É muito comum, na fala despreocupada e cotidiana, pronunciarmos os ditongos como vogais simples. Isso não constitui um problema, mas é mais um mecanismo de transformação e evolução da língua atuando.
Quando ouvimos dizer tôro, ôro, côro, cadêra, frêra, fêra, secretára e outras tantas, que ainda tradicionalmente são escritas: touro, ouro, couro, cadeira, freira, feira, secretária, vemos atuar um fenômeno começou no latim antigo e continua até hoje nas línguas latinas, suas herdeiras (ou herdêras, rsrsrsrsrs).
A prova de que a monotongação atuava na passagem da palavra latina para a portuguesa veremos nestes exemplos: a palavra latina pauper virou pobre em português. Note que o ditongo latino au virou o no português; aestivus virou estivo e estio… Isso era um processo que operava do latim para o português, mas que ainda ocorre em nossos dias. É o processo vivo da vida da língua. O movimento e a evolução só param com a morte!
As línguas evoluem por simplificação, não por complicação. O português é o fruto mais bem acabado da simplificação do latim. Mas as similaridades são tantas e tamanhas, que Camões chegou a afirmar que: “E na língua, na qual quando imagina, / Com pouca corrupção crê que é a Latina” (Lusíadas I,33).
Assim, meus caros leitores, a língua está viva, e por isso, seu organismo carece de mudar para poder seguir vivendo.
Uma resposta
É deslumbrante poder ler uma explicação fora do comum. É simplesmente gratificante. É perceber que fomentar a cultura é seduzir à libertar-se da ignorância. Parabéns por construir tal imprescindível iniciativa.