Pesquisadores do Établissement Français du Sang (EFS), o serviço público de sangue da França, descobriram um novo tipo sanguíneo, identificado em uma única pessoa, moradora da ilha de Guadalupe, região ultramarina francesa. Por este aspecto biológico, a mulher, de 68 anos de idade, só seria compatível consigo mesma. Agora, os cientistas buscam outras pessoas com as mesmas características. A equipe pretende iniciar a busca entre doadores de sangue de Guadalupe.
A descoberta científica foi apresentada no congresso da Sociedade Internacional de Transfusão de Sangue, em Milão, em junho deste ano. O novo tipo sanguíneo foi chamado “Gwada negativo”, em homenagem ao local de nascimento da mulher. A exclusividade já tinha sido identificada em 2011 quando ela havia se submetido a exames pré-cirúrgicos, em Paris, local onde residia na época. Os resultados laboratoriais não conseguiram determinar o tipo de sangue ou alguma correspondência a ele.
O caso ficou arquivado por oito anos, devido à falta de meios científicos suficientes para determinar a causa. Em 2019, os pesquisadores utilizaram tecnologias de sequenciamento genético de alto rendimento para reexaminar o sangue da mulher. Nos dois anos seguintes, a equipe sequenciou todo o genoma, isto é, o conjunto completo de material genético. Os resultados levaram à descoberta de uma mutação no gene PIGZ, que altera a forma como as proteínas se fixam à superfície das células sanguíneas dela.
O sistema clássico de tipagem sanguínea ABO, descoberto pelo biólogo austro-americano, Dr. Karl Landsteiner, em 1901, identifica se as pessoas têm um, ambos, ou nenhum dos antígenos, conhecidos como “A” e “B”, em suas células sanguíneas. O segundo sistema de grupo sanguíneo mais conhecido é a classificação Rh, que considera se suas células são “positivas” ou “negativas”, para um antígeno chamado fator Rh.
As combinações dos sistemas ABO e Rh geram os oito principais grupos sanguíneos existentes. No entanto, existem dezenas de sistemas de grupos sanguíneos menos conhecidos. Destes, 45 foram reconhecidos pela Sociedade Internacional de Transfusão de Sangue (ISBT, sigla em inglês), em 2024. A “Gwada negativo” foi aceito como o de número 48.
