai reconhecer “outra fraude” e que espera que as Forças Armadas, desta vez, “defendam a democracia e a vontade popular”.

“Os venezuelanos escolheram acabar com a ditadura comunista de Nicolás Maduro. Os dados anunciam uma vitória gigante da oposição e o mundo aguarda que reconheça a derrota depois de anos de socialismo, miséria, decadência e morte”, escreveu Milei.

Maduro respondeu, chamando Milei de “bicho covarde”, “traidor da pátria” e “fascista e nazista” em seu discurso após os resultados.

O presidente do Uruguai, Luis Lacalle, também criticou os resultados: “Não é assim! Era um segredo aberto. Eles iam ‘vencer’ independentemente dos resultados reais. O processo até o dia da eleição e a contagem estava claramente com falhas. Não se pode reconhecer um triunfo se você não pode confiar nos formulários e mecanismos usados para alcançá-lo.”

Ministro do Exterior da Espanha, José Manuel Albares, afirmou que a vontade democrática dos venezuelanos deve ser respeitada “com a apresentação das atas de todas as mesas eleitorais para garantir resultados plenamente verificáveis”.

“Pedimos que se mantenham a calma e civismo com os quais transcorreu a jornada eleitoral”, disse Albares.

“Tenho muitas dúvidas sobre o desenvolvimento regular das eleições na Venezuela”, afirmou o vice-primeiro-ministro da Itália, Antonio Tajani, que exigiu “resultados que possam ser verificados”.

O Equador também rejeitou a falta de transparência nas eleições, que, segundo comunicado do governo, deslegitima e compromete o resultado do pleito.

“Em toda a região, há políticos que tentam se agarrar ao poder e que pretendem tirar a paz dos nossos cidadãos. É isso que enfrentamos, esse é o perigo da ditadura, e hoje somos testemunhas de como mais um deles tenta tirar a esperança de milhões de venezuelanos”, disse o presidente equatoriano Daniel Noboa.

Outro país da América Latina, o Peru, também garante que não aceitará “a violação da vontade popular do povo venezuelano”, segundo o presidente Javier Gonzalez-Olaecha. “Condeno em todas as extremidades a soma de irregularidades com a intenção de fraude cometida pelo governo venezuelano”, disse.

O ministro das Relações Exteriores da Colômbia, Luis Gilberto Murillo, pediu a contagem total dos votos e uma auditoria independente.

“Após manter contato permanente com todos os atores políticos envolvidos nas eleições presidenciais, consideramos essencial que as vozes de todos os setores sejam ouvidas. É importante esclarecer quaisquer dúvidas sobre os resultados. Pedimos que a contagem total dos votos, sua verificação e uma auditoria independente sejam realizadas o mais rápido possível”, disse Murillo.

O governo da Costa Rica rejeitou “categoricamente” a proclamação de Nicolás Maduro como novo presidente da Venezuela, “a qual consideramos fraudulenta”. “Trabalharemos com os governos democráticos do continente e com organizações internacionais para que a vontade sagrada do povo venezuelano seja respeitada”, disse nota do governo.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal disse ser necessária a “verificação imparcial dos resultados eleitorais na Venezuela”. “Só a transparência garantirá a legitimidade; apelamos à lisura democrática e ao espírito de diálogo”, afirma o órgão em nota.


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