Laços de Meninas!

Queridos Leitores,

Espero que tenham gostado de minha coluna da semana passada, foi curtinha pois foquei na poesia e queria mostrar também que aventuras podem acontecer até sem sair de casa é só ter um pouco de imaginação! Devo confessar que fiquei receosa de perder meus leitores que gostam de colunas mais longas.

Hoje porém teremos aventura, poesia, fotos e tudo que vocês gostam e eu me deleito em contar. É uma aventura internacional, do outro lado do ‘lago’, como dizem os ingleses e para mim também foi o mais oeste que fui no mundo! A aventura de hoje foi em San Francisco na Califórnia, em 2019!

Não sei se já mencionei por aqui que Fevereiro é o mês mais frio do inverno, pelo menos aqui na Inglaterra e eu sempre gosto de viajar nesse mês pois as passagens ficam bem baratas, inclusive passagens para New York.

Pois bem, em 2019 eu tinha umas férias para tirar e escolhi ir visitar minha prima que mora em New York, uma cientista proeminente e que em sua infância foi uma das minhas parceiras de aventura junto com meus irmãos, principalmente Ricardo. Para mim é sempre emocionante estar com ela, a gente volta ao tempo com nossas conversas do fundo do baú!

Enquanto eu acertava com ela minha ida para New York, ela me disse que em fevereiro tem um feriado por lá que chama dia do presidente e que o marido dela ia levar as filhas para esquiar e que nós podíamos ir para Las Vegas, porém mudamos de ideia quando começamos a ler sobre como são as condições climáticas no Grand Canyon e resolvemos não arriscar. Minha sobrinha ainda não morava lá. Resolvemos então ir para San Francisco e como nós duas nunca estivemos naquelas bandas dos Estados Unidos ficou acertado de fazermos essa aventura.

E lá fomos nós, as primas Barros em mais uma aventura, como nos velhos tempos. Eu cheguei lá num dia, dois dias depois já fomos para a Califórnia. Não me perguntem sobre tempo, meu horário já tinha voltado 5 horas, agora ia voltar mais ainda, então já viu né, tudo parecia um sonho, e eu ficando mais nova….rsrs.

Logo na chegada chamamos um Uber cujo motorista era um brasileiro que já foi dizendo que o tempo em San Francisco (agora estou falando de clima) é como o tempo em Londres, muitos dias brancos, muita chuva, muito vento mas também tinha sol! Então logo pensei que não tinha levado o meu casacão nem tão pouco Marininha e ficamos preocupadas, mas depois pensamos: nós vivemos em duas cidades super frias, não vai ser o frio da Califórnia que vai nos assustar.

Fizemos nosso check in no hotel e logo fomos passear na orla. Vou dizer, não estava preparada para ver tantos mendigos, mesmo que o Uber tenha avisado. A Califórnia é um estado que importa moradores de rua (viciados em todo tipo de drogas) em troca de mais dinheiro do governo federal para assistência social. Sinceramente não sei se vale a pena. Mas continuamos a andar e chegamos na orla. Aquele cheiro do mar encheu nossos pulmões. Só quem cresce perto do mar sabe o que é o cheiro do mar, e para nós ficou ainda mais aguçado pois já saímos de nossas cidades litorâneas fazem muitos anos. Paramos num restaurante para almoçar, na verdade a essa altura de ter mudado de fuso duas vezes eu não sabia se era almoço, jantar ou café da manhã.

Antes de entrar no restaurante nós vimos uma pessoa na calçada, com uma mesa vendendo pimentas, e na placa que ela tinha estava escrito que se alguém quisesse experimentar qualquer das pimentas tinha que assinar um termo de responsabilidade , ou seja, não eram pimentas normais eram pimentas para os fortes… rsrs Como sou leiga, perguntei a minha prima que é médica se pimenta pode matar, e ela disse que sim. Na mesa do lado da gente no restaurante tinham uns brasileiros que ouviram a gente falar das pimentas aí um deles apontou pro outro e disse que ele experimentou uma pimenta fraca e quase desmaiou, agora imagine a forte!

Depois de comer continuamos andando e aos poucos nos aproximando do Pier 39, o pier mais turístico e ao nos aproximar ouvíamos os murmúrios, gritos, barulho dos leões-marinhos que nos atraiu para chegarmos mais perto e enquanto eu fotografava a gente começou a observar o comportamento deles e dizer: aquele ali é o chefe, aquele dali não gosta do chefe. Tinham dois brigando e o terceiro separando a briga a gente disse que ele era o policial, e assim ficamos ali rindo das besteiras que a gente estava falando e curtindo não só os leões-marinhos mas o pôr-do-sol também.

No dia seguinte, Marininha tinha marcado com um casal amigos dela para irmos tomar café num local bem no centro (downtown) da cidade, e de lá esse casal ia nos levar para passear! O dia estava ensolarado, e eu fiquei super feliz. O Alex estava experimentando uma câmera nova que ele tinha comprado e nós logo nos entendemos muito bem pois fotografia sempre é um dos assuntos que mais gosto de conversar. A esposa do Alex , a Elsa, uma pessoa super querida e também logo gostei dela. A nossa primeira parada foi no museu de arte moderna de San Francisco. Eu adorei, mas eu estava num pé e outro para aproveitar que estava um dia ensolarado e a Elsa também!

De lá eles nos levaram para um bairro chamado ‘Mission’, um lugar totalmente encantador. Tem esse nome pois era nele que tinham as missões religiosas dos latinos. Não podemos esquecer que a Califórnia era território Mexicano. Tudo nessa área lembra o México. Fomos almoçar num dos melhores restaurantes mexicanos, melhores em termos de sabores autênticos mexicanos e de lá fomos andar pelas ruas e apreciar os grafites, numa exposição a céu aberto. Naquela época eles estavam lutando para manter o bairro. O governo queria fazer ‘melhorias’ ou seja, tornar o lugar inacessível para seus moradores e a população mexicana do lugar ter que ir para a periferia. A maldita gentrificação. Tirei muitas fotos e até comprei uma lembrancinha de lá pois achei a arte daquele lugar muito parecida comigo, cheia de cores e alegria! No final do dia, sentamos num bar, beliscamos um pouco e bebericamos um monte, menos a Elsa que estava de motorista! Depois que eles foram eu e Marininha entramos em outro bar e bebemos mais, porque a Califórnia tem esse efeito nas pessoas e quando não se tem mais energia natural para estar alegre o álcool é a solução!

Eu sou o tipo da pessoa que não gosta de dormir quando estou viajando, pois fico ansiosa para ver tudo, ter mais experiências e me sentir parte do local. Uma coisa que notei é que assim que chegávamos no hotel, Marininha entrava no mundo dela das ciências e começava a trabalhar no laptop. Então a solução era tirar ela de dentro do hotel… rsrs. E foi assim no dia seguinte. Logo cedo fomos tomar café da manhã num ‘diner’. Ela bem saudável e eu chutando o pau da barraca… ela foi de açai e eu de panquecas nadando na manteiga e no ‘maple syrup’! De lá caminhamos até o local para pegar o bonde e ir para o parque Golden Gate.

Esse famoso bonde de San Francisco que aparece em filmes, não é somente turístico, mas uma maneira mais prática e rápida de andar numa cidade que é praticamente só ladeiras… A fila é sempre enorme nesse ponto, pois é dele que os turistas pegam o bonde para fazer exatamente o que a gente ia fazer…. Andar nesse bonde também dá uma idéia geral da cidade que parece ser até uma cidade cenário de tão linda que é.

E finalmente chegamos no parque, e assim que chegamos lá embaixo, Marininha que tinha trazido as roupas de ‘correr’ na bolsa, arranjou um local para se trocar, eu fiquei com a bolsa e ela foi embora. Eu estava ali para fotografar e continuei andando em direção à ponte. Lindos cenários, uma atmosfera leve. Alguns surfistas saindo da água. Namorados caminhando de mãos dadas até que eu vi num lugar com umas árvores, uma mulher linda, lindamente vestida com um vestido tipo toga, azul e segurando , o que me parecia ser, uma bíblia na mão. Me aproximei e comecei a falar com ela que me recebeu com um grande sorriso no rosto. Perguntei o que estava acontecendo, então ela me explicou que estava ali esperando um casal chegar e que ela ia celebrar seu casamento. Os noivos estavam atrasados! Brincamos nos perguntando se eles ainda iam querer se casar… Depois de jogar um pouco de conversa fora pedi a ela para fotografá-la e expliquei que era para mim, uma pessoa apaixonada por fotografia que queria registrar aquela visão, ela ali esperando os noivos! Ela quis contestar dizendo: mas os noivos não chegaram ainda, então eu respondi, eu estou interessada em registrar esse momento de você vestida de azul, com um sorriso no rosto pronta para celebrar o amor de duas pessoas! Então ela entendeu e ficou ali de pé do jeito que a encontrei fiz as fotos, agradeci ela me apontou os noivos chegando, aí eu disse: agora você é deles! E fui embora! Parece uma cena de filme? Eu achei que parecia e me senti dentro do meu filme, do filme da celebrante e do filme dos noivos!

E Marininha correu, e eu continuei a andar, e ela deu meia volta e enquanto eu continuava fotografando ela tinha ido até depois da ponte e voltou! Contei para ela da mulher e ela não acreditou, então mostrei as fotos! Aí ela disse: você é igual ao Tio Fernando sempre querendo saber das estórias! Eu ri porque meu pai era assim mesmo, conversava com todo mundo e ficava sabendo de tudo. Ela arranjou outro banheiro e foi trocar de roupa depois caminhamos mais um pouco no parque. Dali fomos numas ruas que só tinha brechó e nos deleitamos com tudo. Teve um casaco que me apaixonei mas era muito pequeno para mim, tentei fazer Marininha comprar o casaco que ficou perfeito nela, mas ela achou que não usaria pois era muito colorido para o estilo dela. Andando por ali ouvimos música dentro de um bar e entramos para curtir um pouco e descansar. Dentro do bar parecia noite, mas era dia lá fora… rsrs

Voltamos para a praia e ali quando estávamos no pier 39 começou a chover, bem como o Uber falou, é sim bem parecido com o clima de Londres. Compramos guarda-chuvas e depois pegamos um Uber para o hotel, e advinha? Eu deixei meu guarda-chuva novinho no Uber…

Tomamos banho nos aprontamos pois Marininha tinha combinado de ir na casa de outro casal amigos dela que moravam numa cidade ali perto e nós fomos jantar na casa deles. Do local em si não vimos nada, mas a casa que eles moram eu fiquei de queixo caído. Para quem já mora aqui há anos quando vou para o Brasil sempre acho tudo muito espaçoso, agora o conceito de espaçoso nos Estados Unidos é bem diferente de qualquer lugar que eu tenha conhecido…. Era uma casa de classe média, mas tinha espaço de um palácio…. Comemos bem e pra variar bebemos melhor ainda… vinho californiano é muito bom!

No nosso último dia na cidade resolvemos ir a Sausalito, um linda cidade que fica do outro lado de San Francisco, pra quem vai de carro atravessa a Golden Gate mas nós fomos de barco pois foi a única chance que tivemos de passar por perto de Alcatraz, a prisão de segurança máxima que nunca devia ter sido prisão, por sua localização privilegiada em relação à cidade de San Francisco. Hoje ela não é mais prisão, e é possível visitá-la. Como uma pessoa que gosta de fotografar eu gostaria de ter ido, e até tentamos, mas acredito que seja um passeio meio que deprimente só em pensar nas coisas e pessoas terríveis que andaram por ali!

Em Sausalito, nós já cansadas vimos tudo por ali, passeamos, conversamos, agora duas mulheres, mas duas meninas que sempre foram companheiras uma da outra, e aquele momento de estar ali num lugar novo para nós duas foi impressionante e o melhor de tudo foi saber que mesmo seguindo caminhos bem distintos em nossas vidas as duas mulheres ainda tem seus laços de meninas bem apertado!

Deixo vocês para curtirem as fotos e as poesias!

Até a Próxima!

Aída