*Os nossos tempos, são outros: a Rua que homenageia os pescadores pelo santo, São Pedro, que era de terra é já recoberta pelo calor rebatido do asfalto. A drenagem pluvial apareceu sem contemplar na totalidade. A Casa está lá. Dialoga diretamente com a praça e a capela. Seria arraial? A Casa já presenciou. Já assistiu. Já protagonizou. É a Casa da Arte. Na Garça Torta.
Da pesca artesanal, aos professores universitários que passaram a se instalar e transformar em moradias bem construídas e bem transadas, a praia pareceu durante décadas um lugar onde o tempo parecia não passar tão rápido.
Situada na parte norte do litoral de Maceió, a praia de Garça Torta, foi primeiramente uma comunidade de pescadores e paulatinamente ocupada por casas simples de veraneio. O morno Atlântico e suas inúmeras piscinas recortadas por arrecifes, reforçados pela proximidade do coqueiral foram fazendo a história idílica do local. Desde a década de 1960 a 1970 pessoas de outras localidades e cidades começaram a residir no local. Ocupando inclusive os lados da pista que une Maceió a Paripueira.
Artistas e músicos foram atraídos pelo charme e a privacidade. O consagrado Djavan é um dos habituées.
A proximidade deste bucólico sítio favorece o acesso.
Ladeada por Guaxuma e Riacho Doce, regiões onde a especulação imobiliária demorou a se chegar.
Reduto de intelectuais, artistas e profissionais liberais, sempre haverá a certeza de um bom papo e eventuais aprendizados. O espaço requer atenciosa colaboração com a sustentabilidade.
No meio, há uma casa de taipa que cumpre há mais de cinquenta anos o protagonismo idealizado por sua fundadora Edna Constant, a Casa da Arte uma feliz junção de galeria de arte, espaço de oficinas e palestras, e arte educacional.
A arquitetura singela próxima ao mar com cobertura de telha capa e canal, enseja o vernáculo de nosso vocabulário arquitetônico espalhado com bons resultados pela costa de nosso morno e transparente Atlântico.
Após a partida de Dona Edna, seus filhos Tito Mendes e Ana Constant, mantêm o legado com o apoio de netos e bisnetos.
Uma Casa de acolhida, ideias e projetos.
Por ali já passaram muitos talentos das Alagoas e de todos os lugares do mundo. Em individuais ou coletivas.
Pela Casa da Arte, muitos passarão.
Estive recentemente visitando o acervo permanente, no começo deste março findador do verão que apesar das águas insiste nos altos graus centígrados, é um adorável e interessante panorama por ambientes seletos e temáticos, urdidos de forma inteligente e sóbria. Um primor.
Convido a todos, estimados urbaNAUTAS, a fazer um périplo pela Casa e após, visitar escolhendo entre os muitos espaços gastronômicos disponíveis. Será uma experiência incrível e compartilhada em ótimas companhias.
A Garça Torta é uma celebração das cerebridades. Recomendamos como estímulo aos mais variados sentidos.
Maceió, Das Alagoas,
terça feira, 19 de março de 2024
Este ensaio é dedicado a louvação de São José, pela passagem do dia dedicado ao Santo Carpinteiro.
Dia de plantar milho no Nordeste do Brasil.
Fotos: RCF
Texto: RCF
Respostas de 4
Que saudade da garça de minha infância, de minha adolescência, de minha vida adulta e da garça que meus pais tanto adoravam!
Foi a garça que nos reaproximou , e apesar de não ter mais nada lá, tenho minhas lembranças que sempre ficarão comigo! Adorei 🥰 😘
Obrigado pela amizade e fraternidade, querida escritora e colega articulista, Aída, o seu frescor é a cara da Garça Torta, com suas muitas nuances.
Eu acho que aqui em alagoas deveria existir homenagens a artur de lira, collor jhc renan renzinho e tantos outros político alagoanos. EEsses que são exemplos miseráveis e desgraçados para o Brasil.
Aí amigo Márcio, dessas artes que você fala… não entendo muito bem…