sexta-feira, 17 de outubro de 2025 – 23h44

Boneca Xandoca: o encanto do carnaval e os apelidos de infância

Folhetim
Um tipo de boneca gigante de carnaval - Foto: ArquivoPessoal

Toda criança aguarda ansiosa pelo dia 12 de outubro, dia de presente, de festa, de comemoração. Comigo não era diferente. Ganhar presente antes do Papai Noel chegar era bom demais. Diferentemente das outras meninas, nunca fui muito chegada às bonecas. Pular corda, avião, esconde-esconde, pega-pega eram mais a minha praia.

Boneca do meu agrado era a Xandoca. Vinha no carnaval acompanhando um bloco da Ponta da Terra. Bichona grande, cabelos loiros, braços longos e um belo sorriso no rosto. E, já íamos nós, caindo na folia, juntinho com a Xandoca. Sempre fui uma das mais altas da turma do bairro e daí, vez por outra, em meio uma discussão, ou um desentendimento qualquer, vinha à comparação: “sai daí, Xandoca”, “irmã da Xandoca”. 

Por vezes, a resposta era um safanão no desafeto e uma cara feia, que não durava muito, nada levado muito a sério. Naquela época, os apelidos não causavam discórdia entre amigos, ou brigas desastrosas entre famílias, e judicialização, por meros deboches em brincadeiras de crianças, como acontece hoje, com o famigerado “bullying”. Quem nunca teve um amigo que, até hoje, não sabe o seu nome, só o conhece pelo apelido?

Atrás do bloco da Xandoca ia eu, o macaxeira, a quatro olho, o cabeção, a sarara, o ferrugem, o olho de jipe, o bola. Nos divertíamos fazendo o passo: entra em rua, entra em beco, sai na praça. Na inocência de ser criança, a grande magia daquela boneca era nos fazer sonhar em ser grande na vida, como ela. 

A Xandoca alegrava nossos dias carnavalescos. Nossa imaginação infantil não alcançava como acontecia a magia daquela boneca, animada e tão bela, para nossos olhos e sonhos. Andando junto com o estandarte do bloco, ela era o destaque especial. Nós, seus coadjuvantes no mela-mela, na animação, na algazarra sadia de mais um carnaval inocente e sempre animado pela amizade que nos unia.

Ainda hoje, aquela grande boneca me encanta e me faz admiradora dos mestres, que têm a capacidade inventiva e as mãos habilidosas de transformar personagens e personalidades nesses gigantes. Eles fazem a nossa alegria e a fantasia de brincar o carnaval, acompanhando essas figuras, junto com a gente nos blocos.

Os bonecos gigantes do carnaval de Maceió – Foto: ArquivoPessoal

Mestre Netinho e Mestre Prego

Descobri que o criador da Xandoca foi o Mestre Netinho (Manoel Feitosa Neto), pai do querido Mestre Prego (José Hilton Feitosa). O carnavalesco foi um pioneiro, em Alagoas, na confecção de bonecos, com a técnica de papel machê. 

Criando gigantes de mais ou menos 3 metros de altura, Mestre Netinho deixou o legado, que o filho, Mestre Prego, leva adiante, com o bloco “Bonecos da Cidade”.

Os bonecos de carnaval continuam encantando as crianças e animando os adultos de todas as épocas.

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