A CPMI do INSS iniciou os trabalhos, desta quinta-feira (16), com a votação dos 11 requerimentos para convocação de José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Frei Chico é vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi). A base governista se articulou e negou, por 19 votos a 11, a oitiva do sindicalista na comissão.
O Sindnapi é a terceira principal entidade sindicalista, investigada nas fraudes contra aposentados e pensionistas. O sindicato é alvo da Operação Sem Desconto, da Polícia Federal (PF), com apoio da Controladoria-Geral da República (CGU). Frei Chico não faz parte das apurações da PF. O sindicalista não apareceu nos relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que apontavam as atividades suspeitas.
A comissão também adiou a análise de requerimentos de quebra dos sigilos fiscal, bancário, telemático e envio de relatórios do Coaf, de Carlos Lupi, ex-ministro da Previdência Social. Os pedidos também estavam na pauta de votação, mas foram retirados, no início da reunião, após acordo entre governistas e oposição. A retirada foi anunciada pelo presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG).
Para a base do governo, a convocação de Frei Chico seria uma estratégia para atingir o presidente Lula. A orientação de votação contra a convocação foi do líder do governo, no Senado Federal, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP). “Não tem materialidade, não tem fato concreto, então eles içam alguém para tentar colar a imagem do presidente Lula”, disse a senadora Eliziane Gama (PT-MA).
Já a oposição entende que a negativa da convocação é uma forma de blindar o presidente da República. “O silêncio faz muito barulho. Por que os deputados que vão orientar contra querem o silêncio do Frei Chico? O silêncio tem muito a esconder”, disse o deputado federal Luiz Lins (PL-RJ).
O Sindnapi é investigado por descontos associativos não autorizados de aposentadoria e pensões do INSS. A entidade teria recebido mais de R$ 600 milhões, entre 2008 e 2025. Na quinta-feira (9), o sindicato foi alvo de nova fase da Operação Sem Desconto, que apura o esquema bilionário de fraudes na Previdência Social.
Na terça-feira (14), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça, determinou o bloqueio de R$ 389 milhões, em bens e valores, da entidade. O sequestro atinge as contas do atual presidente do Sindnapi, Milton Baptista de Souza Filho, conhecido como Milton Cavalo, e o espólio do ex-presidente do sindicato, João Batista Inocentini, falecido em 2023.
