Para abrir esta coluna, achei por bem considerar um modo de falar, que embora não seja uma exclusividade dos alagoanos, é muito difundido entre nós: a palatalização. Que vem, pois, a ser palatalização? É a mudança por que passa um som em determinadas situações.

Para ficar mais claro, é um exemplo desse fenômeno, o som “t” ser pronunciado “tch” em uma situação linguística específica.

As formas mais comuns são aquelas que nos são empurradas de goela abaixo pela grande mídia, em sua maioria, do Sudeste brasileiro, em que numa palavra como dia, esse ditongo ia que segue o d, muda-lhe o som dental em um som palatal, isto é, fazendo a língua ir para o céu da boca (palato, não confunda com algum comércio, por aí), sendo a palavra pronunciada djia. O mesmo se dando com a palavra tia, em que o mesmo ditongo palataliza o som t, fazendo a palavra ressoar: tchia.

Esse fenômeno não é estranho à língua portuguesa, é uma herança do latim. Na língua dos romanos, por exemplo, havia a palavra hódie, note que havia um ditongo após o d, isso palatalizou-o, fazendo soar: hodje, que evoluiu no nosso hoje, mas, a título de exemplo, em italiano, hódie virou oggi, que se pronuncia ôdji.

No Nordeste brasileiro, é ainda comum a palatalização, por um processo um pouco diferente, mas não menos digno do que aquele que acontece no Sudeste. Por aqui, o processo se dá preferencialmente quando o ditongo vem antes da consoante.

Muitas vezes ouvimos um sonoro e musical eitcha!, em que o ditongo ei, vindo antes do t, serve a palatalizá-lo. Na mesma linha estão as palavras: oitcho, prefeitcho, perfeitcho dentre outras.

Este texto não visa lançar um juízo de valor sobre o falar do Sudeste, mas pretende tão somente, mostrar que dizer um eitcha não é algo desonroso ou “matuto”, mas é um processo fonético que faz parte da língua.

Valorizemos o nosso falar!