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segunda-feira, 14 de outubro de 2024 – 09h34

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DOMINGOS DO ABRIMENTO

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Tomando como exemplar referência a rua fechada aos carros na Ponta Verde em dias de domingo para oferecer lugar aos cidadãos, visitantes e outros. Proporcionando assim uma ousada dinâmica de posicionamento e ocupação coletiva dos espaços públicos.

Ao circular no Centro, amigáveis leitores, nos apercebemos da quantidade de opções que existem ao alcance do caminhante: lojas, lanchonetes, templos, cartórios, restaurantes, teatro, praças, correio, produtos de variada gama de admiradores, profissionais liberais, museus, bibliotecas, instituições, repartições, órgãos, artigos para diversos usos e gostos, alimentos, prestadores de serviços, além da circulação de notícias, fatos, causos, contos e crônicas. O Centro se faz a cada novo dia, mas, apenas, diuturnamente.

Ocorre que, com a paulatina retirada dos moradores, o esvaziamento da área central ficou exposto aos domingos, feriados e durante o período noturno. Esse hiato na ocupação talvez nos conduza, bravos urbaNAUTAS, a alguns reflexivos pensamentos: de que modo o conjunto de fatores que geraram o atual quadro se deram e de que forma geracional e espontânea ocorre ainda. De que forma essa perspectiva pode ser modificada, se é que pode. Em quanto tempo esse quadro pode ser revertido e quanto poderá custar.

Em primeira e rasteira análise, toda situação pode ser promovida, alavancada, se e somente se, for apoiada desde a concepção do planejamento até sua consignação e permanência. Até com o monitoramento e a correção de possíveis desvios de percurso que eventualmente possam atravessar toda e qualquer rota traçada. Imaginamos um roteiro que possivelmente não tenha ainda sido adotado, mesmo que provavelmente seja cogitado em qualquer momento ou lugar. Abertura ou ampliação de horários de funcionamento, sazonais ou perenes, visando ocupar o vácuo das espacialidades durante o período noturno e aos finais de semana.

Sendo o Centro o democrático espaço de todos, absolutamente todos. Porque deixá-lo vazio? O espaço é uma condição da existência; elucidar espaços é missão dos arquitetos e urbanistas, por prerrogativas inerente a profissão. Mas, não é só destes, senão de todos a missão de existir e, existir demanda espaços, circulações e encontros. Isso assim posto, como primordial linha mestra do enunciado deste ensaio, vislumbramos a criação de faculdades, cursos técnicos e profissionalizantes no ambiente da área central durante o turno noturno. Jornada que pode promover o currículo dos comerciários e comerciantes, fomentando o importante modo de residir no Centro, trabalhando e estudando. Diminuindo sobretudo os grandes deslocamentos.

Outra possibilidade que somaria forças a este tipo de raciocínio, será a abertura aos domingos com programações exclusivas e direcionadas às famílias, colocando as crianças, jovens e maduros em sintonia com a nossa identidade local em passeios aos museus, visitas guiadas aos templos, prédios institucionais e bibliotecas transformando com o caráter da diversão informativa, inoculado o pensamento cultural e solidário. Os mais variados artistas dispersos nos cruzamentos das vias das cidades se juntariam em oficinas remuneradas pelas parcerias público privada se traduzindo em salutar convívio. As faculdades de arquitetura trarão suas aulas sobre patrimônio histórico diante das construções mais significativas em palestras interativas e consoantes.

Os teatros conseguirão trazer programações curtas que se repetirão a cada meia hora para captação de plateia, atores e autores. Em festejadas matinés. Escadarias vazias servirão de assentos para conversão em novos anfiteatros e alternativos espaços para exibição da música adequada. Fotógrafos e modelos protagonizarão espetaculares e inéditas produções.

O Centro para quem acorda cedo, o Centro para quem dorme tarde, o Centro para quem faz acordos, o Centro para quem não dorme no ponto. O Centro que não fecha. Não mais oferecendo ruas desérticas nas noites, domingos ou feriados; senão verdadeiro celeiro de atividades econômica e correlatas, o Centro para o empreendedor e mais do que isso, volto a repetir, o espaço definitivamente democrático. Atmosfera de acolhimento e de abrigo. O Centro de milhões de possibilidades. O Natal se avizinha e com ele o aumento de vagas de trabalho. Tratemos de tirar os proveitos e proventos possíveis necessários experienciando novas abordagens de funcionamento.

O Centro para quem contempla e muito comenta. O sonho possível, aquele que sonhado em conjunto vira negócio de todos. Do trabalho sério e consistente perpetrado com solene estratégia de afetuoso e salutar convívio. O Centro de onde não se sai. O Centro da permanência. O Centro é a sua e a minha casa, o Centro para nos dar asas da imaginação.

Maceió das Alagoas,
terça feira, 31 de outubro de 2023

RCF.
Texto e fotos

Respostas de 6

  1. Robertinho, o seu artigo vira uma crônica: cada idéia de ocupação do centro em todas as suas possibilidades foram criando imagens de um filme belo. Ver o centro fervilhando, música, teatro, crianças, programações culturais! Que belo artigo é que grande sonho! Espero que algum Prefeito tenha alcance para enxergar essa possibilidade de ocupação desse grande vazio!

    1. Obrigado, Silvana! Comentário sensível que reforça o conjunto de ideias possíveis para a crescente estabilização de área tão importante.
      Oxalá haja esse comprometimento! Abraço fraterno.

  2. Sim concordo com o Eduardo e torço para que suas ideias venham a ser realizadas! Como o nome já diz o centro é centro e perto de todos ! Adorei 🥰 as ‘Delícias do Cemtro’! 😘

    1. “Com pouco em pouco tempo pode-se alcançar muito e mais”.
      Por muitas ideias coletivas, Aída, e delícias para todos os gostos e gastos!

  3. Totalmente em acordo com o colunista, venho a ser até entusiasta das idéias colocadas em pauta. Por um centro ressurgindo, da atitude humana e vislumbrando as noites agradáveis que, com certeza serão geradas ali. Com suas ruas e praças maravilhosas, e precisando apenas de atitudes dos nossos governantes, que priorizam as regiões praianas, o turismo, bem como nós moradores maceioenses, poderemos explorar as “delícias do centro”. Aguardamos ansiosamente que esse momento memorável aconteça… 👏👏👏

    1. Belo e elegante reforço, Eduardo, adotaremos o mote “Delícias do Centro”; até a lua que se encontra no pleno, aceita como justa a contemplação partindo do Centro!
      Abraço fraterno, amigável leitor e brilhante comentarista!

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